Capítulo 20: Distância

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É bizarro como tudo pode mudar em pouco tempo, em uma semana com dois paredões seguidos Lumena e Nego Di se despediram, mas honestamente isso foi o de menos. Até alguns dias atrás nunca me imaginaria nessa situação. Tudo parece bem na superfície, mas consigo sentir que tem algo errado. Sarah e Gil já não me tratam como antes, as brincadeiras antes tão comuns quase não existem e consigo sentir que eles têm falado de mim.

Não escutei nada, então não posso confrontá-los, mas minha intuição não cansa de me avisar, que as conversas interrompidas quando eu chego e olhares sugestivos quando eu falo algo não vem à toa. Nenhum dos dois parece feliz com meus posicionamentos, ou com o fato de eu ter uma opinião e não seguir o pensamento de manada deles.

Por mais de uma vez, Sarah tentou me expor de alguma forma, seja falando do meu relacionamento com Bil ou então me jogando pra cima do Rodolffo e depois incitando ciúmes no Bil. Já tentei conversar com ela sobre isso, mas Sarah sempre faz a egípcia. Sempre se coloca como vítima e eu como a amiga ciumenta vendo coisa onde não tem. O pior de tudo que sinto que isso tá me afastando do Bil, já tentei conversar, mas não adianta, Arcrebiano não parece disposto a realmente me ouvir.

Apesar de tudo isso me fazer muito mal, mantenho a compostura aqui não é lugar para desmoronar, não de novo. Sinto falta deles, de como eles me tratavam principalmente o Bil. Não tenho medo de ficar sozinha, isso seria difícil, mas sei que consigo. O que não quero é ver tanta gente que eu gosto dando tiro no pé.

Meu limite é quando Bil entra de fato na onda do pensamento da manada. E ainda por cima insiste para que eu entre também, como se eu fosse obrigada a fazer isso.

— Você não acha que deveria pelo menos considerar o que eles estão falando? — Microbiano fala depois de Sarah e Gil saírem um pouco revoltados comigo por ter defendido Carla de novo.

— E eu não considero por acaso? — Respondo um pouco mais nervosa do que gostaria. Não é a primeira vez que ele puxa a conversa para esse lado, me pergunto o que eles têm falado de mim para ele quando não estou por perto.

— Claro que sim, mas... — Consigo ver que ele tá impaciente, e odeio estar nessa posição de novo. Por que ele não consegue perceber que eu só quero ajudá-lo?

— Então pronto, não sei por que a gente ainda tá falando sobre isso, Bil. Não é como se você fosse escutar o que eu tenho a dizer. — Dói dizer isso, mas não me sinto mais ouvida por ele. Não queria que nossa primeira briga fosse por causa da merda desse programa, mas parece que não tem jeito.

— Eu não te escuto Juliette? O que a gente tá fazendo agora? — Bil levanta um pouco a voz e agora pronto se o público quer D.R. é o que ele vai ter, porque não aguento mais guardar isso pra mim.

— Agora, né? Mas e todas as conversas que param quando eu chego? Sei que não partem de você, mas você tá sempre lá, Bil, e não me conta nada. Você mudou comigo, não sou idiota, nem doida.

— Eu não mudei com você. — Bil fala e eu faço que não com a cabeça tentando segurar as lágrimas. Sério que ele vai mentir para mim? Sei bem o que vi e senti.

— Não mente pra mim. Mudou sim você sabe que mudou. — Falo olhando bem nos olhos e ele abaixa o rosto antes de continuar.

— Tudo bem, Ju, talvez eu tenha mudado um pouco, mas não por não gostar de você. Te adoro, Jujubs, tá e não chora por minha causa por favor. — Bil diz limpando algumas lágrimas do meu rosto e me abraçando.

— Eu só tô preocupado com sua situação no jogo, você não sabe quanto, Ju. Ultimamente eu mal durmo, por isso tenho insistido tanto. Não quero que você seja...

— O quê? Excluída? Mais do que já tô sendo? — Respondo um pouco mais alto do que gostaria, mas sem me exceder.

— Você não tá... — Sério que ele vai mentir de novo?

— Arcrebiano!

— Tudo bem talvez um pouco, mas é só porque você não concorda com a maior parte das coisas que a gente pensa. — É quase como se eu ouvisse o Caio.

— A gente ou você, Bil?

— Os dois. — Abaixo a cabeça sem acreditar como faço para acordar ele desse transe?

— E eu não concordar torna certo os cochichos? O afastamento? Tenho me sentido tão sozinha, Bil. E tá tudo bem de verdade, se for isso que você quer e os outros também, mas gostaria que viessem falar comigo antes de tirarem conclusões precipitadas e eu ter que ficar percebendo que não sou bem-vinda o tempo todo.

— Você é bem-vinda, Ju. Isso não mudou. — Bil fala fazendo um carinho no meu braço e eu queria tanto acreditar que tudo vai se resolver agora, mas não vai, nem tão cedo.

— Por enquanto e pra você. Se continuar pensando junto com eles é questão de tempo pra se afastar de mim também. Pode falar você acha que eu atrapalho seu jogo, né? Seja honesto.

— Um pouco, mas não vou me afastar de você por isso. O que a gente tem não tem nada a ver com jogo, é muito mais importante Ju. Tenha certeza disso.

— Se você diz eu acredito em você. Desculpa se eu fui grossa de alguma forma não foi a intenção. — Bil me abraça forte e a gente fica assim por um tempo.

— Tudo bem, Ju. Desculpa se eu te fiz sentir sozinha, só te deixo sozinha aqui se for eliminado.

Bil dá um beijo na minha testa e sorrio de canto para ele. É bom ouvir isso, mas as preocupações não saem da minha cabeça, ele pode até dizer que jogo não é uma questão, e até acho que não seja agora, mas quem garante que não vai ser amanhã?

— Bil, você realmente concorda com as coisas que eles falam? Não acha que eles estão exagerando sobre a Carla? Sem julgamento, só quero saber o que você pensa. — Pergunto ainda abraçada nele quando os ânimos já melhoraram. Realmente quero fazê-lo refletir não brigar.

— Não concordo com tudo, mas também acho ela um pouco sonsa e conveniente.

— Sei lá, mas por que isso é ruim? Não dá pra saber qual a intenção dela, acho ruim julgar como algo ruim quando a gente não sabe. Enfim, mesmo se ela for tudo isso acho os comentários desproporcionais e pesados demais. Não me sinto bem de estar perto e não responder nada. Não quero que você pense igual a mim, porque eu falei, mas quero que você entenda que se eu discordo não é para aparecer, brigar ou nada assim. Não é sobre vocês é sobre mim e no que eu acredito.

— Eu sei, Ju, nunca pensei que pudesse ser por outra coisa. Vou pensar no que você disse. —Bil fala e me sinto um pouco melhor.

Ao menos ele de todos acredita realmente em mim. Vamos ver se isso ajuda a mudar como os outros me enxergam, não creio muito, mas me resta torcer e esperar que eu ou Bil ganhemos essa prova do líder.

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PS: Entramos real e oficial nos problemas entre ela, Gil e Sarah. Esse capítulo foi menos divertido, mas considero essencial para o desenrolar da história e pra desenvolver Bil e Juliette como um casal mesmo. Se tudo seguir como o planejado essa fic tem apenas mais seis ou sete capítulos, então preparem os lencinhos que o final vai ser lindo!! 

Quem tiver alguma ideia sobre o que quer que role na fic mande aqui, já adianto que vou usar uma das ideisa que vocês mandaram, mas numa versão adaptada. 

PS2: Além disso, preciso comentar que a empresa que eu fiz aquela entrevista entrou em contato ontem de novo, e me chamaram para conversar sobre outra vaga. Nada certo ainda, mas um ótimo sinal!! Tô muito feliz e queria agradecer a todo o carinho de vocês quando desabafei sobre da outra vez, ao que parece as coisas estão voltando a dar certo mesmo! E por mais que a gente não se conheça vocês tem sido parte importante da minha rotina, então muito obrigada mesmo!!!

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