Capítulo II - Sentimentos conflitantes

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Eu deixei as coisas sobre a mesa, e sai correndo. Subi a escada desesperadamente. Minha cabeça só pensava que algo tinha acontecido com meu irmão. Abri a porta do quarto dele, e eu vi o babaca jogando vídeo-game.

— Sandro, o que aconteceu? Por que você gritou? — perguntei a ele.

— Já é a quinta vez que tento passar desse chefão e ele me mata. To com um puta ódio — disse ele, enquanto tentava se acalmar. — O pai e a mãe já saíram?

— Já sim — disse.

— Suas coleguinhas já chegaram?

— Sandro, eu não sou nenhuma pirralha. Elas são minhas amigas, e não coleguinhas de primário. E, sim, elas já chegaram.

— Tá bom. Desculpa maninha. Pode voltar pra lá. Eu vou voltar para meu jogo.

— Ok — eu disse.

Bem, esse é meu irmão. Ele tem 25 anos, mas as vezes parece que tem somente 15 anos. Muito imaturo as vezes. Bem, voltando para a história principal, eu desci a escada, e quando cheguei na sala de estar, minhas amigas me esperavam com uma preocupação no olhar.

— E aí, o que aconteceu? — perguntou Charlote, mordendo o lábio inferior.

— Não foi nada. Foi só o meu irmão dando chilique com o jogo dele.

Todas riram.

— Coisa de homem — disse Charlote.

Charlote e Dinah voltaram para o sofá, e Emily veio em minha direção, segurou minha mão e disse:

— Está tudo bem?

— Tirando a parte que meu irmão quase me matou do coração, estou bem sim.

— Que bom. Me alegra ouvir isso — disse ela, com um sorriso cheio de ternura.

Fiquei um pouco corada quando a Emily me disse aquilo, e meu coração acelerou quando ela me deu aquele sorriso encantador. Naquele dia, estava muito confusa, diversas coisas passavam pela minha cabeça. E aquela mão segurando a minha, me deixava um pouco nervosa e ao mesmo tempo me acalmava... é estranho ter esses sentimento conflitantes dentro de mim.

— Então, vamos fazer uma pausa para o lanche? - perguntou Emily.

— Vamos sim - Soltei da mão dela e fui em direção ao sófa. — Vamos comer alguma coisa, gente.

— Graças ao céus, pois eu estou faminta — disse Charlote.

— Eu também estou com muita fome, mana. Vamos encher a pança — disse Dinah.

— Nossa, vocês não jantaram antes de vir pra cá? — perguntei.

— A gente deveria ter jantado, mas sabe, nossa mãe tinha saido para resolver alguns negócios, e ela não chegou a tempo para fazer nossa comida — disse Dinah.

— Vocês não sabem cozinhar nada? — perguntou Emily.

— Claro que sabemos. Sabemos fazer miojo, ovo cozido, macarrão e hamburguer — disse Charlote.

— Então, por que vocês não fizeram uma dessas coisas para comer? — perguntei.

— É que não tinha nenhuma dessas coisas em casa. Sem miojo, sem ovo, sem macarrão e sem hamburguer — disse Dinah.

— Poxa, então, comam quanto vocês quiserem — disse.

Após aquele lanchinho, as gêmeas resolveram voltar a assistir aquele filme de terror. Cê sabe, aquele que a gente estava vendo. Está prestando atenção na história, não é mesmo? Bem, voltando ao relato... nós voltamos a sentar nos mesmos lugares que estávamos sentadas anteriormente. Charlote apertou o botão do controle remoto e o filme saiu do estado congelado.

Emily voltou a segurar minha mão. A mão dela era tão macia e quente, mas eu tentava tirar esses pensamentos estranhos que eu estava tendo com a minha amiga. Tentei me focar totalmente no filme, e tentei colocar minha cabeça em ordem. Estava dando certo até um certo ponto, porém teve uma hora que Emily tomou um susto com o filme e acabou colocando a cabeça dela entre meus seios. Charlote e Dinah viram a cena.

— Isso é medo, Emily? — disse Charlote, enquanto dava uma gargalhada medonha que parecia de um porco. — Me poupe, é só um filme. Aquilo lá é só de mentirinha — Charlote apontou para a televisão.

— É, eu sei — disse Emily, envergonhada. — Me desculpa amiga. Te machuquei? — perguntou Emily, olhando para os meus olhos.

— Não. Está tudo bem. Acontece — disse.

— Qualquer coisa, se tiver doendo, posso fazer uma massagem — disse Emily, de forma ingênua.

— Não... Não precisa... — Engasguei e fiquei toda corada e um calor subiu por todo o meu corpo. Mudei de assunto. — Vamos continuar a ver o filme.

— Lembre-se, Emily, é só um filme — disse Charlote.

— Está bem, vou me lembrar disso.

— Vocês podem esperar um minutinho, preciso ir ao banheiro — disse.

— Vai logo, então — disse Charlote.

Entrei no banheiro e logo tranquei a porta. Aqueles sentimentos conflitantes estavam me matando. O que a Emily iria pensar se me visse desse jeito? Acho que ela não iria querer mais ficar perto de mim. Eu estava cheia de borboletas no estomago, e minha parte intima...

Neste momento ouvi algo se quebrar na sala de estar e o grito de Emily chegou aos meus ouvidos.

A noite que perdi minhas amigas para a morte [CONCLUÍDA]Onde histórias criam vida. Descubra agora