capítulo 01

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Sentada na pequena poltrona amarela florida com pequenas manchas de geleia de morango assistia a farsa que aquilo tudo era.

Todos vestidos de preto, fingindo lamentar pela morte de Adelha Cordeiro. A doce senhora de cabelos branquinhos, sorriso cativante e o seu tão inconfundível cheiro de morango.

Nunca conheci alguém tão fascinada pela pequena fruta, como minha avó era.

Lembro da última vez que pude me deliciar com a famosa geleia caseira de morango de Dona Adelha.Com suas mãos de fada, conseguia fazer verdadeiros manjares.

Em todo canto de sua casa tinha algo com morango, dês de pratos decorados ate cortinas cheias de pequenos morangos.

Eu costumava a chamar de Moranguete, a rainha dos morangos. Vovó gargalhava me ouvindo chama- lá assim.

Minha avó, ficou viúva muito cedo. Meu avô foi atropelado a caminho de seu trabalho. minha vozinha sofreu muito com a morte dele.

Mas, ela não desistiu. Mãe de três filhos, Marinete, Josefa e Humberto. Foi a luta para dar uma vida digna aos filhos, foi diarista, costureira, cozinheira e lavadeira.

Passou fome, mas não deixou nada faltar pros filhos. E recebeu tanta ingratidão nos seus últimos dias.

Meus avós quando casaram ganharam um terreno do meu bisavô. Hoje motivo de briga entre meu pai e minhas tias.

Minha tia josefa iniciou uma briga pelo terreno mesmo minha avó estando viva, pra ela minha avó já tinha morrido.

E pensar que esse desamor foi somente por minha avó me criar.
Meu pai nunca quis ter filhos, ele chegou a dar remédios abortivos para minha mãe.

Minha tia josefa em uma certa confusão fez questão de esfregar na minha cara que nunca fui desejada.
O caso foi que minha mãe era muito nova, na época que engravidou tinha apenas dezesseis anos. E meu pai dezoito.

Ela quis abortar também, mas graças a minha avó isso não se concretizou. Ela quando descobriu conversou com meus pais e disse que cuidaria de mim.

Me criou dês de meus quatro dias de vida.

Me deu todo amor do mundo, e eu sei muito bem que nunca seria tão amada assim.

Mas o simples fato de ela me criar fez um mal estar enorme se instalar na família.

Minhas tias nunca me aceitaram, e eu não sei o porquê. Tudo que eu fazia era motivo de críticas.

Mas tudo piorou quando eu tinha quatorze anos. Eu era apaixonada por um menino da igreja que frequentávamos.

Ele também gostava de mim, é em uma das brincadeiras na igreja, ele me puxou para trás da igreja e me deu um selinho.

Não durou mais que cinco segundos, mas o que não esperávamos era que minha tia estivesse perto e flagrasse tudo.

Ela foi até nós dois, e ele correu. Eu só fiquei parada sem reação.
Só vi ela chegar perto com raiva no olhar, ela agarrou os cabelos da minha nuca e puxou. Me chamou de todo nome.

Ela foi me levando assim até a casa da minha avó que era perto.

Quando passamos na frente da igreja eu vi João, o menino que me beijou, com outras meninas da igreja. Elas olhavam e riam do que acontecia.  Ele somente olhava.

Quando chegamos na casa da minha avó, minha cabeça latejava pela dor dos puxões.

Eu chorava pedindo pra ela parar, ela só parou quando minha avó veio e me separou dela.

A Caminho Da Felicidade [ PAUSADA]Onde histórias criam vida. Descubra agora