A inciativa

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Saí da sala de aula de habilitação respirando aliviada. Estava morrendo de dor de cabeça e não conseguia me concentrar em nada que aquele homem dizia. Já sabia que ia levar bomba na prova teórica se continuasse daquele jeito.
Eu nem sabia o que estava fazendo ali, afinal se o tinha dezessete anos, não tinha idade para dirigir, mas desconfiava que meu aniversário tão próximo e o poder de persuasão da minha mãe havia convencido os donos da auto escola a me aceitarem, para o meu infortúnio. Fora que um dos donos era amigo dela, então aquilo meio que contribuía.

Antes de ir para casa resolvi passar no shopping e ver se tinha alguma novidade na minha livraria favorita. Algo que tivesse em minhas posses pois já havia estourado todo o dinheiro que meus pais me deram.
Quando já estava dentro do shopping lotado passei por uma loja de roupas femininas, femininas até demais para meu gosto.
Nada dali era meu estilo e iria me achar ridícula em roupas como aquela.
Saias curtas e justas, mini blusas que iam deixar meus peitos de fora não iria me ajudar em nada a não ser que eu quisesse fazer papel de palhaça para a escola.

Balancei a cabeça para clarear meus pensamentos e segui para a livraria.
Por que eu estava pensando naquilo afinal?
Me vestir como as garotas da escola não iria me fazer mudar a imagem de nerd idiota que a maioria deveria ter de mim e muito menos mudar quem eu era por dentro.
Eu não queria mudar por ninguém, mas queria sim fazer parte de algo. Ser solitária era ruim em muitos níveis pois até minha melhor amiga estava se cansando de compartilhar a solidão junto comigo.
Eu já tinha decidido ir na maldita festa que Alec mencionou, começaria por ali a minha nova missão de tentar aproveitar a minha adolescência, mas mudar meu estilo de roupa aí já era demais.

Quando entrei na livraria dei um enorme sorriso. Ali eu me sentia em casa, um lugar só meu e de milhares de viciados em livros que só encontravam seu refúgio dentro de páginas, vivendo a vida de outras pessoas.
Peguei um livro de capa dura e o observei refletindo melhor. Aquele deveria ser o meu problema, eu vivia a vida dos personagens e esquecia de viver a minha própria.
Mas eu iria mudar aquele quadro, ou ao menos tentar.
Bastava saber se a minha tentativa ia ser concluída com sucesso ou se o meu maior medo iria se concretizar. O medo de conhecer as pessoas e desejar voltar correndo para os livros.

                             __***__

— Você me acha arrogante? — Perguntei para Lorena durante a aula de Química.

— O que disse? — ela perguntou me dando atenção e tirando o foco do que a professora dizia.— O que diabos essa mulher tem para passar algo que dá um nó na mente? 

— Quer prestar atenção em mim Lorena, é importante. — Sussurrei entre dentes.

Desde o dia do meu confronto com Alec eu não conseguia parar de pensar no que ele me disse e, mesmo com meu subconsciente dizendo para eu esquecer e ignorar o que aquele idiota dizia, eu não conseguia.
Desde aquele dia também estávamos nos ignorando, nem mesmo as nossas brigas habituais estavam acontecendo o que era um milagre ou um desastre total.
Eu estava magoada demais com ele por conta da humilhação e ele estava imerso em seu mundo.

Pelo o que ouvi dizer a nossa briga foi motivo de boato por toda a escola e Alec estava puto por todos saberem de sua vida pessoal. Não foi legal eu ter exposto aquilo, mas eu estava com raiva.
Ter a fama de bad boy por um fio pelo visto não agradava em nada ele, mexia com sua moral e ego.
Eu também não fui poupada e o que ele disse também repercutiu, mas não houve tanto impacto afinal eu era uma ninguém naquela escola e todos compartilhavam da opinião de Alec.

— Estou escutando agora pode falar. — Minha amiga disse fechando o caderno e colocando a caneta nas espirais dele.

— Me acha arrogante? — ela fez uma careta confusa.

Namorados por contrato (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora