Carta 2

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14.03.2021
📍na madrugada

Querido mundo,
Que não sei onde estou certamente, porque corpo, alma e mente coisas diferentes são. Sinto um ardor forte no peito e não sei se quero continuar aqui. O ponto onde cheguei é lastimável, acordada com a lua para me sentir amada. Quatro e meia da madrugada, só quero para longe ir, sinto arrepios na espinha e não me lembro o que é ser feliz. Que vejo as tristezas como aprendizados, mas ser privada de viver já é demasiado e vivemos num aperto e num sufoque constante, todos somos instáveis e nascemos para não ser confiáveis. Porque negamos e negamos mas vivemos todos na selva, temos instinto animal de caçada e de presa. E é triste e é brutal, ver como todos temos o nosso lado do mal, e é horrível é horrendo ver como todos sobrevivemos. Somos privados de viver por regras e leis mesquinhas, mas sem elas não seríamos de certo aquilo que somos hoje em dia. E não sei o que para aqui digo, os meus olhos pesam, mas a minha mente insiste que tenho de preencher mais uma enxurrada de palavras esvoaçastes nesta página incerta. Eu escrevo escrevo e não sei para quem, escrevo para ti para o mundo e para mim também. Porque quem escreve de certo eu não sou, acho que tenho alguém a viver no peito, que na calada da madrugada arranha a minha garganta com ânsia de eu lhe dar voz. E não sei se escrevo para desabafo ou se é um pedido de ajuda, porque eu não sei o que faço aqui, estou perdida e a minha mente está nua. Falo de tudo aquilo que penso, e isso não é bom. Mas o mundo já e desprotegido é incerto, mais vale ser real e sincera. Não gosto de onde moro e odeio viver, mas desprezo a morte ao mesmo tempo. Porque tem ela o poder de levar quem eu amo, e se tira ela os meus pais ou os meus avós de mim eu não serei ninguém na vida. Porque por eles vivi até hoje e encolho-me nos braços deles todos os dias porque o mundo é cruel. E foi criada mimada e ainda sou hoje em dia, por isso falo tanto do mundo feio porque fui criada em alegria. Não fui preparada para tamanha vigarice, falsidade e sujeira, e me assusto cada vez que tenho de sair à rua. E por isso me tornei assim pensadora, queria um lar gigante só com amor e paixão, mas o romance só me tira aquilo que chamam coração. E vem um e parte um pouco e lá eu me remendo sozinha, porque assim sobrevivo mas odeio cada segundo desta triste vida. Porque viver sem vida é o meu lema, mas não gosto tanto dele assim e mais uma vez me despeço sem chegar ao fim,
Porque somos incertos e eu tenho muito para falar:
Para ti às quatro e meia da manhã;

-BlastedMoon

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