Carta 4

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-Querido mundo,

Não tenho mais uma localização precisa, vagueio por entre as chamas daquilo que escrevi e não sei sinceramente como tive força para voltar.
Sinto me afundar em mim mesmo enquanto me julgo e  não consigo sair daqui, deliro nas mais vagas palavras e sinto o quão profundas estão as minhas feridas.
Reflito, não sei se sou uma boa pessoa, no fundo sei que a roleta do destino não me deixou muita sorte nem muitas ganas de viver.
Sugo todas as energias a minha volta, boas e más. Não sei como consegui chegar até aqui sem perceber tal feito.
Interfere sem dúvida na minha mísera existência, na infelicidade do meu futuro e no fracasso do meu passado, pois, não sei quem sou.
Se absorvo tudo aquilo que me rodeia simplesmente não serei eu e sim pedaços unidos daquilo que faz parte do meu ciclo.
Sei que não serei uma boa companhia, e sinto como se nunca o tivesse sido, no fundo nada sei mas sempre pensei que soubesse muita coisa.
Todo o meu corpo dói, a minha alma e pensamento também.
Enquanto a adrenalina e a felicidade se esgueiram por uma brecha deixando entrar a solidão e a arte de pensar, sinto me pesada, dolorida...
É triste saber que nunca ninguém vai saber aquilo que sinto e é mais triste saber que ninguém faria nada para o mudar.
No começo da minha escrita queria que alguém escrevesse o meu nome na pedra e as minhas palavras para não ser esquecida mas não sei se quero mais.
Porque não seria egoísmo eu não ser esquecida se a única coisa que fiz foi escrever e pouco mais ?
Não sei, dói me pensar demasiado e não tenho forças para o fazer, a cada dia a indecisão me consome e eu acho que estou a parar de viver.
A cada dia que passa sinto como se afundasse um pouco mais em mim mesma e exploro pedaços que acho que não deveriam ter saído da escuridão.
Não sei o que se está a apoderar de mim mas sinto como se não estivesse no comando.
É horrível a quantidade de vezes que usei a palavra "sentir" nestas palavras esvoaçastes, futuras cinzas...
Mas o que eu sinto não se consegue expressar com apenas um sentir, pois sinto muito, sinto muito o pouco que sinto.
Todavia, já não sei o que digo, talvez...
A louca que gosta de escrever, mas não gosta de viver,

-BlastedMoon

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