A ti mundo,
Já não tenho muito mais o que te dizer.
Agarro-me numa esperança que imagino ter, não a tenho.
E tu, para me fazeres ficar mandas-me a morte. Acredito que seja, de facto, um sinal que a minha está próxima e que o meu fim foi, concretamente, implantado na minha linha, que já não terei muito tempo para ficar, que seja.
Mandei gentilmente a localização para o inferno, não sei de onde escrevo, não quero saber não desejo alguma vez o ter sabido.
Odeio-te mundo, cada vez mais.
Não tenho já um motivo de felicidade, ou certamente de algo que me dê vontade de te embelezar, porque se algum dia valeste a pena, não o vales mais.
Não me sinto mais na condição possível ou pelo menos estável para aqui estar.
Não sei, não quero saber, não tenho mais nada para aqui ficar.
Não gosto de ti mundo, já gostei, não gosto mais, e assemelho-te a mim mesma, porque os sentimentos são iguais e foram mudando da mesma forma catastrófica e avassaladora.
Na realidade, não somos preparados para a morte, nem eu, que a imaginei de diversas formas, das mais diferentes maneiras e pensei que não me assustava mais, assusta-me.
Não gosto da morte, não gosto da vida, não gosto de nada, nem de mim.
Pontuo apenas os meus textos com vírgulas e pontos finais e anseio que no fim dê para algo.
Talvez este seja o meu último texto, não tenho nada para me fazer escrever, se só sinto vazio não sei o que possa fazer.
Então assim me vou embora mundo,
Quero te esquecer.De alguém que já foi tua,
-BlastedMoon
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Cartas em chamas
NezařaditelnéEscrevo cartas a diferentes destinatários com as minhas angústias. Escrevo a mim, a ti e ao mundo. Queimo-as de seguida e anseio de certo que levitem as cinzas, pois mesmo lá não estando agora, foram feitas de palavras bonitas.