30PRAUM [30PRAUM Fanficton]

Ervas no meu sofá

Iesca

Ao sair da festa, Caio estava extremamente embreagado, era engraçado ver ele tão fora de si, não era normal ele ficar assim comigo próximo, ou qualquer pessoa do batalhão.
Levar o mesmo para casa foi até que tranquilo, e em todo o caminho eu só conseguia pensar em como eu faria para prender aqueles moleques desgraçados. Uma maneira segura, uma maneira que eu recuperaria meu cargo ou até mesmo subiria, eu não podia entregar o caso quase resolvido nas mãos da Laura.

Horas depois já em casa e sóbria, tudo estava organizado, mas eu precisaria da ajuda de Caio, tudo precisava ocorrer bem, para que eu não acabasse morta, presa, ou qualquer outro meio ilegal. Quero minha ficha limpa. Caio me ligou na manhã seguinte, estava com voz arrastada, era ridículo como ele era mais novo que eu, mas tão preguiçoso e sem energia.

— Você não me disse muita coisa sobre o show - disse ele do outro lado da linha

— Na verdade eu disse mas você estava bêbado demais para lembrar - digo enquanto organizo alguns papéis

— Não disse não

Na verdade ele estava certo, eu não disse nada, mas ele não precisava lembrar disso.

— Acho que colocaram algo na sua bebida - digo rindo fraco — Caio eu preciso da sua ajuda pra uma coisa, você se lembra quando a gente apreendeu aquela maconha no caminhão de uma instituição de ajuda as crianças?

— Lembro?

— Eu preciso dela, não dela toda, mas pelo menos uma quantidade que Michael queira me afastar - digo olhando a parede

— Você só pode estar de brincadeira Lamar

— Não, não estou, eu não vou perder meu caso pra Laura, não agora que eu estou quase la - digo logo desligando o celular

Tudo estava planejado, a vizinha Dona Luiza é extremamente insuportável, não só comigo, com todos. Já denunciou duas vizinhas por som alto depois da hora e já fez um dos filhos da mesma set preso por fumar maconha ( de alguma maneira ela conseguiu ligar ele ao tráfico e o garoto ficou preso por uma semana, sendo que ele no máximo fumava um fino ).
As 22:00 horas da noite eu queimaria um beck na minha sala, e junto a ela, uma pouca quantidade de maconha embaixo do meu sofá, Luiza por ser minha vizinha, logo sentiria o cheiro e contrataria a polícia, eu seria levada, Michael limparia minha barra e no máximo suspenderia meu distintivo, me colocaria pra fora e obviamente queimaria minha cara em alguns veículos de informação.

Estando suja com a polícia, com o povo, eu iria me infiltrar na 30PRAUM da melhor maneira, através de seus contatos no morro, segundo informantes, eles sempre estão a procura de atiradores, olheiros e afins.

"Lamar, você é policial, eles não confiariam em você" bom ponto, mas devo lembrar que sou ótima atriz e o que eu quero eu consigo.

— Lamar, pra que isso? - Caio disse me entregando a bolsa na porta de casa pela tarde.

— Você logo vai saber, só preciso que confie em mim - digo me encostando na porta

— Lamar...

— Isso não é um pedido, é uma ordem - digo mais seria — Agora saia

Digo logo fechando a porta.

[...]

Horas depois estava tudo pronto, tinha a erva embaixo do meu sofá, e lá estava eu sentada no sofá com isqueiro e um cigarro em mãos, eu sabia que aquilo poderia dar muita merda, não quanto, mas eu tinha que tentar.

Acendi o mesmo logo levando a boca dando uma tragada prendendo a fumaça fazendo que a mesma subisse um pouco para a cabeça, mas logo a liberei. Para qualquer outra pessoa, já na primeira tragada, estaria entrando nas nuvens, para suas primeira vez óbvio, mas eu já havia feito isso no ensino médio, não dá pra entrar pra polícia sem antes provar um pouco do outro lado.

O cigarro foi colocado encima da mesa, mas antes disso andei pela casa espalhando a fumaça para que o cheiro chegasse na vizinha. E tudo deu certo.

— Lamar!! Abra a porta é uma ordem! - disse Michael batendo na porta com certa força

Descabelar levemente meus cabelos para que parecesse que eu estava completamente chapada e caminhei a porta a abrindo dando de cara com o mesmo me encarando

— Chefe?

— Boa noite lamar, sua vizinha ligou para a delegacia querendo falar comigo. Segundo ela um cheiro peculiar estava vindo da sua casa - disse ele dando ênfase no peculiar me fazendo olhar a porta

— Peculiar?

— Drogas ilícitas lamar, eu vou revistar sua casa e eu espero não encontrar nada demais - disse ele me olhando sério porém com um leve olhar de suplica.

Eu não odiava Michael, ele sempre me ajudou em muitas coisas, ele não iria me querer de fora do batalhão, mas pedir pra passar o meu caso para sua filha foi quase um desejo disso.

Ao entrar na sala Michael já encontrou o cigarro sob o cinzeiro levando seu olhar a mim. Eu sabia que era um olhar de pena, eu o conhecia. Michael chamou os dois policiais na porta para revistar a casa e em menos de 40 segundos eles acharam uma pequena quantidade de maconha embaixo do sofá (demoraram até mais do que achei que demoraria).

— Michael eu... - digo tentando me explicar

— Lamar... Eu confiei em você, quando disse uma vez na confraternização que já tinha provado disso achei que não era um vício - Michael Michael encarava - Eu vou levar isso. Seu distintivo por favor

— Michael... por favor não

— O distintivo Iesca Lamar - seu tom de voz foi mais ríspido

Pego o distintivo que se encontrava encima da minha escrivaninha no quarto e o entrego

— Eu espero, que você pense da próxima vez que pensar em usar essas merdas. Você vai passar um tempo longe, afastada. Um tempo pra pensar nessas suas escolhas.

Eu apenas acenti.

— Em pensar que eu jurei que você iria ser um dia igual a eu - ele riu fraco - Uma noiada de merda

Aquilo me doeu, mas eu não podia demonstrar muita coisa.

Michael saiu da minha casa e eu finalmente percebi que agora só era eu nisso, não poderia pedir reforço na missão, ajuda, ou qualquer tipo de apoio. Porém....

Pego meu telefone celular ligando para Caio

— Lamar... eu espero que seja algo importante, parei minha partida de Fifa para te atender

— Eu preciso te contar umas coisas, preciso que me ajude numa missão

Não seria só eu, não dava pra ser só eu.