04. Indefesa

524 73 42
                                    

Eu não tenho mais medo
Estou parada no olho da tempestade
Pronta para encarar
Morrendo para provar
I'm Not Afraid Anymore - Halsey


  Nosso cérebro é programado para reagir em prol de sua própria defesa, criando uma armadura psicológica ao redor de si mesmo, esperando sempre o pior que pode vir de qualquer situação, agindo com a maior rapidez possível

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

  Nosso cérebro é programado para reagir em prol de sua própria defesa, criando uma armadura psicológica ao redor de si mesmo, esperando sempre o pior que pode vir de qualquer situação, agindo com a maior rapidez possível. Aprendi a manter essa proteção intacta ao longo da minha vida. Mas o nosso corpo é falho. E o meu falhou.

  Senti o momento exato em que o chão foi varrido dos meus pés, fazendo com que meu corpo caísse em um espaço vazio, sem sentir nenhuma reação, exceto medo. Minha garganta diminuindo mais de tamanho a cada segundo que se passava. Conseguia sentir a ameaça tremer fervorosamente no fundo dos meus ossos.

  Acalme-se, Lizzy!

  Meu subconsciente gritava.

  Mas a única coisa que eu conseguia fazer era sentir.

  Sentir o vazio.

  Sentir o vazio que minha alma sempre quis gritar.

  Sentir o vazio que ela estava cansada de esconder.

  Apenas sentir.

  As poucas memórias da morte de mamãe passaram pela minha mente repetidamente, como um disco arranhado, aquela mesma dor que eu pensei, tolamente, ter superado ameaçando invadir meu coração. Derramando um ácido que veio parar na minha boca. Senti vontade de vomitar, colocar tudo para fora, assim como fiz no dia de sua partida.

  Virando-me em direção à lata de lixo que eu estava carregando antes do estranho chegar, derrubo tudo o que estou sentindo através de longos segundos, essa é a minha válvula de escape, costumo pensar que quando vomito, não expulso apenas a comida, mas tudo que há de vituperioso para fora de mim.

  Enquanto sinto tudo se esvair do meu corpo, prendo o meu cabelo em um rabo de cavalo, novamente, que desprendeu-se no meio da batalha contra minhas lembranças.

  À medida que meu organismo vai estabilizando-se de sua reação natural, a verdadeira consciência incentiva meu raciocínio. Rapidamente, como um xeque-mate, sinto uma fúria repentina apossar-se de todas as veias do meu sangue. Como eu pude ser tão tola? Acreditar nisso primeiramente.

  Suspiro e penso em como me deixei levar.

  Esse cara não pode ser meu pai, é apenas um estranho que está tentando me enganar, não sei o que ele pensou que ganharia com isso, talvez dinheiro, trazendo a promessa de que se determinada quantia for paga, ele pode me levar ao meu pai 'verdadeiro'. A família de Hunter passou por isso uma vez, só que no caso deles foi com o juramento de levá-los à um tio que, supostamente, estava vivo. A diferença é que os pais do meu melhor amigo tinham condições suficientes para contratar um espião que, posteriormente, descobriu a tentativa de golpe. Eu tenho apenas a minha intuição.

CONDENADOS Onde histórias criam vida. Descubra agora