Uma risada diabólica estava vindo do cadáver morto de Ruan Dracovian. O comandante Brauner e o outro cavaleiro observavam aquela cena sem entender o que estava acontecendo.
Olhei o corpo de Ruan levantar-se, parecia algum tipo de boneco, a cabeça dele estava abaixada, mas mesmo assim, a risada dele era audível para mim.
— Então, alguém descobriu que eu não sou aquela merda de cavaleiro. Finalmente alguém esperto. Qual é o seu nome? — disse o corpo de Ruan. Ele levantou a cabeça e me olhou nos olhos. Ele projetava um sorriso bizarro para mim, parecia que estava com sede de sangue.
— Meu nome não importa — disse eu, com um frio na barriga.
— Há, importa sim. Gosto de saber o nome da pessoa antes de matá-la — disse o corpo de Ruan, falando entre os dentes.
— Então, antes de qualquer coisa, me diga quem você é ou o que você é? — disse eu, com uma voz ríspida.
— Hum, o cavaleiro tem culhões. Bem, você quer saber quem eu sou? Está bem, vou realizar seu último pedido — disse ele. O corpo dele começou a borbulhar parecendo que a pele dele estava sendo fervida. Que cena horrível.
Todos os outros cavaleiros estavam estáticos. Aquilo que estava acontecendo era novidade para todos nós. Nunca havíamos visto algo parecido. O que poderia estar acontecendo? Primeiro aquele monstro e agora isso.
Uma fumaça densa jorrava pelo corpo daquele ser que antes era conhecido por Ruan Dracovian. Estava começando a ficar muito quente. Estávamos suando por causa daquele vapor nojento.
Finalmente a fumaça estava se dissipando, e começamos a ver alguém.
— Prontinho, cavaleiro. Estou mostrando o que eu sou. Eu sou um feiticeiro transmorfo fazendo um servicinho para a casa Thorn — disse ele.
— Um transmorfo? Que merda é essa. Isso não pode ser. Todos os transmorfos foram extintos na guerra de colonização — disse o comandante Brauner.
— A maioria da minha raça pode até ter sido extinta, porém eu estou aqui parado na sua frente, então, eu acho que não estou extinto — disse o metamorfo.
— Espera um pouco. Você disse que está fazendo um trabalho para a casa Thorn? — perguntei.
— Sim, meu jovenzinho — disse o metamorfo.
— E, que tipo de trabalho seria esse? — perguntou o comandante Brauner.
— Meu bom velhinho, não preciso te contar nada sobre isso — disse o metamorfo, sorrindo.
— E, qual é o seu nome, e o que você fez com o Ruan? — perguntei.
— Meu nome...hummm...deixa eu pensar em um nome bem descolado para dizer a vocês. Ah, já sei. Que tal Ruan Dracovian — disse ele.
— Como assim? — perguntei.
— Sabem, aquele cavaleiro chamado Ruan Dracovian, que serviu dois anos com vocês na Armada de Arcadia, então...era eu — disse ele, colocando o dedo indicador na frente de seus lábios, mostrando para nós que aquilo que ele falava era um segredo.
— Que merda é essa. Aquele lá, meu companheiro de batalha, não é você. Você é uma criatura mentirosa e quer nos deixar confusos. Você é uma merda de um mentiroso — disse o comandante, com uma voz ríspida.
Todos os outros cavaleiros ficaram em posição de ataque, esperando a ordem do comandante para poderem atacar.
— Não estou nem aí para o que você acha, Brauner. Vou esmagar vocês aqui e demonstrar que não estou para brincadeira — disse Dracovian.
— Cavaleiros. Sei que não será uma batalha fácil, porém quero que vocês deem o máximo de vocês. Vamos destruir essa criatura maligna, e deixar essa região livre do controle maligno. Estão preparados? — gritou o comandante.
Eu não posso morrer agora, pensava, preciso saber o que aconteceu com a minha irmã. O jeito de continuar minha viagem é derrotando esse monstro, porém ele parece ser muito poderoso. Será que foi ele que mandou aquela criatura anterior para este bosque? Minha cabeça estava zunindo. Nada estava fazendo sentido.
— VAMOS — gritou o comandante.
Um dos cavaleiros tentou acertar o pescoço de Dracovian, porém o mesmo parou a espada com um dedo. Aquilo não era nenhum pouco natural. Dracovian pegou o pescoço desse mesmo cavaleiro e começou a apertá-lo, porém o comandante jogou uma bomba de estrume nos olhos do metamorfo, e ele acabou soltando o soldado.
— Que merda que você jogou em mim? — perguntou Dracovian.
— Isso mesmo o que você disse. Joguei merda em você. Merda de gado — falou o comandante, com um sorriso no rosto.
— Ah, seu velhaco. Você vai morrer antes de todo mundo — disse Dracovian, zangado.
O metamorfo começou a conjurar uma magia. Isso não era um bom sinal. Me preparei para o pior, mas neste momento uma bolha, parecendo uma bolha de sabão, cobriu todo o corpo do metamorfo.
— Mas o que é isso? — perguntou Dracovian. Ele tentou tocar na bolha, porém ele levou um choque elétrico que deixou ele desnorteado.
— Mas o que...? — disse.
Uma pessoa começou a vir em nossa direção, ela tinha uma silhueta robusta.
— Acho que cheguei numa boa hora, não é? — disse o homem.
— Quem é o senhor? — perguntou o comandante.
— Ah, eu sou um mago da casa Hammer. Eu estava atrás desse metamorfo fujão — disse o mago.
— Ah, é. Estou vendo o brasão dos Hammers na tua roupa. Gostaria de saber o motivo de duas casas que não pertencem a essa região estarem aqui ao mesmo tempo — disse o comandante, curioso.
— Ah, meu bom homem. É sigilo. Não posso contar. Mas agora está tudo bem. Esse metamorfo será levado para a prisão da casa Hammer e não verá a luz do dia por muito tempo — disso o mago.
— Agradeço pela ajuda, então — disse o comandante Brauner.
— Eu que agradeço. A propósito...vocês viram alguma criatura grande que parece um elefante por aqui? — perguntou o mago.
— Sim, vimos. Lutamos com ela, só que ela desapareceu do nada. E, como você sabia sobre essa criatura? — disse o comandante.
— É que fui eu que criei. Ela deveria atacar somente criaturas mágicas, tipo o metamorfo. Alguém se feriu por causa dela?
— Não. Só o metamorfo foi atacado por ela, mas pensando bem, ela também quis atacar o jovem Slade — disse o comandante.
—É mesmo? Intrigante — disse o mago, enquanto tentava observar até a minha alma com aqueles olhos brancos como a neve. — E, você está bem?
— Estou sim — disse.
— Então está bem. Levarei esse monstrinho comigo. Tenham uma boa tarde — disse o mago. Ele desapareceu e junto levou o metamorfo.
— Se eu contar para o comandante geral o que aconteceu aqui, ele nem vai acreditar em mim — disse o comandante.
Todos riram.
— Bem, vamos voltar para o acampamento — disse o comandante. — Stens, acho que o Slade quer conversar com você. Quando terminar, volte para o acampamento.
— Certo, comandante — disse Stens.
Sentei do lado de uma árvore, dei uma respirada profunda no ar, e comecei a pensar como começar aquela conversa com Stens.

VOCÊ ESTÁ LENDO
Supremacia Thorn
FantasiaSupremacia Thorn se passa em um mundo medieval fantástico, onde 7 famílias muito poderosas dominam as mais diversas regiões daquele mundo. Havia um equilíbrio no poder, nenhuma família poderia ser mais poderosa que a outra, porém, uma dessas família...