01| Itália?

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"Neste mundo os seres humanos nunca conseguem a felicidade completa"

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"Neste mundo os seres humanos nunca conseguem a felicidade completa"

- Charlotte Brontë

- Charlotte Brontë

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Não. Não, não, não! Eu estudei! Eu passei quatro horas estudando para essa merda e eu tiro seis? Qual o problema dessa professora? Eu acertei tudo!

— Ursula! E aí? — Jane, minha melhor amiga me chamou, com aquele mesmo sorriso vitorioso de quem tirou dez e não precisa gritar com a professora. — Quanto você tirou?

— Seis! A senhora Reid é lunática! Eu acertei tudo! — Jane olhou para mim, desconfiada. — Tudo bem, eu posso ter errado uma coisa ou outra, mas fora isso, seis é sacanagem! — Ela riu, balançando seus cabelos negros para trás. — Merda! — Eu reclamei, quando vi que minha professora havia saído.— Senhora Reid! Por favor!

Eu corri, como a minha vida dependesse disso. Senhora Reid não parava de caminhar com seus fones de ouvido, provavelmente ouvindo Vivaldi. Não adiantava nada eu gritar, ela não iria ouvir.

Saí da escola, atropelando inspetor, aluno e professor. Ela andou, andou e andou, e finalmente parou em um Starbucks na Picadilly Circus. Atravessei pelo trânsito e quase fui atropelada. Tudo pela minha nota.

— Senhora Reid! — Eu a chamei, esperando que ela finalmente me ouvisse. Ela se virou e deu para ver em seu rosto as feições confusas. Seus olhos verdes estavam apertados, para poder me ver direito e seu cabelo que costumava ser curto, caía em seu rosto. Ela pegou seu café e finalmente percebeu o que estava acontecendo.

— Ursula, o que você está fazendo aqui? — Ela perguntou, diante do meu corpo cansado de ter corrido mais de dois quarteirões. Precisei me apoiar em um banco para recuperar o fôlego e comecei:

— Professora, eu estudei por quatro horas para esse teste. Eu vi você corrigindo. E aí você me deu um seis. Eu tenho certeza que essa nota está errada. Você pode corrigir, por favor? — Ela me olhou, provavelmente acreditando que eu era maluca. Não julgo. Senhora Reid suspirou, abriu a bolsa, pegou uma caneta e estendeu a mão para mim. Dei o teste para ela e foi a minha vez de suspirar.

— Bom, Ursula. — Ela disse, depois de longos minutos em silêncio. — Você me desculpe pelo meu erro. Aqui está, parabéns. 

— Ursula! Me ajuda no dever de matemática! — Frida disse, vindo até mim no momento que coloquei o pé dentro do nosso apartamento

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— Ursula! Me ajuda no dever de matemática! — Frida disse, vindo até mim no momento que coloquei o pé dentro do nosso apartamento.

— Ajudo, se você lavar a louça. — Respondi. Ela bufou e virou os olhos, esperando que minha mãe se intrometesse e a ajudasse. Frida sabia usar sua beleza e idade para persuadir, e vi que era o que estava acontecendo no momento que seus olhos castanhos começaram a brilhar. Mamãe não estava em casa àquela hora, então era um beco sem saída. Desviei meu olhar e comecei a procurar qualquer coisa.— Onde a mamãe está?

De repente a porta da frente é aberta, agressivamente. Minha mãe gritava ao telefone e nem percebeu que eu e Frida estávamos ali. Olhei para a minha irmã, que olhou para mim e nenhuma das duas sabia o que fazer.

— Chega disso, Nathaniel! Eu não vou mudar de ideia! Não é como você se importasse com as suas filhas! — Minha mãe disse, denunciando a nós com quem ela falava. — Vai ver se eu estou na esquina, seu babaca! Adeus! — Ela desligou o telefone e viu eu e Frida sentadas no sofá, esperando-a. Priscila olhou para nós e suspirou. Seus cabelos cacheados caíam em seu rosto, bagunçados, mostrando o quão cansativo era estar em contato com nosso pai. — Oi, garotas, boas notícias! Eu consegui um emprego! — Eu e minha irmã saltamos do sofá e corremos para um abraço. Fazia dois meses que ela não conseguia um emprego e estávamos vivendo do dinheiro do acordo pré-nupcial. Minha mãe insistia em não usar aquele dinheiro, porque ela podia ser autossuficiente se tentasse, mas quando as coisas apertaram, ela cedeu à fortuna do divórcio. — É o trabalho perfeito para mim, vocês não têm ideia!

— Mãe, isso é ótimo! — Frida exclamou. — Onde é?

— Então, sobre isso... — Ela disse, receosa. — É em uma pequena vila. Em Florença! — Ela falou, animada. Eu parei um momento para tentar lembrar das minhas aulas de geografia do sétimo ano e localizar Florença no mapa. Frida parou para pensar também e olhou para mim com cumplicidade.

— Mas isso não é na...

— Itália!

— Itália? — Mamãe não parava de sorrir, mas Frida e eu não conseguíamos acreditar. Era setembro, estávamos no meio do ano escolar. Teríamos que aprender uma nova língua, entrar em uma escola nova, morar em outro país... Não tinha motivo, mas ela estava pulando de alegria. — Mas isso é outro país! Você realmente tinha que escolher o único lugar que eu não sei o idioma?

— Ursula, querida. Você fala francês. Espanhol, holandês, japonês, chinês, pachto, grego! Eu acho que esqueci de um.

— Irlandês. E português, mãe. Mas esse não é o ponto! — Eu expliquei. — E Frida? Ela fala inglês e acaba aí!

— Ela pode se virar com inglês, Ursula. Olha, se você conseguiu aprender nove línguas, tenho certeza que aprender a décima não vai ser problema, certo?

— Mas... — Tentei argumentar, mas ela foi mais rápida que eu.

— Sem "mas". Nós nos mudamos em um mês. Comece a arrumar suas coisas. E ajuda a sua irmã também. Nós vamos ficar bem, Ursula.

— Você sempre diz isso.

— E olha como estamos indo. 

 

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Priscila: a 

eu: 🙇🏼‍♀️🙇🏼‍♀️🙇🏼‍♀️🙇🏼‍♀️🙇🏼‍♀️🙇🏼‍♀️🙇🏼‍♀️

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