CAPÍTULO lll
PARTE l
O NASCER DE UM AMOR
O dia já estava amanhecendo, e o cansaço no corpo de Conrado já era visível. Resultado da trágica noite e de horas sem dormir dirigindo, quando ele sugeriu que parassem em algum lugar pra comer e descansar.
Clara ficou com medo. Uma coisa era pegar carona com um estranho, que apesar de difícil, a qualquer momento se ele tentasse alguma coisa, ainda poderia tentar saltar do carro. Outra bem diferente era se trancar com ele em um quarto sem ter escapatória caso precisasse. Mas Clara não conseguia pensar direito, apesar do medo, ela sentia uma enorme atração. Ela queria estar com ele.
Por fim aceitou, também tinha vindo de uma noite difícil e não sabia por que, mas confiava em Conrado.
_ Eu conheço uma pousada aqui por perto. Acho que para descansarmos seria ideal.
Pensou Conrado na pousada Nascer do Amor. Além do nome coincidentemente sugestivo, ele sabia não exigirem nada além de dinheiro adiantado para a estadia. Era perfeito.
_ Está bem.
A única coisa que Clara estranhou foi o abandono da caminhonete cerca de 1km antes, tendo que continuarem à pé até chegarem na pousada.
_ Do quê está fugindo?
Ele respondeu-a com a mesma pergunta.
_ Do quê você está fugindo?
_ Todos fogem de alguma coisa. Clara respondeu.
Mas a clara evidência que algo errado envolvia aquele homem misterioso ficava cada vez mais nítida.
Clara sentiu um misto de sentimentos que nunca antes havia provado. Sentia medo, mas ao mesmo tempo sentia-se segura quando olhava no profundo dos olhos castanhos de Conrado. Não sabia explicar.
_ Não queria te obrigar a nada. Se quiser pode ir. Falou com uma dor invadindo seu peito.
_ Clara hesitou, mas não teve forças de deixar o homem que com os lábios proferiam aquelas palavras, mas com os olhos imploravam outras.
Na verdade o que os dois não sabiam é que no momento em que os olhos dele cruzaram os dela naquela estrada, já estavam perdidamente envolvidos, mais do que eles um dia ousaram imaginar. Mas ambos tinham cicatrizes profundas que precisariam serem saradas antes de se entregarem à paixão e ao amor que nascia entre eles.