As devidas apresentações

55 4 0
                                    

 _ Pra onde está indo?  Posso te dar uma carona.

     Clara não sabia nem o que responder.  Como iria dizer a ele que não sabia para onde estava indo.  Que havia saído a ermo, fugindo de uma situação que gostaria de deixar no passado.  E como aceitar carona de um estranho, que embora tivesse despertado nela algo que ela não sabia ainda definir, um desejo, uma atração inexplicável, ele ainda era um estranho, e só a possibilidade de passar por algo de que ela estava fugindo a amedrontava.

     _ Não precisa se preocupar.  Obrigada por tudo.  Eu sigo sozinha.

     _ Deixa disso, entra no carro.  Ainda está escuro.  Vai demorar a amanhecer, é perigoso.

     _ Não.  Realmente.  Muito obrigada.

     _ Bem , se é assim que você quer...

     Conrado entrou na caminhonete e deu partida.  Pelo retrovisor ainda arriscou um olhar e viu quando ela retirou uma bolsa do carro e pôs-se a andar pela estrada. Diminuiu a marcha e dirigia como se quisesse velar, mesmo que de longe por sua segurança.  Parou.  Não conseguiu mais prosseguir viagem.  Esperou por ela.

     Quando ela o alcançou apenas olhares foram trocados.  Olhares que diziam tudo.  Tudo aquilo que os lábios não ousavam  proferir, tudo aquilo que ambos tentavam negar.  A vibração estava ali presente, latente.

     _ Onde você quer que eu a deixe?  Fez a pergunta não querendo  a deixar, mas não podia prendê-la, embora tivesse vontade.

     _ Não sei.  Tanto faz.  Apenas tire-me daqui.  Respondeu  fechando os olhos e encostando a cabeça  no vidro do carro.

     A resposta surpreendeu Conrado.  O quê estava acontecendo?   Do quê ela fugia que a amedrontava tanto que a fez preferir seguir viagem com um estranho?  Essa mulher precisava se protegida.  Não tinha importância.  Seja lá o que fosse se ela precisava de proteção ele estava disposto a oferecer.

     _ Ao menos o seu nome você sabe?

      Com um discreto sorriso que deixou escapar de canto de boca respondeu;

     _ Prazer, Clara.

     _ Muito prazer, Conrado.  E apertou a delicada e macia mão, segurando-a mais tempo que a mera convenção permitia. 

     Nesse momento se não tivesse sentada, Clara havia com certeza desvanecido, pois sentiu suas pernas amolecerem tamanha era a viração que emanava do corpo masculino.

     Conrado por sua vez sentiu vontade de puxá-la para o seu colo e eijar os lábios carnudos e rosados da deliciosa mulher de curvas generosas e seios fartos.

      

FUGAOnde histórias criam vida. Descubra agora