Capítulo 2

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Tomada de pavor, Ariadne se esquivou da piscina sagrada. As mãos trêmulas tateavam o pescoço, em busca de livrá-la de algum perigo invisível. Caída, sentada ao chão lustroso do templo, arrastou-se à parede mais distante da piscina.

O olhar incrédulo de Mestra Melissa pairava sobre a discípula. De onde estava, mirou o rosto alvo da jovem, os poucos cabelos negros escorridos, o nariz tão diminuto, quase inexistente, sobre uma também pequena boca, que batia sem parar. Já os rasgados olhos azuis refletiam as luzes do susto.

Voltou-se a velha ao espelho d'água. Permaneceu em silêncio.

Ariadne ergueu-se a custo. As pernas ainda bambas deram passos trôpegos em direção à mestra. Num fio de voz, disse:

— Foi horrível, mestra... Tentei, mas não pude parar as visões.

Mestra Melissa apenas moveu os olhos à discípula. Um silêncio inquisitivo imperou na câmara.

Ariadne respirou fundo, esfregando o pescoço em busca de alívio.

— Não compreendo o que vi. Foi tudo tão nebuloso, confuso.

A mestra balançou a cabeça em afirmativa.

— Tudo bem. A primeira vez é assustadora para as novatas.

E Mestra Melissa enfiou o braço na piscina, agitou a água lá dentro.

— É apenas água, vê? Não pode machucá-la. Não se for uma com ela. — E ergueu as grossas sobrancelhas. — Se for contrária, aí será sufocada. Não poderá regressar.

Ariadne engoliu em seco e observou os movimentos da mestra em bater no espelho d'água e espirrar gotas por todo o lado. Como dizer o que havia visto? As imagens foram tão terríveis que ela não ousava recordar. Era necessário contar exatamente o que vira? Se as visões do jovem capitão louro eram reais, sim, todo o reino de Ariel perderia muito com sua morte. Um verdadeiro filho daquela terra. Alguém que protegia sua nação com a força dos braços e o fogo do espírito.

Então a voz arrastada de Mestra Melissa dissipou suas conjecturas como a fumaça ao vento.

— O que você viu que a deixou nesse estado?

Ante a imobilidade da jovem, a velha a conduziu pela mão, e ambas se sentaram a uma mesa de madeira. Mestra Melissa tomou uma xícara e a encheu com o conteúdo de um velho bule de ferro. Em seguida, fez o mesmo com a outra.

— Tome, é chá de artemísia. Vai lhe fazer bem.

E foi entre goles e tosses, inspirações profundas e amargor que Ariadne contou à mestra o que vira. Dolorosas lembranças recentes, como um quadro em tamanho natural que puxa o imprecavido espectador para a realidade de sua tela, rolaram-lhe pela memória. A passagem de tal energia por sua mente deixavam chagas que cicatrizariam lentamente.

O Castelo das ÁguasOnde histórias criam vida. Descubra agora