Capítulo 1: Intrigas a parte

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O saber neste jogo é julgado pela suas técnicas de mestre.

Mariana Miranda

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Seus olhos demoraram para abrir diante da luz intensa vindo da sua janela, a cabeça girava com uma dor frequente que martelava na sua região do lóbulo frontal. Não saberia definir que horas eram, mas o sol estava bem forte, o que indicava que havia passado das 9 horas. Esfregou seus olhos e se virou para o outro lado da cama, seu corpo estava pesado demais para levantar naquele domingo, o único dia que poderia se dar o luxo de passar as horas como bem entender.

Tirou as cobertas e caminhou até o banheiro, tomou um banho e vestiu-se com um vestido leve branco com mangas curtas rendadas e calçou um tênis juvenil preto com girassóis. Decidiu ir ao litoral perto de um cais para ler ao som do mar, a manhã estava fresca e tudo indicava que poderia passar algum tempo sozinha e desfrutar de um ótimo romance investigativo sem que ninguém a interrompesse ou ousar interromper sua leitura.

- Bom dia mocinha! Acordou com fome? Fiz aquela torta que você ama. - disse Elisa empolgada ao ver Elisabeth descendo as escadas.

O sorriso de Elisa Clunnor era contagiante naquela casa, a única pessoa que transmitia um certo ar positivo e angelical, surtindo um efeito imensurável em qualquer ambiente que ela colocasse seus pés. Vestida com seu uniforme e seus cabelos grisalhos prendidos em um coque cercado por uma touquinha de rendinha preta, destacavam seus traços de uma pessoa bem vivida e sábia.

- Estou com água na boca já, levantei da cama especialmente porque senti o cheiro da torta exalando pela casa toda. - as duas sorriram pelo comentário.

- Então acho bom ir rápido minha pequena, porque Otto acabou de ir em direção a mesa do café não faz muito tempo.

As duas se despediram e Elisabeth foi em direção a copa, a nessa posta em fartura e cadeiras vazias, parecia aquelas cenas irônicas de filmes americanos, onde colocavam a postos para almoçar e não comiam nada. Como todos os dias, ela fazia todas as suas refeições sozinha, de vez em quando Otto se juntava a ela quando não ia para o escritório cedo junto com o seu pai. Tudo naquela casa era movida pelo sustento do dinheiro da empresa Étrons, a multimarca mais famosa por eletrônicos e eletrodomésticos da América. Sua existência e seu respirar era devida a empresa, Leonard deixava isso claro como a luz do dia.

Sentou e se serviu uma fatia da torta, realmente Otto havia pegado um generoso pedaço para si. Ela sorriu, desde crianças sempre disputavam entre si a maior parte, Dona Elisa constantemente ia a loucura tentando apartar a briga de duas crianças esfomeadas e selvagens, contudo eles discutiam por uma boa razão, a torta era como experimentar uma sobremesa servida pelos anjos.

Deu uma boa garfada e bebericou um pouco do suco de laranja, após terminar deixou o prato na cozinha e foi ao quarto de sua mãe para avisar de sua saída. Subiu as escadas e passou pelo corredor extenso até o cômodo restrito. Margaret odiava que a incomodassem, seu estado emocional era deplorável boa parte do tempo em que se encurralava naquele quarto escuro e gelado.

Todos sabiam o que ela fazia a maioria do tempo quando conseguia ficar só, se entupia de remédios e sedativos até seu corpo chegar no limite. Uma hipocondríaca que se recusava o tratamento ao máximo. Nem chegara a ver como era sua mãe antes deste vício que surgiu no seu cotidiano, desde quando começou a entender como as coisas funcionaram, sempre se lembra da sua mãe com um vidro de remédios ou uma seringa na bolsa. Um olhar triste e um sorriso enganador desviavam qualquer dúvida sobre a mulher forte e empoderada que se tornava fora de casa.

O resgate de ElisabethOnde histórias criam vida. Descubra agora