#TuasEstrelasJeon
Where's My Love- SYLM
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Jeon.
A primavera chegou mais cedo esse ano, depois de 48 meses melancólicos desde a sua partida pelo porto. Gostaria de dizer-te que as flores estão mais vibrantes ou que as pétalas que caem delas ainda me encantam, mas não, eu blasfemaria dizendo tais coisas.
Tu deveria saber que nada em minha vida tem os tons vibrantes de anos atrás.
Mas, como tudo, nesta existência incoerente, sempre vem com uma vírgula ascendente em nossos corações, eu compreendi que até as cores frias tem sua beleza escondida por trás de todo o julgamento. Eu então entendi que até na dor existe a transcendência de luz.
A casa que construímos, em meio ao furacão de sentimentos, agora é completa de um azul frio e triste, é silenciosa como minha infância sempre pregou aos meus olhos. Porém, eu entendi sobre toda essa ausência de vozes e que a solidão é necessária em um ponto. Eu me entendi, me redescobri em todos esses quadrados vazios.
Os amores quiseram bater em minha porta incontáveis vezes, mas havia sempre algo que o levava para fora. Comecei a imaginar que era tu expulsando cada um, mas a verdade não dita era que sempre fui eu dando um pontapé. Não enxergando meu espaço em todos aqueles corações saudáveis e drásticos que surgiam em meu campo de visão.Apareceu um dançarino sorridente que quis me puxar para saltar sobre cada nota musical, porém meus pés sempre estavam travados para a leveza dele. Então, ele se foi como amor, mas ficou como amigo. Surgiu, como um fogo de artifício, um rapaz de cachinhos cor de mel que me ofereceu calmaria, contudo eu não sabia ler cada parte das suas conversas sobre astrologia e mapas astrais. Por isso, ele se foi como amor, mas ficou como meu consolo.
Porque, Jeon, eu ainda era o menino que queria conversar sobre o nada do mundo com a lua que tu se tornou. E mesmo que pareça que meu coração nunca se abrirá para um novo balançar de borboletas no estômago, eu compreendi que eu não preciso desse infinito para permanecer. Tu continuará a ser o único que fez meus pensamentos se agitarem para lados opostos, formando um labirinto de sentimentos.
Agora, eu finalmente desliguei a luz desse farol, tendo a certeza que tu não voltará nadando até mim. Desci as escadas de madeira, que rangem com meus pés descalços, e encontrei seus pincéis já gastos pelo tempo guardado. E com eles em minhas mãos trêmulas, eu terminei sua pintura de corpos conectados por um fio. Na parede de nossa casa, o rosto deles estão gravado com as rachaduras do tempo.
Trancado, aquele farol meia boca no encontro do fim do mundo, some agora como o sol em uma noite de tempestade. Ele, a partir daquele dia, se tornou apenas um castelo de areia na praia, esperando pela sua próxima onda para, logo, desmoronar tua construção tão frágil. Pois éramos assim, Jeon, frágeis demais para o tornado que nos agrediu.
Eu vejo o oceano daqui, com sua representatividade e abrigo. Eu observo a ostra receber um grão de areia e se incomodar pela dor em teu corpo. Eu a vejo crescendo com isso, com todo aquele misto de sentimentos ruins, mas percebendo que algo germina em ti. Nasce, naquele lugar pequeno e tempestuoso, uma pérola brilhante. É lá que os pescadores nadam para buscar aquela bola maciça e brilhante.
Tu me fizeste uma ostra à espera da tua pérola incandescente.
Tu me fizeste meu próprio pescador.
Tu me deste um oceano infinitamente finito.
A sina de tua existência ainda me cercará por mil anos, porque a dádiva de te compreender e ler cada parágrafo do teu poema… é algo surreal. O eclipse que nós criamos neste amor distante por milhas, será visto pelo mundo algumas vezes ao ano e todos saberão que eu finalmente pude reencontrar minha lua cheia de lágrimas azuis.
Eu abrirei caminhos com a luz para tu voltar para tua casa.
Então, volte quando puder… volte quando quiser me amar, meu viajante.
Todas as estrelas que ficam próximas a ti, cada pontinho brilhante delas, tem seu nome, porque todas merecem espaço e representatividade. Porém, a que brilha dolorosamente em meu coração, pequeno e que bate corretamente, é chamada de Jeon Jungkook. É dita e conhecida como a estrela norte dos viajantes.
Tu se tornou as estrelas da tua própria lua, meu amor. Jeon, tu és agora o universo inteiro decomposto nesta terra que brota a árvore do fim do mundo. A planta que no topo pode ser vista os astros se encontrando, os eclipse se separando e tu dizendo teu último adeus.
Como agora, com meus dedos tocando a grama úmida do teu novo quarto, eu me despeço de ti. Fecho meus olhos para sua imagem que perde a qualidade de seus detalhes. A tua ilustração com pintinhas e olhos de galáxia, parece um borrão de preto, já que a tua pessoa intensa levou todos os pigmentos de nós. Tu estás sumindo de mim, aos poucos, só me restando conviver com nosso arco de prata.
Meu ponto final, que o tempo me apresentou, eu coloco aqui. Coloco nessas minhas últimas palavras que escrevi a ti, nas mãos que se soltaram pela distância irônica da nossa existência. Eu coloco meu final no nosso perfeitamente imperfeito.
Eu te amarei nas várias línguas universais, porém agora eu lhe deixo nesta lápide e viro de costas para ti. Com lágrimas em meus olhos, eu sigo a linha reta dessa estrada que não sei onde me levará, mas que reconheço os pincéis ao meu lado.Uma grandiosa infinidade para ti, Jeon Jungkook.
Eu lhe vejo em outro esbarrar de perspectivas falhas e dias vazios.
Então, apenas adeus.
Adeus, meu garotinho com um cobertor de leão.
Adeus, meu menino apreciador das macieiras.
Adeus, meu rapaz que tinha os dedos apontados sempre para a verticalidade do mundo.
Adeus, meu pintor de paredes e corações incolores.
Adeus, meu amor de primaveras e verões frios.
Adeus, meu paradoxo de vidas que se cancelam.
Adeus, Jeon.
Com amor e carinho, seu anjo.
P.s. Eu prometo tentar lhe salvar em outras vidas.✦
O Fim? Eu não poderia confirmar...
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As Estrelas da sua Lua • jjk + pjm
Fanfiction[FINALIZADA] [t e r c e i r a l i n h a] Amigos de infância, Park Jimin e Jeon Jungkook viveram uma história de tons azuis em um quadro branco. Um amor pequeno que cresceu gradativamente, mas como todo bom quadro abandonado, a história escorreu da...