✦ Teu nome és Aldebaran ✦

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#TuasEstrelasJeon

Broken- Jonah Kagen

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Querido, Park.

Quando tu brincava de piano em meus braços marcados pelas veias estouradas, eu sempre pensava do porque ter ganhado a dádiva de ainda o ter em meu corpo defeituoso. Eu não tinha um coração que pudesse suportar todo o teu amor, então por que tu sempre se abrigava nele?

A verdade, Park, que nunca consegui te contar até essas palavras jogados em uma folha de papel, é que eu nunca procurei por um novo coração. O que eu poderia fazer com aquele pequeno milagre se eu não sabia mais viver?

Era sempre pesado, Park. Eu vivia naquela chuva, sem um guarda-chuva para me manter seco, já que a qualquer momento eu parecia escorrer pela água. Como tu esperava que eu respirasse, quando eu nem me lembrava da primeira vez que fiz isso sem tanto esforço?

Tu gostava de me contar sobre a primavera, que todos nós merecíamos essa estação tão esperada e que toda flor um dia conheceria o sol. O que eu nunca te deixei ver, porque gostava de o manter fora dessas visões tão reais deste mundo conturbado, é que minhas rosas só nasceriam com a perda da luz. Mas o que iríamos fazer, Park, se tivéssemos essas visões opostas?

Então, eu sorria para ti, porque sabia que quando eu pulava a janela de nossa casa, eu era teu conforto. Eu o deixava andar em minha frente, pelo medo que eu sentia de tu perceber meus reais desejos. Contudo, tudo estava sempre tão frio, como se o verão estivesse se arrastando por uma década inteira.

E esse frio subia em meus pés, passava pela minha corrente sanguínea e parava na área de alerta em minha vida. Eu queria explodir, Park, em todas as vezes que aquela máquina brilhante me levava até o velho. O Velho que era o dono desta melodia. Eu queria ser aquela bomba, mas meus ossos não tinham mais forças e minha voz perdeu a função de fala.

Então, quando meu coração chegou, como uma válvula de escape, eu não o aceitei em meu peito criterioso. E eu me senti bem, Park, como apenas me sentia com seus toques em minha bochecha. Pela primeira vez na nossa vida, eu não iria mais me recordar de todo o silêncio gélido da casa de meus pais, não iria mais lembrar da dor que a vida te apresenta quando tu abre seus olhos.

Eu poderia ser livre em todas as dimensões.

Poderia, finalmente, te alcançar com meu verdadeiro eu. Porque tu sempre foi estrela, Jimin, a imensidão de pontos físicos em um vácuo. Tu era vida, quando já não tinha mais noção disso. E mesmo que eu apoiasse toda essa carcaça, que logo seria devorada pelas traças do chão, em teu olhos carinhosos, eu sabia que deveria parar. Por ti e por mim.

E mesmo que tenha sido egoísta, mesmo que tenha saído da rota de nossos planos mais singelos, eu precisei pensar em mim. Pensar nas coisas que ainda faziam sentido para minha alma... e tu sempre foi a minha bússola pautada para o norte. E naquela noite, com meu cobertor velho em nossas pernas grandes, eu decidi que minhas lembranças felizes eram mais significativas que um coração forte.

Porque ainda queria vê-te como aquele garoto transcendente que meus olhos nunca desfocaram. Quando ainda tínhamos a ilusão que a felicidade genuína seria apenas aquilo, aquela inocência sincera de ser criança sem alguns dentes de leite. Era aquilo, Park, todo aquele misto de infância agridoce que eu manteria nos nossos últimos dias.

E eu te amei mais do que eu conseguiria e muito menos que tu merecia, mas eu soube, quando suas lumes se fecharam, que quando o relógio batesse o último ponteiro, eu estaria mais perto de ti, como nunca estive. Então, eu me despedi do meu primeiro e único amor, do homem estrela que vivia na terra e tinha sentimentos tão complexos sobre um garoto que esqueceu de pintar tua própria vida.

Mas esse garoto perdido, amor, esse rapaz sem rumo encontrou naquele mar gelado a paz. E mesmo que isso lhe corroa todos os dias, mesmo que esta casa desmorone em teu astro, apenas continue a iluminar o oceano do mundo. Mude sua rota que sempre seguia o horizontal e busque mais a verticalidade do céu. E eu saberei que iremos nos encontrar na extensão do nascer ao pôr-do-sol.

Porque, minha pequena estrela azul, a nossa eternidade será escrita por nós dois. Eternizadas por nossas mãos irregulares e nossas imaginações dimensionais. Sem explosões e choros velados, sem tempestades de primaveras que chegam com a surpresa da neve.

Nós dois, tu e eu, eu e tu... criaremos o nosso universo, com estrelas e luas.

Porém, tu deves se despedir do teu primeiro amor. Dizer adeus a essa tempestade que durou milênios e passar uma tinta em todas aquelas paredes rabiscadas. Transcenda, volte os passos e esqueça do beijo dado, as mãos entrelaçadas, as maçãs devoradas por nossos estômagos famintos e do garoto que trazia o cobertor infantil.

Eu não digo que és fácil, mas tenho convicção que nada é difícil para ti. Esqueça do seu primeiro amor, mas se recorde do teu melhor amigo e parta para uma primavera interminável de flores caindo sobre seus cabelos e estrelas brilhantes.

Eu nunca o deixarei, Park, porque o céu está ao seu alcance. Se lembre disso e seja genuinamente feliz na sua condição de sofredor. Pegue minhas cores e termine meus quadros.... Termine essa carta velha, amor.

Meu amor é universal, meu amor ultrapassa galáxias.. Meu amor será teu até o fim da luz.

Atenciosamente, Junii.

As Estrelas da sua Lua • jjk + pjmOnde histórias criam vida. Descubra agora