Evaporação

16 0 0
                                    

-Júlia, você está me ouvindo? - Perguntou Igor com uma sobrancelha levantada.
-Ann... Claro que estou, Igor. - respondi apressadamente.

O que ele estava falando mesmo? Acabei pensando no querido Neve, por alguma razão, e olha que não sou nostálgica.

-Eu estava falando... Que minha gata acabou de ter filhotes, e olha que estranho, apenas um! - Igor fala empolgado.
-É verdade, geralmente são vários, deu sorte e azar, porque até da para ficar com ele. - falo eu, e dou uma risadinha.
-Tentarei pedir a minha mãe que deixe eu ficar com ele mesmo, é bem fofinho. - Igor fala com ar sonhador na voz.
-Igor, a conversa está boa, mas terei que ir para casa, tenho que acabar um livro ainda hoje. - Diz eu, enquanto me levanto. - Até amanhã.
-Claro sem problemas, amanhã nós falamos, até depois Gabrich.

Fui caminhando para minha casa, o sol já estava se pondo ao longe, e como moro no bairro vizinho ao de meu amigo Igor, não vi problemas em ir ver como estava sua gata hoje.
Mas aí notei algo estanho, na minha rua tinha muitas pessoas, até um carro da polícia. O que estava errado? Me desesperei, toda minha família estava bem quando sai horas antes, ou não estava? Eles pareciam normais, até o Felipe meu irmão estava brincando com o Neve.
Sai correndo entrando na multidão, que me deixava passar e me olhava com tristeza, como se soubesse algo grave que apenas eu não sei, e vi minha mãe chorando e falando com vizinhos.

-Julia, eu sinto muito... Eu fui pegar a correspondência, e deixei a porta aberta por 1 minuto, e nesse tempo - Célia começa a soluçar - o Neve estava na garagem, e ele saiu, faz 2h e ele ainda não voltou! Seu pai chegou do trabalho e foi procurá-lo. Eu sinto muito minha filha, eu sinto muito.

Era como se uma janela protetora, que estivera comigo tantos anos, simplesmente caísse e quebrasse, me arranhando toda e me deixando sem onde pisar. Mas... Não podia ser verdade, o Neve não poderia ter evaporado como água.

NeveOnde histórias criam vida. Descubra agora