capítulo 2

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" Até você se tornar consciente, o inconsciente irá dirigir sua vida e você vai chama-lo de destino".

LUCY

Longas horas dirigindo e em mesma posição cobraram seu preço, as costas rígidas reclamavam, suas pálpebras travavam uma acirrada luta para manter-se abertas. Prévia chegar a casa da mãe amanhã; então seu corpo teria de aguentar um pouco mais ou até encontrar um hotel pra passar a noite.
Sem nenhum sinal de rodovia desde que cortou pela estradinha de terra - que não falha a memória era a mesma da época que morava na cidade. Muita usada pelos moradores quando a estrada principal era interditada e por ser mais rápida que a ciclovia. Na intenção de escapar do congestionamento provocado por um acidente, desviou do caminho. Uma luz acendendo em sua cabeça; embora agora estivesse indecisa.

__ Devo ter nascido numa sexta feira treze, nao é possível ser tão azarada.
Não pira Lucy está tudo como antes, daqui uma - talvez duas ou três horas chegaremos na casa da minha mãe. Eu peço desculpas dou uma de filha arrependida que quer voltar para casa, tomo um banho, uma comida e quentinha e cama- se ainda tiver meu quarto. - ressaltou.

Por insistência dela, teve um quarto só para si, não dividindo mais com o irmão. A coleção de bonecas intacta antes do adeus definitivo da casa da mãe e sendo improvável Marta não ter se livrado das bonecas, tinha esperanças de encontra-las do jeito que deixou. Não era as barbies em si seu interesse e sim nas roupas que podia desenhar e criar para elas. Cada uma das cinquenta bonecas com um modelo exclusivo feito por Lucy  desde os cinco anos. Nos dias atuais não tinha o mesmo entusiasmo de quando menor, mas vez ou outra suas roupas eram feitas por ela mesma já que nem sempre encontrava seu número.

Consultando o GPS pela setima vez em menos de trinta minutos com pesar constatou o óbvio:

Completamente fora do radar.

Pelo menos era o que o GPS exibia, não existia estrada de terra por ali, repassou repetidas vezes todos os caminhos e estradas desertas e não achou a que tanto procurava. Era certo que com os passar dos anos haveria mudança, mas não julgou que o velho caminho também passa-se pelo processo. Afinal gestões anteriores não demonstravam dar mais visibilidade a estradinha mesmo sobre protesto dos moradoras. "Não há verba", era a justificativa. Ao que tudo parece admitiram finalmente o valor dela. Lucy lamentou não ter sido avisada antes de seguir sua intuição e se jogar com tudo.

Tudo bem se confortou, quantas e quantas vezes caiu do cavalo por seguir cegamente sua intuição. Provando não ser cem por cento confiável, interrogava a si por que raios ainda acreditava nela, também não era absolutamente descartável; alguns acertos aconteciam- bem poucos, mas aconteciam. E confiando nesse quase nulo sentindo; saia em um dia quente favorável a um passeio agradável para meia hora depois o tempo virar e ter de voltar ao apartamento ensopada de água. Lucy seguia um lema: Se sua intuição afirmava uma coisa, ela seguia outra.

Olhou pelo retrovisor; Bob dormia no banco de trás, o carro de segunda mão caindo aos pedaços tinha alguns furos no estofado, o rádio não mais funcionava e seria questão de tempo até a velharia morrer de vez. Pelos solavancos que o carro dava quando passavam por um buraco era intrigante o pastor alemão não ter acordado. Bob dormia no espaço que ajeitou perto das caixas de mudança que ocupavam o resto. No banco do passageiro o quadro antigo repousava- o primeiro. Chegava longe de ser uma grande obra de arte- um rabisco feito por uma criança travessa. No entanto para Lucy era de um valor imensurável; foi a brasa que precisava para acender sua criatividade.

__ Dorminhoco. - brincou só ao cachorro em sono pesado que remexendo pronunciava barulhos fofos.

Estaria sonhando?

Draximon ( Degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora