capítulo 1

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"Todo fim dá lugar a um novo começo: a vida e vasta e cíclita."

LUCY

O cabelo preto cacheado preso num coque frouxo mal feito, calça jeans escuras e largas que não caia bem nela, a qual persistia ter no guarda roupa para "disfarça as gordurinhas indesejadas",
uma blusa de moletom cinza e tênis compunham o look desleixado.

O clima meio louco  - ontem o sol escaldante, hoje nublado e chuvoso. O frio propenso para matatonar uma série qualquer, alinha-se debaixo da coberta, e chocolate quente pelo resto do dia. Não era o caso.
O relógio antigo do seu avô marcava nove horas em ponto, Sr Domingues atrasou-se. Qual a probabilidade de esquecer a ameaça proferida sexta passada? Pouca ou nenhuma. Deveria estar despejando outro pobre coitado de uns de seus apartamentos espalhado pela cidade. Velho imundo!

O olhar perdido fixado na barata zigueando a parede branca, o inseto aparentava estar tão desorientado como ela, vez ou outra mudando a direção sem rumo - enfim encontrou seu caminho, sumindo num buraco escondido estrategicamente atrás da cômoda. Em um dia comum, gritaria afoita em busca de uma vassoura para matar o bicho. Hoje não era um dia comum.

Encarcerada na própria melancolia, um filme rodava em sua cabeça, flexes de sua vida passava simultaneamente fazendo refletir onde exatamente errou. O plano desde o começo era recomeçar; " tão sonhada independência". Longe do domínio da mãe, suas lamúrias e lamentações. Então o que deu errado no plano meticulosamente pensado? Sua confiança depositada há pessoas não merecedoras dela ? A demissão por não ter se sujeitado a dormir com o chefe ? Ou o relacionamento de merda com um canalha que a iludiu por dois anos para acabar tudo por uma carta ?

Droga, aquilo nem poderia ser chamado de carta !

Uma facada no peito doeria menos.

" Sinto muito, não pretendia terminar assim, não quero criar falsas esperança entre nós. De uns tempo pra você tem criado um futuro entre a gente - casamento, filhos... Não dá!
Lucy você e maravilhosa e tudo mais, contudo te vejo mais como uma amiga que sentaria é conversaria sobre a vida, do que como namorada.
Eu tentei, juro que tentei, mas não consigo me sentir atraído por você. Não é algo que escolhi entendi ?
Estava sem um tostão no bolso, desempregado. Lucy quando a vi no bar, sabia que seria minha tábua de salvação... A garota carente e sozinha, e realmente veio muito a canhar.
Eu não vou mentir, estou com outra pessoa, temos uma sintonia incrível. Finalmente parece que estou gostando de alguém além de mim mesmo.
Sei que é tarde para lamentações... lamento pra caramba a trajetória que tomou entre a gente. Quem sabe não podemos ser amigos?
Eu estava desesperado e você apareceu, realmente sinto muito.

Maycon

Ps: "Sei ... cuide de você, uma dieta quem sabe? Homens não gostam de mulheres desdeixadas e frigidas."

Frígida!? O desgraçado a chamou de frígida. Filho de uma puta miserável!
Desejou um pouco amarga que o ex levasse um pé na bunda da garota, pagasse na mesma moeda. Sozinho, largado a sorte. O coração destroçado de tal forma que seria impossível confiar em alguém novamente, o medo de machucar sendo maior. Era obscuro para Lucy o destino almejado para ele. Mas o que importa ? Maycon não se importou com ela ou como ficaria, todos que a prejudicaram de alguma forma não se importaram com nada além do próprio umbigo. Conhemos o que plantamos certo? Esses anos cultivou má escolhas, o resultado veio com a colheita ruim. Era gritante, mais ainda se não tivesse incobrido as entrelinhas alertando a falta de caráter do ex: quão incomodando estava com seu peso - os comentários maldosos disfarçados com um sorriso;  " vai mesmo pedi pizza? E só que você tinha dito ter entrado em uma nova dieta, irá regredir qualquer avanço dessa forma. Peça uma comida saudável, menos calórica. "  Preocupação, pensava.

Draximon ( Degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora