Capítulo 11

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Passado os insultos, gritos e do meu próprio pai me enforcar, saí de sala com todo repúdio existente. Também não perdi a oportunidade de cuspir em seu rosto, minha vida inteira quis fazer isso. Procurava desesperadamente por todo o palácio, salões, quartos, até achar Anastásia sentada no banco do jardim que ficava ligado a cozinha.

Anastásia era filha de umas das cozinheiras. Sua família era um das que vieram de São Petersburgo para Moscou quando a capital russa foi modificada. A linhagem dela sempre serviu a minha, infelizmente.

Também era minha melhor e única amiga, depois de quase 16 anos sozinha, tive alguém para conversar e me atualizar sobre o mundo moderno. Quebrando assim, abismo entre patroa e empregada.


- Privet, Kristina! - (Privet = Saudação russa) - Não sabe como eu senti sua falta, você ilumina esse palácio. - Falou ao me dar aquele caloroso abraço que só ela sabia.

- Menos, bem menos. - Falei ao me soltar e me sentar ao seu lado. - Tenho tantas novidades, não sei nem por onde começar.


Conversamos por um longo tempo, e pude notar meu pai nos observando através de sua janela. Anastásia ficou super feliz em saber sobre Jadon, ela não era racista, diferente da minha família e da grande maioria do país.

As poucas horas que passei naquela casa me davam asco, então voltei no mesmo dia. Ana como a chamava, me acompanhou até o aeorporto e conversamos até os últimos minutos, por mim a levaria comigo, mas ela sempre disse que seu dever era servir a família czarina, assim como sua mãe, avó, bisavó...



* 2:43 da madrugada - Dortmund, Alemanha *



- Jadon acorda! Acorda agora! - Falei alto ao chaquoalhar o mesmo enquanto dormia em minha cama, assim que cheguei em casa. Ele se fez de surdo. - Malik é sério, eu preciso sair da Alemanha o mais rápido possível!

- O quê? Por que? - Enfim tinha o acordado.

- Eu estou correndo risco de vida. Meu pai tentará me matar de qualquer jeito. - A partir deste momento ele entendeu que eu não estava brincando.

- Como assim? Ele descobriu do quadro? Ele te ameaçou?

- Ele descobriu do quadro, mas isso é só a ponta do iceberg. E não, ele não me amaçou, DIRETAMENTE. - Falei enquanto retirava a mala do armário e jogando todas as roupas dentro.

- Então calma, está tudo bem! - Jadon tentou me acalmar segurando meus pulsos em cima da mala, mas de nada adiantou.

- Não está tudo bem, você não está entendo... Você não tem noção do que é a minha família, o que é o meu pai. Eu avisei, eu sempre destruo tudo que toco, saia de perto enquanto há tempo. - Jadon parou por alguns segundos tentando digerir tudo ao mesmo tempo enquanto eu procurava meu passaporte. - Não posso ir para Liverpool, Itália...

- Heaven! - Ele segurou meus pulsos novamente, chamando minha atenção. - Escuta aqui, eu amo você, e eu não vou te deixar nem que o diabo estivesse a sua procura. Você irá para Trindade, mandarei meus pais irem para cuidar de você e quando puder eu irei.

- Estou com medo, Jadon . - Finalmente cedi e desabei em seus braços, era a primeira vez que chorava em sua presença. - Eu já vi a morte passar duas vezes diante de mim, mas agora é diferente, estou com um pressentimento ruim.

- Calma, abelhinha, dará tudo certo. - A voz de Jadon era a mais doce e mais poderosa que já havia ouvido, só ela tinha o dom de me acalmar.

Ain't No Sunshine - Jadon Sancho ✅Onde histórias criam vida. Descubra agora