Capítulo 17

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"Como você escreve um texto dissertativo-argumentativo?" Clay pergunta, olhando para o documento em branco em seu laptop.

"Eu não sei, eu sou foda." George ri.

Os dois estão sentados no quarto de George, Clay está trabalhando em uma redação para inglês, enquanto George repassa sua codificação outra vez, tentando fazer o programa funcionar. Hailey avisou Clay que papai estava em casa e ela saiu de casa antes que ele pudesse vê-la. Ela está na casa de Tommy agora, e a última coisa que Clay precisava era estar em casa com seu pai.

Ele ainda não tinha contado nada a George, não sobre os xingamentos ou a briga. Nem sobre o ódio que sentia por si mesmo. Parte dele se sentia culpado por não contar a George, era pra isso que os relacionamentos serviam, certo? Apoio, suporte. Mas olhando para George agora, Clay sabia que ele não poderia dizer a ele. George estava concentrado, suas sobrancelhas franzidas e ele estava mordendo o lábio. Ele parecia tão perfeito naquele momento que Clay não conseguia acabar com o clima. Ele não poderia arruinar este dia para George. Estou fazendo isso por ele, lembra a si mesmo, embora saiba, no fundo, que tudo o que está fazendo é se poupar.

Ele tenta o seu melhor para agir como se tudo estivesse bem, mas George claramente percebe que algo está errado porque ele demora quando ele dá um abraço em Clay. Clay quase evita dar um beijo nele, mas ele tem um pressentimento de que esta pode ser a última vez que eles estão juntos assim.

O beijo parece um adeus, o último em muito tempo, e Clay sabe que George também o sente. Clay saboreia a ternura do momento, puxando George o mais perto que pode. Ele não quer que isso acabe, ele não quer perdê-lo, mas quando ele sai da casa de George, ele se sente como se estivesse em queda livre, caindo para o desastre a cem milhas por hora sem ter como parar.

Ele não fraqueja até sair da casa de George, mas assim que sai da vizinhança liga imediatamente para Nick. Tudo o que ele tem entalado nas últimas semanas está repentinamente explodindo, e agora ele realmente precisa de seu melhor amigo.

Nick atende depois que ele toca duas vezes. "E aí?"

"Você não está ocupado, né?"

"Não por que? Está tudo bem?"

Clay fica em silêncio, a verdade é que ele não está bem há um bom tempo. Ouvir Nick perguntar, torna sua situação muito mais evidente e ele quase desliga, uma sensação de pânico repentino ameaçava dominá-lo. Em vez disso, ele respira fundo e começa a falar.

"Meus pais estão brigando. E é pesado cara, eles já brigaram antes, mas nada assim. Eu…" ele faz uma pausa. "tenho certeza de que a culpa é minha, o que torna tudo pior. Eu simplesmente não sei o que fazer. Meu pai... ele disse que eu não era mais filho dele."

"Deus, Clay, sinto muito."

"E no jogo... a pessoa que me machucou, fez de propósito."

"O que você quer dizer?"

"Antes de me derrubar, ele me chamou d-de..." Clay para, ele não consegue nem se forçar a dizer isso em voz alta.

Nick está quieto, mas Clay quase pode sentir sua raiva pelo telefone. Eles se conheciam há tanto tempo que Clay sabe exatamente como Nick age quando está com raiva.

"Ele pode ser banido da equipe por isso se falarmos sobre isso com a esco-" Nick começa, mas Clay o interrompe

"Não. Eu… eu não quero envolver a escola."

"Tem certeza?"

"Sim, vai ficar tudo bem, ok? Só estou um pouco abalado, só isso."

"Você sabe que as opiniões deles não importam, certo?" Nick diz a ele com firmeza. "Não há nada de errado com você, e não importa o que algum estudante estúpido diga. Quanto ao seu pai, ele abandonou o papel dele há muito tempo. As opiniões dele também não importam."

Nick parece estar certo. Ele tem a mesma confiança ao falar sobre sexualidade que Clay costumava ter; essa que, perdeu em questão de horas. Clay quer tanto acreditar nele, mas as palavras de seu pai o feriram mais profundamente do que qualquer outra coisa. Seu pai costumava ser seu herói, agora ele estava renegando seu próprio filho por uma parte de si mesmo de que tanto se orgulhava. Como ele deveria acreditar nisso?

Enquanto ele para em sua garagem, Clay pigarreia. "Estou em casa, posso te ligar mais tarde se eu…" se eu precisar, ele pensa consigo mesmo, o que é estranho. Ele não está acostumado a precisar de pessoas, ele sempre esteve bem sozinho. Na verdade, muitas vezes ele era a pessoa que seus amigos procuravam quando precisavam de alguém para conversar, era estranho que a situação mudasse.

"Eu estarei aqui, ok?"

"Ok. Obrigado por tudo."

"É pra isso que os amigos servem."

Clay sai do carro e vai até a porta da frente. A casa está estranhamente silenciosa e seu estômago embrulha. Ele quase dá meia-volta e sai, mas quando volta para a garagem, vê um carro estacionar e Hailey descer.

"Achei que você ia passar a noite com Lani." Clay diz enquanto ela sobe a calçada.

"Eu ia, mas então mamãe mandou uma mensagem."

"O que?" Clay pergunta, pegando seu telefone. Com certeza, há uma notificação.

mãe
ei querido, preciso que você volte para casa.

Algo está errado, ele pode sentir, mas vendo o medo nos olhos de Hailey, ele respira fundo e tenta ser corajoso, se não por si mesmo, então por ela. Ele pega a mão dela e os dois entram na casa.

From Scratch | DreamnotfoundOnde histórias criam vida. Descubra agora