Capítulo 20

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Clay está sozinho. Ele não consegue dormir, está acordado há horas e nunca se sentiu tão sozinho. Enquanto sua mente vagueia, ele tenta controlar seus pensamentos, forçando-se a pensar em escola ou futebol, mas no final, ele pensa em George. É sempre George.

Ele sente falta dele. Se ele se concentrar, ele quase pode sentir as mãos de George sobre ele, o toque correndo em sua espinha. A risada de George ainda ressoa em seus ouvidos e às vezes quando ele está despreparado, ele vê um lampejo do sorriso de George e não consegue respirar. Ele sente tanta falta de George que seu peito dói.

Eu fodi tudo.

Há uma parte dele que quer voltar no tempo, de quando ele estava parado na porta de George. De volta a quando George pediu para ele ficar. Essa parte dele quer desfazer tudo o que veio depois, consertar todos os seus erros, mas a parte racional dele sabe que fez a coisa certa.

Por mais que sinta falta de George, Clay ainda está muito orgulhoso dele. O MIT era algo que parecia fora de alcance, mas George fazia com que parecesse fácil. Clay muitas vezes se lembra de como os olhos de George se iluminavam quando ele falava sobre a universidade. Esta foi a coisa certa, ele diz a si mesmo, mas ainda parece ter algo errado.

Clay parece aéreo. Ele vai para a escola e, embora tente, ainda fica para trás e não consegue prestar atenção o suficiente para aprender. Ele sai com Hailey, mas há uma distância entre eles que não existia antes, o que Clay acha que pode ser a pior parte de tudo.

Ele está fazendo fisioterapia e seu tornozelo (felizmente apenas torcido) começa a cicatrizar. Suas costelas melhoram a cada dia e ele tem certeza de que agora conseguirá rir sem sentir dor, o único problema é que nada parece deixá-lo feliz.

Chega um momento em que Clay se pergunta se ele vai voltar ao futebol. É durante a fisioterapia e ele está tentando se equilibrar e ele se lembra de como quando ele entrou para o time do colégio como um calouro, seu pai o ajudou a treinar fora da prática. Em um dos treinos, seu pai jogou a bola para ele e Clay tinha que ficar na linha de jarda perfeitamente equilibrado ao pegá-la.

O futebol sempre foi algo muito ligado ao pai e ao relacionamento deles. Ele não via seu pai há semanas e nesse tempo ele começou a cansar do futebol. A única coisa que realmente o fez querer voltar foi seu time, e Nick lembrando-o de que o futebol não pertence a seu pai. É algo que Clay gosta e ele não vai deixar seu pai tirar isso dele.

Nick foi uma força estabilizadora na vida de Clay nas últimas semanas. A primeira pessoa que ele conversou após o término foi Nick, mas tudo o que ele disse foi que eles haviam terminado. Ele ainda não tinha dito a ele por que, ou que foi ele quem terminou com George. Parecia que Clay estava guardando tantos segredos e não sabia como revelá-los.

Nick não o pressionou e, em vez disso, compartilhou eventos de sua própria vida, principalmente seu relacionamento com Karl. Ambos resolveram seus próprios problemas, apoiando um ao outro tanto quanto podiam e, no final, Karl o convidou para sair. Clay tenta ficar feliz por eles, ele realmente tenta, mas cada vez que os vê juntos parece que está sendo apunhalado no coração. Ele simplesmente não consegue se sentir feliz por eles quando tudo em que consegue pensar é o quanto sente falta de George. Como ele gostaria de ainda poder segurá-lo assim.

O peso da falta dele afeta cada atmosfera da vida de Clay. Suas notas estão caindo, mas sua mãe não o pressiona. Ela sabe que o divórcio está sendo ruim o suficiente, e ela sabe sobre o término. Ele está de recuperação em metade das matérias e está se segurando por um fio em todas as outras.

Ele quase desiste de Programação. Conforme o semestre continuou, a matéria só ficou mais difícil e agora ele nem mesmo tem George para ajudá-lo. Ele tenta prestar atenção na aula, mas seu foco é curto, e o professor não ajuda em nada, sendo péssimo explicando.

Quando surge outro grande projeto, ele realmente pensa em entregar nada. Ele precisa usar javascript, com o qual não está familiarizado. Clay sabe que não pode pedir a George, não importa o quanto ele queira.

Ele decide pedir ajuda a Sam, o que o deixa empolgado. Ele não tem conseguido ver Sam muito desde o fim da temporada do futebol. Mesmo que ele tecnicamente tenha outro semestre com ele, Sam não está em nenhuma de suas aulas e Clay aproveitará qualquer oportunidade para passar um tempo com ele.

Clay era o único calouro a chegar ao time do colégio e estava nervoso antes do primeiro treino. Assim que entraram em campo e a equipe viu como ele era habilidoso, Sam decidiu aceitá-lo. Sam foi a primeira pessoa da equipe que fez Clay se sentir bem-vindo ali. Quando George contou a Clay sobre a primeira vez que o viu, ele mencionou como Sam delirou com ele sobre o quão bom ele pensava que Clay seria. Sam sempre acreditou em Clay, mesmo quando ninguém mais acreditava. Ele seria capaz de ajudar.  Clay tinha certeza disso.

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