CAPÍTULO ÚNICO:
Ela só escutou o barulho do disparo do rifle, um cheiro forte de pólvora queimada invadiu suas narinas, passou bem perto, seu coração disparado e a adrenalina percorreu seu corpo. Em instinto de uma mãe selvagem cria da própria natureza mais virgem, intocada por homens brancos. Agarra como uma fera seus dois filhos, segurando forte, voltando a correr floresta adentro. Com destreza esquivando-se dos obstáculos naturais, galhos, troncos e árvores, tornou-se admirável se não fosse pela circunstância que se encontrava de sobrevivência.
Caçadores, seres das profundezas mais sóbrias vindo daquilo que eles denominam de civilização, amontoados de pessoas, fezes e doenças. Homens brancos dotados de todos os tipos de perversidades e desprezo contra a mãe natureza. Ela não entendia o porquê de tamanha maldade.
Fox, já fugia um ciclo do sol quase inteiro, machucada e cansada, por todo seu corpo havia pequenas feridas de espinhos, galhos e quedas. Suas pernas doíam, mas não podia parar de correr, pelos seus bebês. Tinha que protegê-los. Os caçadores não desistem, era um raro prêmio matar um pele vermelha, nome a qual eles chamavam a raça selvagem de Fox.
- Ela foi por aqui. - Gritou um deles.
A voz ressoou junto a um assobio sombrio, percorrendo a floresta. Estão a poucos metros de distância. Com olfato aguçado, Fox sente aquele cheiro incomum ao natural, cães! Raça ancestrais, treinados para matar por puro prazer, demônios encarnados em corpo animal manipulados por caçadores, velozes como os selvagens e violentos por desejo de sangue inocente. Ela reconhece aquele cheiro se aproximando veloz, estalos de gravetos quebrando sobre as patas rápidas da fera, são bem audíveis. Ela aumenta a velocidade, não consegue mais, está fraca. O cão está bem próximo. Seus filhos choram, ela não consegue, ela não consegue mais. As presas afiadas da fera grudam na sua pena, te derrubando de imediato seus filhos rolam em meio a vegetação bruta. A dor acende sentido quando sua carne é rasgada nos dentes da criatura, que não solta ensandecida de ira ao sentir o sangue de Fox em sua boca.
Fox não poderia desistir, tinha que proteger seus filhos, era uma Xamã o espírito vermelho da floresta. Reunido o resto de força que tinha de uma verdadeira mãe selvagem nascida da flora, aplica uma mordida feroz na jugular do cão, sentido seus dentes entrarem naquela pele grossa e suja, ate o sangue esguicha em seu rosto, vendo o cão caído se debatendo na relva. A vida se foi daquele pobre animal manipulado.
Em seus pensamentos pediu ajuda a mãe natureza, se fosse intervir esse era o momento. Levantou mancando, outro disparo de tiro em sua direção. Pegou seus dois filhos sujos de terra e folhagem, ainda choravam alto, impossível os caçadores não ouvirem.
Não conseguia mais correr, não com todo peso que carregava, sua perna sangrava e doía muito, porém parada ali seria seu fim. Caminhou mais rápido que pode, a mãe das noites assumia com uma compostura nos céus, isso te daria vantagem na escuridão. Após um longo tempo caminhando desorientada, se deparou no lugar mais inapropriado possível uma cabana de homens brancos. Ouviu um uivo de outro cão de caça, focos de luzes vinham da imensidão da floresta os caçadores não desistiram, estavam no seu rastro.
Não conseguia mais prosseguir, estava exausta. O que fazer? Um poderoso trovão ecoou, seria um sinal da mãe natureza? Sem pensar, correu para a cabana que estava vazia, era grande e aconchegante, troféus de caças pendurados nas paredes e vários rifles moqueados acima da parede da lareira. Não poderia ficar ali os cães sentiriam seu cheiro, colocou seus filhos escondidos em um amontoado de cestos de palha em um canto escuro do recinto, os deixaria ali até conseguir despistar os caçadores. Seus bebês emitem um som semelhante a grunhido, porém com o som da chuva que começava a pingar nas telhas de barro e por baixo do sexto seriam abafados os sons.
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FOX (CONTO)
Cerita PendekUma mãe selvagem determinada em proteger seus filhos numa perseguição de homens brancos, em um mundo repleto de maldade, onde o diferente é considerado estranho e inaceitável para uma civilização chamada moderna.