Preocupações

753 80 76
                                    

Aria

Caminhei pelas ruas movimentadas de New York tentando não ser vista por ninguém. Passando por algumas bancas de jornal, percebi de relance algumas fotos de minha entrevista com o Tony, as ignorei seguindo reto. Chequei as coordenadas no celular, e parei para observar a enorme placa laranja em minha frente, o letreiro preto dizia "Informer" em letras garrafais. Engoli em seco, olhei para os dois lados e entrei. O sininho da porta anunciou minha chegada e o atendente do balcão levantou a cabeça.
- Bom dia! Seja bem vinda a Informer, em que posso ser útil?-Ele perguntou segurando a aba do boné laranja, assim como o resto do uniforme.
- Ahn, eu...Eu recebi um pen-drive com esse endereço, é, eu não sei bem o que fazer...
O atendente sorriu levemente.
- Já sei, é uma caça ao tesouro de aniversário?
- Ahn...quê?-Perguntei confusa.
- É, um dos serviços da Informer é um arquivo de banco de dado, você pega um daqueles três computadores ali.-Apontou com o dedo para uma das extremidades da loja onde três computadores muito antigos estavam.-Deixa uma mensagem ou um arquivo, e qualquer pessoa que saiba a senha e o login pode acessar.
Oscilei entre o garoto vestido de laranja e os computadores cor de creme no fundo da loja. Coloquei a mão no bolso e senti o pen-drive lá.
- Hum, é um trabalho da escola na verdade. Quanto eu pago?
Ele pareceu não entender como aquilo seria usado para um trabalho escolar, mas não questionou.
- Vai criar ou acessar?
- Acessar.-Declarei.
- Então já está pago, pode escolher qualquer um dos computadores.
- Obrigada.
Passei por algumas prateleiras cheias de fones de ouvido e me sentei em frente ao computador do meio. Apertei o botão de ligar e a máquina fez um barulho alto, olhei na direção do atendente, mas ele não pareceu ligar.
Carregando por algum tempo, uma tela azulada surgiu, novamente, o cursor brilhava para que eu digitasse a senha e o login. Mas como eu iria saber? Seria o meu nome? Digitei "Aria" no login e o mesmo na senha, o login funcionou, porém a senha não. E se...? Puxei do bolso do casaco o papelzinho que veio junto no envelope e era a senha do pen-drive.
Estava suando frio, não sabia o que esperar daquilo, e estava morrendo de medo. Não por mim, mas pelas pessoas próximas a mim, já que nas duas vezes em que entraram em contato comigo eu estava acompanhada de meus amigos.
"2256", a tela recarregou e pude ver a tela inicial, mas ela logo foi oculta por uma caixa de mensagens.

"Olá, Srta.Stark.
Creio que tenha sido esperta o bastante para ler as informações do pen-drive.

Logo, deve ser esperta o bastante para perceber do que tudo isso se trata.

As Industrias Stark são uma das maiores, do Estados Unidos, do mundo.

Suas ações valem, milhões, quase bilhões.

E tudo isso irá para as mãos de uma órfã resgatada pelo papai.

Vou pedir educadamente, por uma única vez. Abdique de suas partes nas Industrias Stark, ou..."

A caixa de mensagens mudou e um vídeo começou a rodar.
Como se fosse possível, meu coração acelerou mais ainda. Era um vídeo meu e de Hannah na escola, estávamos sentadas na mesa do almoço rindo de algo no celular dela, depois chegava Peter e Ned e o vídeo acabava. Não lembrava de quando foi aquilo, mas parecia ser da semana passada.
Meu queixo tremia assim como o resto do meu corpo, olhando o vídeo novamente, pude reconhecer o ângulo, era perto de uma lata de lixo. A caixa de mensagens apareceu novamente e a mesma frase apareceu várias vezes, "Abdique das partes ou eles sofrem. Abdique das partes ou eles sofrem" eu lia todas as vezes, e cada vez parecia um soco na cara, cada vez eu ficava mais desesperada, essa pessoa poderia estar vendo eles agora, vendo Hanna tagarelar sobre as roupas, Michelle reclamar do Flash...
A frase continuou até exceder o limite de caracteres.
Fiquei encarando a tela vazia, meus olhos estavam arregalados e minha respiração irregular, senti uma mão em meu ombro e pulei de susto.
- Desculpe, pensei que não estivesse passando bem.-Disse o atendente.-Deu tudo certo?
- D-deu, obrigada. T-tem como saber q-quem criou?
Ele balançou a cabeça negativamente.
- Desculpe, não mantemos esses registros, várias pessoas guardam coisas aqui.
- C-certo, obrigada.-Falei e me levantei um pouco zonza pelo choque.
Sai de lá o mais rápido que pude. Enquanto corria de volta para casa, minha cabeça era um misto de confusão.
Ignorar; Contar ao Tony; Contar ao Happy; Contar ao Bucky; Não contar a ninguém; Vender as ações...

Peter
Me sentei na mesa do almoço, MJ segurando os papéis do Decatlo energicamente enquanto fazia perguntas a Ned e eu. Mas minha mente estava longe, tão longe dali. Minha perna se movimentava ansiosamente abaixo da mesa.
- Peter? Peter?!-MJ chamou me chacoalhando.-Você me ouviu?
- Não, ah, me desculpe, MJ eu estava pensando em outra coisa.
- É, sabemos, estava pensando na Aria.-Hannha disse comendo uma garfada de seu macarrão.-Não devia se preocupar tanto, Peter, ela só está gripada.
Franzi a testa, talvez Aria não tivesse contado a Hannah sobre seu "pequeno" incidente no treino de ontem.
- Podemos ir visita-la em casa depois da aula, se isso irá fazer você parrar de chutar meu joelho por debaixo da mesa.-Ned disse puxando a cadeira para longe.
- Desculpe.-Falei.-Sim, falei com ela de manhã, vamos passar lá levar as aulas.
- Eu não posso.-MJ disse guardando os cartões de pergunta.-E-eu tenho um compromisso.
- Qual?-Hannah perguntou franzindo a testa.
Michelle não respondeu, apenas olhou de relance para a mesa dos jogadores de basquete, fazendo todos nós nos virarmos.
- FLASH?!-Exclamamos todos juntos.
- Shh, vou preparar ele para o primeiro concurso do ano que vem, temos que estar preparados se quisermos chegar as estaduais pelo menos. Digam a Aria que eu mandei melhores.-E mergulhou no livro que trazia consigo.
Todos nós achamos estranho Flash treinar separado do resto do grupo, mas não quisemos perguntar a MJ.
O resto do dia passou incrivelmente rápido. Recolhi todas as anotações de Aria e coloquei na mochila, eu, Hannah e Ned caminhamos até a Mansão Stark conversando sobre a festa surpresa de Aria no fim do mês.
- O que vocês vão dar de presente pra ela?-Perguntei.
- A edição de colecionador dos filmes do De Volta para o Futuro.-Hannah disse dando pulinhos.
- Ela disse que queria a coleção de livros do Sherlock Holmes.-Ned deu de ombros.-E você?
- Não consigo pensar em nada, quer dizer, ela é filha de um milionário! O que se pode dar a alguém que pode comprar tudo?
Eles riram de leve quando viramos a esquina e chegamos em frente aos enormes muros brancos que delimitavam a entrada da casa. Nos identificamos aos seguranças e logo passamos pelo portão eletrônico.
Tocamos a campainha e a governanta atendeu.
- Sim, pois não?
- Boa tarde, podemos falar com a Aria, por favor?-Pedi trocando o peso dos pés nervosamente.
- Oh, sinto muito, mas a Srta.Stark saiu.
- Mas ela não estava gripada?-Hannha perguntou.
- Bom, não sei, ela saiu já faz bastante tempo...Querem esperar aqui?-Ela perguntou sorrindo e nos dando espaço para entrar.
Nos sentamos no sofá em dizer nada.
Mais essa agora, onde ela podia ter ido? Meu cérebro já havia começado a pensar nas piores possibilidades quando a porta da frente abriu e uma Aria ofegante entrou. Ela parou, os cabelos bagunçados em um rabo de cavalo e suor escorrendo pelo rosto, se apoiou nos joelhos respirando pela boca.
- Ah, oi gente.
- Onde você estava?-Perguntei cruzando os braços.-E por que estava correndo? Aconteceu alguma coisa?
- Wow, calam aí, Peter. Eu só sai pra espairecer, já estou me sentido bem melhor. O que vocês estão fazendo aqui?
- Ver como você estava e trazer as coisas da escola.-Hannah disse.-Vou pehar uma água pra você, fica aí.
Aria sentou no sofá ao meu lado fechando os olhos.
- Perdi alguma coisa importante?
- Nada de mais, só aula.-Ned explicou.
A história de sair para espairecer não me soou muito bem, da última vez que isso aconteceu ela levou uma facada e foi parar no hospital.
- Você tá bem, Peter?-Aria perguntou franzindo a testa.-Parece preocupado.
- É claro que eu estou preocupado!-Sussurrei para que Ned não ouvisse.-Você morreu.
A expressão de Aria congelou por um instante.
- Eu tô bem agora.-Declarou segurando minha mão sob o sofá.-De verdade.
Senti um arrepio quando o polegar da garota acariciou as costas da minha mão e todas as minhas preocupações pareceram se esvair ao mero toque.
- S-se você precisar me chama, tá legal?
Ela sorriu.
- Sempre.

---
EU NÃO MORRI CARALHO KKKKKKKKKKK

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Mar 22, 2021 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

•Red and Gold• 2Onde histórias criam vida. Descubra agora