PRÓLOGO : Um Homem De Passado Questionável

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"Minha carne alimentará os Demônios, minha alma fortalecerá Asthur. Eu escolho pagar com a minha vida, pela honra de ser abençoado pelo fogo negro. Pela Ordem Do Lobo  irei matar. Pela Ordem Do Lobo irei morrer."

Ritual de iniciação da Ordem Do Lobo : Autor Desconhecido

A noite havia chegado, com ela, um manto negro deitou sobre o mundo. No céu, as primeiras estrelas surgiam para fazer companhia à lua, que já estava presente desde o crepúsculo.
Pelas ruas do bairro da Seda era possível ouvir os grunhidos de dois gatos brigando por um resto de comida jogado no chão. Em uma esquina escura, não muito longe dali, uma bela e jovem profissional da noite, jovem até demais para exercer tal ofício, jogava seus encantos em cada homem e rapaz que passava. Alguns paravam, outros fingiam que não era com eles. Mas a grande verdade é que ela nunca ficava uma noite sem monetizar.

Embora fosse uma típica noite no bairro da Seda, um evento incomum estava acontecendo na Taberna O Lobo Solitário. O local em questão, era o melhor estabelecimento para quem procurava cerveja de qualidade, música boa, e diversão a preço justo. Um estabelecimento do povo, como os próprios moradores a chamavam.
O grande evento que a taberna estava proporcionando para seus clientes era a oportunidade de ouvir as grandes histórias de Sir Roderick de Valência, um dos grandes heróis da Cidade Murada , narradas pelo próprio cavaleiro.


- Eu costumava ser o maior herói destas terras. - Sorveu o restante da cerveja em sua caneca e a bateu com ímpeto sobre mesa. - Meu nome era respeitado das Montanhas de Prata até os grandes muros da capital. Dormia com mulheres na mesma proporção que ceifava vidas. - Seu olhar percorreu o aglomerado de homens e mulheres que se formara em frente à sua mesa. Todos estavam curiosos para ouvir as histórias de Sir Roderick De Valência, o grande comandante dos Anjos de Ferro, a elite da força militar de Sua Majestade.

- Quando vencemos a batalha na fronteira de nossa amada Vestfollen com as terras Nômades 20 anos atrás, passei a me sentir invencível. Sabe, aquela típica arrogância que a juventude nos proporciona. Estávamos em desvantagem numérica. Nosso inimigo era liderado por um homem cuja a reputação lhe precedia. Janos Alveron, alto proclamado Rei Das Terras não mapeadas pelo mundo civilizado.
Janos era um homem implacável, que liderava através do medo. Ele tinha delírios de grandeza sabe? Achava que estava destinado a conquistar a Cidade Murada, a sentar no trono de nossa amada nação. -

Sir Roderick encarou a caneca vazia por um longo tempo. Embora seu corpo permanecesse inerte, sua mente viajava a uma velocidade assustadora em direção ao passado. Por um instante, o presente tornou-se insignificante, uma pedra entre o velho cavaleiro e o grande momento de sua vida.

- Nossa campanha contra as forças de Janos durou menos de dois meses. Sofremos baixas significativas no início da guerra, porém, com a força e a determinação de nossos homens e uma ajuda muito bem vinda dos Deuses, viramos o resultado improvável a nosso favor. Vocês devem estar se perguntando de que forma os Deuses nos ajudaram? Eu lhes digo: Com chuva! Muita chuva.

- Durante sete dias e sete noites o céu desabou toda sua ira sobre o mundo.
O ódio que desceu das nuvens castigou a terra, derrubou árvores e tornou aquela região inteira um caos.
Como se uma criatura demoníaca estivesse rasgando o solo para subir até a superfície, a terra tremeu, e com isso boa parte do terreno veio abaixo, soterrando homens da infantaria de Alveron. - Roderick fez um gesto com as mãos, descrevendo com os dedos o cataclismo causado pelas chuvas. Todos estavam curiosos e apreensivos, ninguém saia de perto da mesa do Cavaleiro, e agora não era a melhor hora para arriscar perder o lugar. Sir Roderick apoiou os cotovelos na mesa e continuou:

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