Capítulo XIII - 5

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O Sapo Sábio fitou Ed por um um instante  com seus olhos leitosos. A figura imponente e grotesca fez um gesto com a mão para que Rômulo se aproximasse. O rapaz deu um passo a frente se postando próximo à cama do Sábio. Rômulo dobrou os joelhos, como se estivesse diante do Rei Olaf em pessoa, causando estranheza em Ed.
Com dificuldade, o sábio movimentou seu grande corpo para frente, estendendo o braço roliço em direção à beirada da cama. Seus dedos eram grossos como cenouras, enrugados e horrendos. Em seu indicador, um belíssimo anel de ouro adornado por insígnias e runas desconhecidas. Em seu centro, uma runa brilhante como fogo vivo se destacava das demais. Era como se o anel houvesse sido concebido através de magia.

Rômulo se aproximou e beijou o anel, em seguida se colocou de pé novamente. O sábio recolheu a mão imediatamente, permanecendo em silêncio.

A situação parecia estranha para Ed, que, sem entender, apenas observava. Enquanto observava o sábio, percebeu que ele realmente parecia um Sapo gigante. A pele enrugada pelo excesso de gordura e pela idade lhe garantiam o aspecto semelhante ao do anfíbio.

- Grhh- O sábio fez o estranho som enquanto respirava.

Rômulo se aproximou, como o visitava com frequência, conseguia entender as nuance de comportamento.
Com dificuldade, o sábio abriu a boca, parecia sufocar devido ao peso de seu pescoço gorduroso.

- Ah Rômulo, você veio e trouxe o rapaz, eu o aguardava, com ansiedade. - Falou, repetindo as palavras de quando os rapazes adentraram seu aposento.
- Venho tendo sonhos com você a algum tempo meu jovem. -

Ed olhou para Rômulo e em sequência para o Sábio, como se ele não fosse o assunto.
As palavras ditas pelo sábio também chamaram a atenção do Rômulo. O jovem achava que o assunto discutido com o sábio seria apenas o plano. Agora, a curiosidade havia lhe fisgado.
Desde que conhecera o sapo, jamais o vira falando daquela maneira, havia algo diferente em seu tom, talvez preocupação, mas ele não sabia dizer o que era.

O Sapo Sábio inspirou profundamente e em seguida expirou de forma prolongada, como se seus pulmões estivessem ocultando um tufão. Em seguida, com os olhos semi abertos mas com a cabeça na direção de Ed o grotesco homem falou, com seu timbre rouco e voz cansada.

- Diga meu rapaz, o que está achando de minha morada? - Perguntou,fitando e causando desconforto em Ed. O aspecto esbranquiçado dos olhos tornava o ato de encará-lo um grande esforço.

Engolindo seco, Ed deu um passo a frente, desviando o olhar do Sábio de todas as maneiras possíveis.

- Ah, perdoe-me, são meus olhos não é? Não está acostumado com esta aparência. Sei que pareço um morto que despertou da cova, mas isso tem uma explicação: Fui amaldiçoado a muito tempo quando ainda era uma criança. A pessoa que conjurou a maldição se chamava Mirtz, uma feiticeira que causou alguns problemas por estas terras antes de ser queimada em Vien. - Concluiu com um acesso de tosse seca seguida de uma grande cusparada de uma pasta verde e viscosa.

- Perdoe-me, minha  saúde não é a mesma de de cem anos atrás. Já faz alguns anos que a morte bate na minha porta, porém, me recuso a abri-la. A desgraçada terá de esperar por mais algum tempo, ao menos até minha consciência disser que meu papel nesta vida esteja cumprido. -

Havia uma elegante jarra de prata contendo água em uma mesa de cabeceira ao lado da cama, o sábio fez um gesto para que Rômulo servisse um pouco do conteúdo da jarra em um copo também de prata. Assim que recebeu o copo do rapaz, sorveu seu conteúdo imediatamente, deixando algumas gotas escorrer pela buchecha gorda e morrer em suas vestes.

- Eu havia lhe perguntado o que estava achando de minha morada e o interrompi antes mesmo que pudesse responder. Quero que responda a minha pergunte agora, com sinceridade. - Sua respiração era barulhenta, como se algo obstruisse sua traqueia.

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