Capítulo XIII

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Nunca imaginei que um dia acabaria entrando para Ordem Do Lobo. Sempre os vi como psicopatas que achavam que serviam à um Deus. Mas foi lá, em
Thar - Larian que descobri o grande valor da amizade.
Quando perdi minha amada Faura, foi através da Ordem que pude retomar o apreço pela vida. Foram anos incríveis, diversas batalhas travadas, inúmeros contratos concluídos. Foi nessa época que me tornei o inimigo número um de Edda. Minha fama de aventureiro contrastava com minha perícia em matar em nome da Ordem. Nobres, lords, Condes e Duques, foram vários que sentiram meu aço em sua pele, exceto os pobres, mal-afortunados. Foi a única regra que estabeleci quando recebi o Batismo Do Fogo Negro ; jamais derramar sangue dos menos abastados. Entrei na Ordem como inimigo e saí como amigo. Foram bons anos, bons anos...

Kaidan Narsh em :Edda, de ponta à ponta

A época da colheita das uvas já estava acabando, o inverno chegaria no próximo mês, ao menos era o que os ventos e a coloração das folhas indicavam. Cada cacho de uva tinha sua importância, pois havia grande demanda do vinho especial de Vien. As uvas eram protegidas por guardas que se revezavam em turnos diurnos e noturnos. Toda cautela era necessária, já que somente o Duque Nesthor possuía aquela espécie de uvas em Vestfollen, o que tornava seu vinho tão exclusivo. Os guardas tinham permissão para matar qualquer um que tentasse roubar uma uva sequer, está regra valia igualmente para os trabalhadores.

- Está vendo elas Ed? São roxinhas e suculentas. - falou baixinho Rômulo, escondido entre as plantas que cresciam na cerca.

- Sim, parecem deliciosas. O problema é que temos que despistar aqueles guardas. - Exclamou Ed, em tom mais sério.

- Daremos um jeito, ô se daremos. Quero aquelas belezinha no meu estômago Ed. -

- E eu não? Mas temos que ter um plano, não podemos simplesmente entrar e roubar. Vamos estudá-los, entender o padrão de sua ronda e aí entramos e pegamos. Confie em mim, sabe que fui cavaleiro. -

- Por um breve período de tempo, mas foi. Tá bem, tá bem, não precisa olhar com essa cara, foi apenas uma piada. - Rômulo sorriu, Ed lhe deu um soco no braço com um leve excesso de força.

Fazia algumas semanas desde que Edward havia decido aceitar o convite de Rômulo para entrar para sua gangue de órfãos e mendigos. Neste espaço de tempo uma amizade cresceu entre eles, tornando-os quase inseparáveis.
Agora, com a ajuda de Ed, Rômulo conseguia roubar mais comida, as crianças estavam comendo melhor. Também conseguiam pedir mais esmolas. Embora a coleta é roubo de comida tenha aumentado, a fome ainda era uma figura imponente entre os meninos do Beco Do Sapo, todos os dias continuavam travando batalhas contra a miserável.

- Tem alguma ideia de como iremos distrair os filhos da puta? - Questionou Rômulo, sem tirar os olhos dos cachos.

- Ainda não. Quero tentar uma abordagem mais furtiva, sem apelar para violência. -

- Sem apelar para violência? Porra Ed, o que acha que eles são? Virgens da escola da Mãe Panan? São guardas caralho! O que acha que eles farão se nos pegar? Irão enfiar suas espadas em nossos respectivos rabos. -

Ed assentiu, mordendo os lábios. Rômulo estava coberto de razão. Para sobreviver à essa nova vida, Edward deveria abandonar qualquer preceito sobre honra ou honestidade que conhecia.

- Está coberto de razão, caro amigo. - Ed novamente deu um soquinho em seu companheiro.
- Vamos partir para uma abordagem mais objetiva então. Como está sua forma física? -

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