Capítulo 5

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Maisie

Levo a mão a adaga presa na minha calça, e recuo alguns passos, ganhando espaço entre eu e as pessoas que chegaram do nada.
-Calma, nós não vamos te machucar. - é uma voz conhecida, que mesmo se eu quisesse, jamais poderia esquecer dela. -Nós viemos te salvar. - fala Azriel, se aproximando com a mesma feérica e o mesmo feérico de antes.
-Me salvar? - eu indago, desconfiada. -E por que eu deveria confiar em vocês? Vocês estavam junto com eles.
-É um bom ponto. - o feérico que não me lembro o nome diz, com sarcasmo e uma voz sedutora, mas não tanto quanto a de Azriel.
-Rhys, você não está ajudando. - Azriel retruca.
-Desculpe, vou ficar quieto. - ele levanta as mãos, brincando.
-Seria uma boa.
A feérica se aproxima um pouco, e levanta as mãos, mostrando que não tem armas, como se ela precisasse delas pra qualquer coisa, ou como se falasse que não me machucaria.
-Sou Feyre. - ela se apresenta. -Aquele bobalhão ali atrás é meu marido, Rhysand. - ela aponta para o lindo macho de olhos violeta e cabelos preto azulados.
-Você é muito bonita. - eu deixo escapar. E ela era mesmo. Lindos olhos azuis, sardas salpicando a pele clara, porém bronzeada, cabelos castanho dourado, com uma pequena tiara prata com formato de estrelas em sua testa, e até mesmo as feições delicadas, ela era linda.
-Eu digo isso para ela todos os dias. - Rhysand responde. E ele também era bonito. Um dos homens, não, homens não, machos mais bonitos que eu já vi.
-Nós não queremos machucar você, querida. - ela fala, e por um segundo quase acredito nela, mas então as cenas recentes voltam a minha cabeça. Feyre e Rhysand ficam tensos, me encarando.
-O que? - eu pergunto, segurando o cabo da adaga com mais força.
-Eu sinto muito. - ela diz, e realmente parece sentir, mas não entendo.
-Pelo que?
-Pelos filhos de Beron terem tentado fazer aquilo com você.
-Como você sabe disso? - eu não lembro de ter contato em nenhum momento sobre o que eles tentaram fazer.
-Posso ver sua mente, querida. - ela explica, mas apenas fico mais confusa ainda.
-Bizarro. - eu respondo, e pela primeira vez, noto a tatuagem em sua mão direita.
-É um juramento que eu fiz com Rhys. - ela fala, sorrindo. -Na nossa corte, os acordos são selados com uma tatuagem.
-Sua corte? - pergunto, sem saber do que ela está falando.
-Você pode entender mais se vier conosco. - ela fala, e a desconfiança toma conta de mim.
-Por que querem tanto que eu vá com vocês? Por que feéricos se importariam tanto com uma simples humana?
-Você não é uma simples humana, não é mesmo? - ela retruca, inclinando a cabeça para o lado, em um movimento unicamente felino.
-E-eu...
-Você tem magia, não tem? - ela fala, se aproximando mais. -Magia de sombras, pelo que me parece. Parece um pouco com o Az.
-Eu não pareço nem um pouco com ele.
-Ai. - Azriel entra na conversa. -Obrigado pela parte que me toca.
-Eu não quis ofender. - eu digo, me defendendo.
-Não ofendeu, linda. - ele fala, sorrindo, fazendo meu coração bater forte, e eu sei que ele pode ouvir. -Acredite, já ouvi coisa pior.
Eu pisco. Por que esses feéricos estão tão preocupados comigo? Não. Por que eles de importam tanto com uma humana?
-Se falarmos o motivo, Az vai ficar bravo com a gente. - o macho, quer dizer, Rhysand, fala. -Ele não decidiu ainda o que quer fazer, mas ele sabe como Feyre ficou quando eu escondi dela.
-Quer calar a boca? - Azriel fala, olhando com raiva para Rhysand. -Você não está ajudando.
-Você não pediu ajuda. - Rhysand sorri com sarcasmo.
-Rhys, por favor, quer calar a boca? - Azriel fala como se estivesse bravo, mas vejo um resquício de sorriso em seu rosto, o que, estranhamente, faz meu peito se aquecer.
-Certo, vou manter meus comentários para mim mesmo. - Rhysand fala. -Mas você sabe que se Cass estivesse aqui seria bem pior né?
-Nem me lembre. - Azriel diz, massageando as têmporas.
-Olha... é... como é seu nome mesmo? - Azriel se vira para mim, meio sem jeito. Estreito os olhos, meio desconfiada, e ele encolhe os ombros.
-Certo, você não confia em mim ainda.  Então eu tenho uma proposta.
-Uma proposta? - eu indago.
-Sim. Veja bem, nós não temos muito tempo até Beron notar o que aconteceu, então a proposta é a seguinte. Você está segurando uma adaga, e parecia bem convicta de lutar contra 2 feéricos e um illyriano. Então, para ser mais justo, você vai lutar só comigo. Se eu ganhar, você vem conosco para a Corte Noturna. E se você ganhar, nós te levamos pra onde você quiser. - ele propõe. Illyriano? Corte Noturna? Conversar com eles faz eu me sentir burra.
-Aceito a proposta. - eu digo.
-Então é um acordo. - ele diz, estendendo a mão para mim. Eu observo as sombras dançando em sua mão, e aperto a mão dele, e sinto um formigamento na minha mão.
Quando olho para ela, uma tatuagem preta marca meu pulso direito, como uma delicada pulseira preta, lindas flores pequenas rodeavam o pequeno círculo preto que circulava meu pulso e subia até a ponta do meu dedo do meio.
-Mas o que é isso? - eu pergunto, estendendo a mão para Azriel.
-Os acordos em nossa corte são selados com uma tatuagem. - ele explica. -Você não gostou?
-Não, é linda. - eu digo. -É só que, eu não senti nada além de um formigamento. - ele dá de ombros.
-Podemos começar?
-Claro. - eu digo, me afastando um pouco.
-Prometo acabar com isso rápido. - ele diz, presunçoso.
Não respondo, e espero ele atacar primeiro, e é o que ele faz.
Ele usa as grandes asas para dar um impulso para frente, e por pouco não sou derrubada no chão, mas pulo para o lado no instante anterior a ele passar disparado pelo lugar onde eu estava.
Assim que me equilibro do salto, me viro para a direção de Azriel, mas ele já está avançando novamente para mim. Mas dessa vez, eu me abaixo, e tento apunhalar ele com a adaga de ferro, mas ele facilmente desvia, e se afasta um pouco. Segundos depois ele toma um outro impulso, e dessa vez não desvio, fico parada exatamente no mesmo lugar. O enorme corpo musculoso dele se choca contra o meu, suas mãos querendo segurar as minhas, mas eu as abaixo, tirando-as de seu alcance e levo a adaga em direção a sua barriga. Ele solta uma risada baixa.
Uma luz azul me deixa momentaneamente em choque, e segundos depois, vejo que minha adaga na verdade não o acertou, ela está enfiada em um tipo de escudo azul brilhante.
-Que porra? - deixo escapar, mas Azriel me surpreendeu, e eu abaixei a guarda. Ele da um tapa em minha mão, eu solto a adaga, e ela é jogada para cima. Antes de eu sequer piscar, ele pega minha adaga no ar e a aponta em direção a minha garganta.

A Prometida das Sombras (em revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora