É de conhecimento geral que, não apenas para os seres humanos comuns, mas para qualquer espécie, a prioridade instintiva é a sobrevivência. A sobrevivência, por si só é algo não muito fácil de entender, mas fácil de praticar, e basicamente consiste em ter algo para se alimentar, um lugar seguro para se proteger de doenças ou feridas e se reproduzir para dar continuidade a sua linhagem e humanidade, assim mantendo o equilíbrio em todo o planeta entre diversas comunidades, desde animais selvagens e plantas, de seres pensantes até bactérias, tudo se resume a mesma coisa: sobreviver.
No entanto, a maneira como você decide sobreviver é que difere dos demais. Os diversos seres que existem por todo o globo que chamamos de Terra, têm conceitos diferentes e métodos que diferem entre si, mas que levam ao mesmo objetivo: segurança e perpetuação da espécie e comunidade, criando um ambiente seguro para os menores para que assim um dia, também cresçam e deem continuidade a sua genética nada importante numa grande escala, mas extremamente pontual em pequena escala.
Para a Alcateia Norte, citada anteriormente, o método encontrado foi criar grandes muros fechados que os protege dos demais, animais ou humanos, nenhum lobo sai ou entra sem autorização do alfa e ômega chefes, com exceção de situações onde algum irmão está profundamente em perigo e o curandeiro não tinha mais soluções que pudessem salvá-lo, caso contrário, ninguém tinha autorização para sair, existia território de caça, existiam plantações do que precisavam para se alimentar, existia enfermaria, existia um riacho de onde pegavam água... Uma sociedade organizada apenas para garantir a continuidade dos seus, no final, como todas as outras.
Mas não são todos os grupos de filhos de Lua que têm o privilégio de ter um grande território, que seja rico em recursos que possam possibilitar conforto e sobrevivência, então eles apenas vivem se mudando para locais que tenham possibilidade de deixá-los vivos por mais algum tempo, não permanentemente. Também, viver como nômades era um pouco mais viável pois em sua maioria eram matilhas com poucos membros, e não valia a pena reivindicar um território que não poderiam proteger ou cuidar adequadamente, então mudar-se de local para local, era a única alternativa para continuar vivendo.
Levando em conta que bebê são seres frágeis, incapazes de andar, comer ou limpar-se sozinhos, sua única alternativa para sobreviver é chorar, chorar o mais alto que puder, tentando comunicar que está com fome, frio, dores ou até mesmo que sente falta do ventre onde fora gerado, onde era quente e confortável (apesar de um pouco apertado, de qualquer maneira) e não havia necessidade de comer ou respirar sozinho, pois algo, um cordão, fazia esse trabalho para si. Então, estar fora, ao relento e à disposição da vida, era de fato assustador e seus instintos lhes diziam para chorar e implorar por ajuda, já que não podem se esconder sozinhos, por suas próprias pernas ou patas.
Filhotes precisam de cuidado, de alguém que os ajude a continuar vivos.
Renjun era um desses bebês que tentava, de alguma maneira, sinalizar que precisava de ajuda. Deixado em meio a mata, emaranhado em uma pequena cama de folhas improvisada que tentava de alguma maneira deixá-lo aquecido, sua barriga estava indicando que precisava comer, estava com fome e aquilo, para um recém nascido que nunca sentiu esse tipo de sensação, era algo assustador e ele sentia que poderia morrer a qualquer segundo, então chorou o mais alto que pode, como se realmente estivesse sendo machucado por algo, como se facas quentes estivessem perfurando sua pele, judiando do pobre bebê que estava ao léu, a beira do que o destino quisesse fazer consigo.
Quando seus pequenos ouvidos de bebê captaram um som de passos perto de si, ele não sabia que de fato, eram passos, que havia algo ou alguém se aproximando, mas sabia que era algo incômodo para suas orelhinhas e seu choro apenas aumentou mais, como se sinalizasse para que o que quer que fosse, não fizesse mal a si pois era apenas um neném pequeno, indefeso e fofo e uma pequena esperança cresceu em seu instinto, talvez fosse alguém que pudesse lhe ajudar ou quem sabe até mesmo lhe tirar do frio e da cama que pinicava sua pele, causando pequenas fricções vermelhas na pele sensível e macia do mesmo.
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A Dádiva de ter dois lares
WerewolfRenjun sabia que invasão de território era considerado um crime grave e que, sendo o ômega que era, provavelmente ficaria preso e servindo para a alcateia que o pegou pelo resto da vida, isso se ao menos não fosse simplesmente morto em uma fogueira...