Omega.

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Se a dor é uma das sensações mais desesperadoras e assustadoras para qualquer ser, podemos dizer que o que vem em seguida dela, talvez seja um dos melhores sentimentos que qualquer um pode sentir, a simples emoção de ser acalentado por uma segurança de que não há perigo ou qualquer tipo de ameaça para sua vida, causa um alívio quase que instantâneo que, sem percebermos, acabamos buscando em coisas ou pessoas familiares.

Filhotes de pardais correm imediatamente de volta para o ninho quente de suas mães assim que percebem que voar é algo assustador e difícil para si, pequenas lagartas se fecham em seus casulos quentes e seguros para sua evolução, antes de se tornarem lindas borboletas e bebês humanos choram em busca de um colo quente, paterno ou materno, para se aquecerem e relaxarem em meio ao mundo cruel que lhes fora dada a vida.

Os filhos da Lua, no entanto, têm um tipo de conforto diferente. Naturalmente, eles andam em um bando de muitos irmãos, então sua necessidade por contato em busca de alento, pelos quentes com pelos quentes, não é incomum ver dois ou três lobos deitados e aninhados um nos outros, sentindo seus cheiros e aquecimento confortável de proteção, assim como consequente buscam lugares fofos e macios para se deitarem (mesmo que os Alfas sejam durões demais para admitirem isso).

Tudo ao redor deles gira em torno de sentirem que não estão sozinhos, porque cães solitários são cães tristes e amedrontados.

Talvez por isso seus olfatos sejam tão apurados, podendo detectar cheiros conhecidos e confiáveis a quilômetros de distância, além de também sentirem os ameaçadores, que podem machucar a eles e aos seus. Também talvez seja por isso que surgiu uma falácia que diz que, filhos da Lua quando se fazem fiéis a alguém, nunca deixam de sentir ou ser leal, se forem amigos, serão amigos para o resto da vida, e se forem companheiros, estão ligados até mesmo além de suas vidas e corpos físicos.

Irmão sempre é irmão, para sempre.

São diferentes dos outros seres, que criam seus filhotes para o mundo, como os cangurus que abrigam seus bebês confortavelmente em suas bolsas apenas para depois de grandes, deixá-los à deriva do mundo, sobrevivendo por si mesmo, ou então as tartarugas que deixam seus ovos na areia, e quando os bebês nascem, eles que se virem para voltarem para a água e continuar sua extensa vida. Não, lobo não deixa filhote para trás, mesmo quando eles crescem e formam suas próprias famílias e têm seus companheiros, eles se mantém perto de seus genitores, em busca do conforto de estar em uma alcatéia.

Porque necessitam de contato, precisam da sensação quente e segura de estar perto daqueles que os protegem, seja seus pais, seus companheiros ou até mesmo seus amigos. Precisam sentir seus cheiros e se certificar que estão vivos e bem, não é algo que se pode controlar, infelizmente. Acredite, muitos não seguiriam isso se pudessem. Mas é inevitável, principalmente se você for um ômega.

—Irmão! — Renjun ouviu a voz infantil próxima de si, mas ele estava tão confortável embalado em meio aos dois cobertores grossos com cheiro de cravo e canela, que seus olhos se recusaram a abrir, e ele apenas se ajeitou melhor na cama, se encolhendo mais em meio as peles macias. — Shuyang... Fome.

—Ele parece acomodado, devíamos levar o filhote para a creche, Yuta vai saber o que fazer com ele e pode dar comida também... — Ele também ouviu a voz grossa e grave que sussurrava levemente, reconhecendo Jeno sem sequer abrir os olhos.

—Parece que é uma boa idéia. — Em seguida veio a voz rouca e baixa de Jaemin, respondendo como se estivesse um pouco mais distante. — Lá é um local adequado para o bebê.

No entanto, a informação de que seu irmão menor iria ser levado para longe de si, que sairia de seus braços e proteção, fez com que o ômega despertasse rapidamente, sentando-se numa velocidade incrivelmente assustadora e colocasse o pequeno lobinho atrás de si, em forma de indicar que ninguém levaria Shuyang para longe de si, afinal mesmo que eles parecessem legais, ainda não confiava totalmente naquela gente, mal sabia seus nomes e não deixaria fazerem qualquer coisa com o menor.

A Dádiva de ter dois laresOnde histórias criam vida. Descubra agora