My Dear Boss {Min Yoongi}

Capítulo Dezessete

꧁POV Eun Sun꧂

Ao ouvir o primeiro estilhaçar dos cacos de vidro, eu acreditei que fosse algo jogando contra o chão ou contra a parede, mas ao abrir os meus olhos, não era bem assim. Min Yoongi estava me protegendo com o próprio corpo enquanto dois copos de vidro atingiam as suas costas. Apesar dos olhos marejados, a sua expressão parecia neutra diante de uma ação tão cruel.

- Não se preocupe, não dói mais nem um pouco. - sorriu sarcasticamente enquanto uma lágrima escorreu pelo seu rosto.

Ouvi os passos deixarem a sala e concluí que o monstro que ele tinha como pai havia ido embora. Em desespero, me soltei rapidamente dele, apoiando minhas mão sobre o vidro que não hesitou em deixar cortes em minhas palmas, mas eu não ligava. A dor maior estava em quem estava diante de mim.

- Por que você deixou ele fazer isso com você? Por que? - agarrei-o pelo colarinho da camisa enquanto chorava - Por que você deixou que ele te machucasse? Por que diabos tinha que tentar me defender? - o puxei para os meus braços e o abracei.

- Porque eu morreria se ele encostasse em você. Eu não aguentaria vê-la machucada por minha causa mais uma vez... Eu nunca me perdoaria. Estou acostumado com essas agressões por toda a minha vida... - com a cabeça contra o meu peito, eu o escutei soluçar enquanto o choro se iniciava - Eu vivo esse inferno há trinta anos. Eu estou podre por dentro e por fora, nada mais é capaz de me machucar, a não ser você... Se alguém te machuca, dói mais em mim do que em você. - ele chorava abraçado comigo - Você não precisa ficar com um cara como eu, Eun Sun. Eu sou um homem horrível, mas não quero que você se machuque por minha causa... Por favor, me deixe enquanto você pode.

- Cala a porra da sua boca. Eu não vou a lugar nenhum. Nada disso é culpa sua... - tentei confortá-lo, mas era quase impossível dizer quem de nós chorava mais - E eu sinto muito por tudo.

Ele chorou como um bebê enquanto estavamos abraçados no chão de carpete escuro. Eu sabia que a sua dor não era física. Quem estava machucada era a sua alma. Sequer conseguia imaginar quanta crueldade o seu pai já havia feito. Era impossível saber quantas agressões, quantos machucados e quanta dor aquele homem havia causado ao anjo que me abraçava. Nem de longe o Yoongi que eu conhecia merecia algo do tipo.

- O que está acontecendo? - ouvi uma voz familiar.

Levantei o meu rosto que estava encostado contra a cabeça de Yoongi e visualizei um homem alto e elegante parado na porta. Tinha cabelos pretos e um rosto simétrico. Ele era impressionantemente bonito.

- Nada demais... - Yoongi se afastou um pouco e tentou limpar as lágrimas que ainda molhavam o seu rosto - Vem, vamos levantar. - disse segurando a sua mão.

- O seu pai passou por aqui, não foi? - o homem adentrou a sala.

- Você fez machucados... Olhe para essas mãos. - meu noivo suspirou observando minhas mãos ensanguentadas.

- Esqueça as minhas mãos. Deixe-me ver as suas costas. - pedi tentando virá-lo.

- Não, deixe isso para lá. Estou bem. - me impediu de fazer o que eu queria e se virou para o outro que estava elegantemente sentado no sofá de pernas cruzadas - Encontrou com ele?

- Sim. O mesmo estava furioso. Acha que ele vai te tirar da empresa? - perguntou ainda sem tirar os olhos de nós.

- Não sei. Consegui interromper a reunião dos acionistas e dei a minha versão da história. Se eles vão acreditar ou não, já é outra conversa. - ele suspirou.