Dois meses haviam se passado desde a morte do meu pai. Pensar nisso me machucava de todas as formas possíveis. Apesar de não termos o mesmo sangue, nenhum homem no planeta seria capaz de ser mais meu pai que ele. Tudo que eu sabia sobre minha mãe agora era: mulher jovem,continuou uma gravidez indesejada, por algum motivo, era um tanto mal-humorada. Mas aquela carta, escrita no leito de morte dele,me ajudou a descobrir muito mais coisa sobre a vida dela. Aparentemente era uma pessoa ruim, que fez mal à muitas pessoas. Eu gostaria de conhecer essas pessoas, talvez eles me deixassem "entrar" na família.
Mas quem eu queria enganar? Se minha mãe fez tanto mal à eles, possivelmente eles me odeiam tanto quanto odiaram ela. Mas eu ainda gostaria de saber quem são, como são, que tipo de coisas eles sofreram, e se todos se recuperaram bem. Tenho curiosidade, muita curiosidade, mas não sei se tenho coragem de procurar mais fundo. Eu estou sozinha agora, não tenho família, ninguém para me proteger e me defender, perdi o único porto seguro que já tive. Não sei o que fazer.
O trem parou na estação, e uma multidão tentava sair, enquanto outra tentava entrar. Odiava multidões, então esperei um tempo, mas tive que sair correndo, pois as portas já iriam se fechar. Consegui sair, mas perdi um de meus brincos. Praguejei mentalmente, segurando minha orelha que agora ardia de leve por conta do atrito.
Me apressei em sair da estação e ir quase correndo para o campus, já estava quase atrasada. Mais um ano letivo começava, e de novo, tinha que lidar com alguns calouros que ainda pensavam estar no ensino médio. Alguns olhares e cantadas, que me davam nojo, mas eu apenas colocava os fones no ouvido, tocando a música mais barulhenta que achava, e tentava os ignorar. Eu estaria à salvo contanto que eles não tocassem em mim.
E como se meus pensamentos fossem ouvidos por um demônio cuzão, um garoto se aproximou, colocando o braço por cima de meu ombro. Eu não escutei o que estava dizendo, e retirei seu braço de mim, o empurrando com meu antebraço. Em consequência, ele esbarrou em alguns outros garotos, e então começou a gritar. Sua mão puxou um de meus fones com força, e fiz uma careta. Ele segurou meu braço com força, o levantando ao ponto de quase me fazer ficar na ponta dos pés.
ㅡ Você não tá me ouvindo, sua vadia? Acha que pode só me ignorar, é? Você deveria ficar agradecida por eu ter me interessado por você, sua puta.
ㅡ Me solta... tá me machucando ㅡ minha voz estava falha, eu estava com medo. Mas minha expressão estava neutra, e eu não conseguia mudar isso.
ㅡ O que, acha que só porque é alta é forte? Você continua sendo uma mulher indefesa, quer ver?
Ele agora agarrou meus dois braços, colocando seu rosto em meu pescoço, fazendo eu me sentir enojada. Agora no lugar do medo, sentia raiva. E não sei de onde tirei forças para o empurrar, mas quando o fiz, dei um chute entre suas pernas e saí correndo. Olhei para trás, vendo ele no chão, se contorcendo, enquanto um pequeno amontoado de pessoas levavam seus olhares dele para mim. Então senti o baque, e caí no chão. Havia esbarrando com dois garotos, mas não tive tempo de reparar muito neles. Nossos livros haviam se misturados.
ㅡ Ah, mas que droga!
Peguei meu caderno e minha mochila. Mas ouvi passos apressados atrás de mim. Ele havia se levantado e estava vindo em minha direção. Peguei qualquer livro, torcendo para que fosse o meu e me levantei, passando entre os dois garotos que pareciam confusos. Corri o mais rápido que pude, indo na direção do meu prédio, e assim, da minha sala.
Me sentei no fundo, e apesar de estar suada, ofegante e com roupas e cabelos bagunçados, consegui me camuflar o suficiente para não levar bronca do professor. Não demorou para que eu percebesse que o livro que peguei não era o meu. Abri o livro, lendo o nome escrito na contracapa: Byun Junseo. Apoiei meus cotovelos na mesa, com uma mão na frente de cada ouvido, diminuindo o barulho do ambiente, enquanto os dedos emaranhavam meus cabelos. Percebi que meu fone havia arrebentando, e suspirei. Não tinha como começar de forma mais horrível.
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Be Strong || Kim Jungwoo
FanficEm seu leito de morte, o pai de Lee Gaeul lhe escreve uma carta, a qual muda completamente sua vida. Agora totalmente confusa, ela não tem certeza se deve ir à fundo nessa história, mas decidi ir levada ao seu grande desejo de ser amada por uma gran...