Be Strong || Kim Jungwoo

Capítulo 02

Acordei ouvindo vozes alteradas, parecia uma discussão. Abri os olhos devagar, me acostumando com a claridade do quarto ridiculamente branco, percebendo que os dois garotos não estavam ali. Me sentei, olhando pela brecha da cortina, vendo Jungwoo impedir alguém de entrar. Estiquei meu braço, puxando a camisa do garoto, para assim chamar sua atenção.

ㅡ Oh, você acordou. Como se sente? ㅡ ele perguntou baixinho, vindo em minha direção discretamente.

ㅡ Bem, eu acho. Que horas... ㅡ olhei para o lado, percebendo o tom alaranjado lá fora pela janela ㅡ Que horas são!?

ㅡ Umas quatro da tarde, por quê?

ㅡ Droga, meu turno começa às três.

Saltei da cama, calçando meus sapatos, que nem lembrava de ter tirado, e pegando minhas coisas. Passei a mão pelos meus cabelos, mas sabia que isso não mudaria quase nada. Jungwoo tentou me dizer para não sair, mas não dei ouvidos e abri a cortina, vendo o cara que me agarrou mais cedo. Nos encaramos por alguns segundos, mas não estava com tempo para isso, então apenas o ignorei e saí da enfermaria.

Novamente estava atrasada, então comecei a correr enquanto fazia um rabo de cavalo em meus cabelos, mas não deu muito certo, pois acabei tropeçando e caindo. Joelho ralado, ótimo! Gritei enfurecida um palavrão, voltando a correr, esbarrando em todo mundo.

No campus, ouvi alguém gritar meu nome, e ao olhar para o prédio atrás de mim, vi Junseo na janela do segundo andar, ainda na enfermaria. Ele acenou para que eu o visse e voltou a gritar:

ㅡ 'Tá indo pra onde!?

ㅡ Trabalho! ㅡ minha voz falhou, me fazendo parecer um garotinho entrando na puberdade, e Junseo simplesmente riu da minha cara.

Por sorte ninguém parecia estar correndo atrás de mim, e consegui chegar ao ponto de ônibus sem problemas, apenas os olhares tortos. Como se nunca tivessem visto alguém correr. Para a minha sorte, cheguei exatamente às 16:30, horário do ônibus que passava de hora em hora. Juntei minhas mãos e olhei para o céu alaranjado, agradecendo à Deus, meu anjo da guarda, o universo, ou qualquer coisa que me ajudou.

Eu costumava ir à pé para o café onde trabalhava, tinha muitas árvores pelo caminho, e era bom andar com todo aquele ar fresco. Mas levava meia hora, e eu não tinha esse tempo para perder. O ônibus chegou em pouco menos de dez minutos, mas eu ainda tinha uma pequena caminhada de uns cinco minutos pela frente, então corri novamente como se minha vida dependesse disso. Quase fui atropelada por uma bicicleta, mas meu nível de adrenalina já estava tão alto que nem liguei.

Chegando na lateral do pequeno prédio composto pela cafeteria, uma academia no segundo andar, e quartos para alugar no terceiro, parei. Exausta. Apoiei minhas mãos nos joelhos, me encostando na parede. Me concentrei em regular a respiração enquanto procurava meu espelho de maquiagem na bolsa, para enfim arrumar meus cabelos direito. Como saí atrasada de casa, não peguei minha escova de cabelo, então tive que me virar com os dedos.

Um rabo de cavalo, a franja lateral cotidiana solta ㅡ escondendo a horrível cicatriz que eu ainda tinha, mas que nem me lembrava direito como a consegui ㅡ, com duas mechas maiores de cada lado. Ficou bom até. Sequei o suor do meu rosto, sem nenhuma vontade de retocar a maquiagem. Mas ninguém iria perceber, já que sempre tive a pele boa. Única coisa de bom que minha mãe me deu: a genética. Tenho certeza que a víbora era linda, para ter conquistado tantos homens assim.

Balancei a cabeça quando percebi estar pensando demais, arrumei minha postura e passei apenas um batom rosa escuro, indo para a frente do café, onde minha chefe me esperava. Ela estava com as mãos para trás e a cara de brava de sempre. Abri um sorriso sem graça, Me aproximando dela. Ela levantou o braço, sinalizando que iria me bater. Não sei o que me deu, por reflexo, gritei "não", fechei os olhos e abaixei a cabeça enquanto tentava me proteger com os braços. Meu coração acelerou e senti meus olhos arderem.