XXIII ALLEGRA

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Eu me lembro .
XXIII
ALLEGRA
Estava no que parecia ser um píer , grandes navios se erguiam diante de mim , atracados no porto ,conseguia ouvir as ondas quebrando nas rochas na encosta , aquele lugar era familiar ,eujáestiveali.
-Onde estou ? - Disse tentando fazer minha mente funcionar
- Em casa ,não se lembra ? - Disse um homem , alto , pele bronzeada , olhos tão claros quanto o céu, que se aproximava pela praia .
- Casa... -A recordação me veio como um sopro - Esse era meu lugar favorito , na minha hora do dia favorita - Disse agora olhando pro céu
- Quando o sol e as estrelas ocupam o espaço ao mesmo tempo - Disse o homem agora ao meu lado
- Há algo errado, eu não devia estar aqui .Quem é você ?
- Você sabe quem eu sou , sou a pessoa sobre quem você ouvia histórias - Respondeu com um leve sorriso no rosto .
Minha mãe contava a história de um época de dias frios com chuva constante e escuridão avassaladora, as nuvens se tornaram espessas barreiras da luz, dizia que os Deuses estavam bravos pela ganância do homem e por isso pegaram todas as estrelas , incluindo o sol de volta para si .
Junto a escuridão veio a fome , plantas necessitavam de luz para viver e isso era algo que parecia estar instinto ,a busca por alimento trouxe guerras , cidades entraram em colapso . O mar infestava-se de piratas que saqueavam vilas , numa tentativa desesperada de sobrevivência , entre eles mais procurado entre os navios , O Holandês .
Parte de sua grandeza vinha de seu capitão Davy Jones que com sua espada lendária comandava uma tripulação composta por meia dúzia de homens brutais e uma mulher que compartilhava o mesmo nome que a estrela mais brilhante do norte ,Karina Colle . Sua principal tarefa era limpar ,cozinhar e cuidar dos feridos e doentes , mas acabou aprendendo a lutar e navegar tão bem quanto os outros, o que a fez ser respeitada .
Eram épocas tenebrosas tanto em terra quanto no mar . A Inglaterra continuava a crescer e agora tinha como objetivo recuperar o domínio dos oceanos ,mas para isso deveria exterminar os piratas . E assim fez ,um a um a marinha inglesa foi recuperando seu espaço , o Holandês fugiu quanto pode , mas eles o encontraram. Lembrava com exatidão quando os canhões começaram a disparar , quebrando mastros e rasgando velas. Soldados ingleses invadiram o convés e exterminaram todos que estavam em seu caminho , mas havia um diferente , em meio ao massacre , ela se deparou com um homem que se vestia como qualquer outro soldado, porém tinha algo a mais . Seus olhos se cruzaram e neles ela não viu a crueldade dos outros , e nesses poucos segundos de distração o tal soldado foi atingido com um único golpe da espada de Davy Jones , que atravessou seu corpo . Ao vê-lo caído
no chão ,ela correu para seu lado na esperança de salvá-lo , ela via bondade em seus olhos e independente de quem fosse, não negava ajuda a ninguém . Um golpe daqueles mataria qualquer homem instantaneamente , mas não ele , um líquido dourado expelia de sua ferida ,não tinha tempo para raciocinar, tinha que tirá-los dali . Foi então que uma ideia se acendeu em sua mente , juntou todas as forças que tinha ,agarrou o homem pelo braço e o arrastou pelo convés até o barco de fuga , usando a confusão como distração , com sua espada cortou as cordas que o prendiam , se jogando ao mar .
O Holandês foi ao colapso , ela remou por dias , tentou cuidar da ferida com o que podia , parecia estar melhorando lentamente . Chegaram à encosta de uma humilde vila de pescadores , que ao ver o uniforme da marinha inglesa no homem se ofereceu de imediato a ajudá-los . Seus anos no mar vivendo em meio a piratas permitiu a ela desenvolver habilidades em tratar diversos tipos de ferimentos e doenças, o que logo a rendeu o cargo de curadora, o qual a deixava bastante ocupada tratando dos moradores e sobreviventes dos
conitos , mas sempre que podia ia visitá-lo .Conforme ele ia se recuperando seu rosto dava lugar a vívidos olhos azuis tão intensos quanto o céu um dia fora e a claros cabelos loiros , para uma época de miséria ele conservará uma beleza indescritível. Disse que se chamava Febo e que entrou para a guarda na tentativa de mostrar ao pai seu valor e honra ,dias se passaram ,com tempo ambos se apaixonaram e Karina engravidou . Mas Febo dizia que logo teria que ir embora para a segurança das duas , quando o dia chegou , foi como se a última lareira tivesse se apagado , o frio voltou , as chuvas ganharam força e o céu cou ainda mais nublado .Minha mãe fala que o dia em que nasci foi como se Febo tivesse retornado para casa, depois de meses o céu nalmente cou azul e as estrelas até então escondidas,naquele dia pareciam dançar . Eu era luz que iluminava sua vida que te trouxe alegria, por isso me deu o nome de Allegra .
Olhando agora para o homem diante de mim , sim era ele , podia sentir .
- Pai. - Disse me lembrando das histórias que minha mãe insistia em contar , na tentativa de mantê-lo por perto.

A Marca de Atenas - O conto da estrela Onde histórias criam vida. Descubra agora