Live- Cap 38

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Esse capítulo contém gatilhos emocionais negativos, caso não esteja bem sugiro que não leia.
Conte comigo para o que precisar, ninguém solta a mão de ninguém!💓✨

Lis POV

Grávida. Quem diria que minha vida viraria de ponta cabeça da noite pro dia, nesse exato momento carrego um ser humaninho dentro de mim e isso me apavora.

Sempre me defini como uma mulher forte, preparada para tudo, mas nesse momento me sinto uma criança que acabou de ter o doce roubado.

Ser mãe nunca esteve nos meus planos, não por agora, ainda mais de um filho cujo pai não está presente. Tenho comigo um pouquinho do Christopher, e daria tudo para acabar de uma vez com essa gravidez para que nada mais me ligue a ele.

-Eu não quero esse bebê.-falo séria olhando pela janela do carro.

-Você tem certeza disso?-Karolin pergunta sem tirar os olhos da estrada.

-Tenho.

-E não quer contar a ele antes de tomar essa decisão?-ela pergunta cautelosa.

-Eu não sei...talvez.-digo me ajeitando no banco.

Karolin para o carro na frente do meu prédio e me abraça de forma acolhedora, não sei o que teria sido de mim sem a sua ajuda.

-Eu vou te apoiar se quiser ter esse bebê, e se não quiser também.-ela fala segurando minha mão e não consigo segurar as lágrimas.

-Obrigada Karol...posso te pedir uma coisa?-ela assente sorrindo.-Não conta pra ninguém, tá?

-Minha boca é um túmulo.-ela finge passar um zíper na boca e sorrio.

Nos despedimos e adentro o prédio pensativa. Pouso a mão sobre a barriga e sorrio fraco, sinceramente não sei o que fazer.

Passo o resto do dia em casa, nem se quer fui trabalhar mas resolvo isso depois.
É estranho se preocupar com uma vida além da minha, em alguns momentos só quero tirá-lo de dentro de mim, mas outrora desejo amar e cuidar dessa criança.

Preciso contar ao Chris, ele é o pai querendo ou não. Não faço questão que ele assuma esse bebê, mas quero que ao menos saiba.
Pego meu celular e entro no WhatsApp, a foto de Christopher desapareceu. Envio uma mensagem mas não é entregue. Ele me bloqueou. Nunca imaginei que fosse tão descartável assim.

Minha dignidade já desceu pelo ralo, não tenho mais nada a perder, estou sozinha, sem minha família e grávida. Christopher precisa me atender nem que pra isso eu precise ligar um milhão de vezes.

*Deem play na música*

21:30 p.m.

Ele rejeita todas as minhas chamadas, desisto de tentar. Retiro o chip do meu celular e o quebro em vários pedacinhos.
Estou disposta a dar um fim nisso, não sei se consigo suportar tanto peso sobre as minhas costas.

Vou rápido até o banheiro e abro a gaveta do gabinete, encontro uma lâmina no fundo da gaveta e posiciono sobre meu pulso, não vejo outra solução a não ser simplesmente desparecer deste mundo.

O quão egoísta estou sendo a ponto de acabar com a minha vida e a vida do meu filho?
Me olho no espelho e desabo, não posso fazer isso comigo, não posso fazer isso com o meu bebê. Acaricio a barriga enquanto me sento no chão frio e úmido do banheiro.

-Eu vou viver por você, meu bebezinho.-digo sorrindo fraco com o rosto banhado em lágrimas.

Acordo no dia seguinte um pouco melhor, me banho e opto por roupas menos justas, tomo um café reforçado e vou até a empresa. Deixo minha bolsa e celular em casa, levo apenas a carteira.

Meu primeiro destino é o RH da WK, preciso arrumar as coisas.

-Oi Lídia.-digo puxando a cadeira para me sentar.

-Você está bem? Não veio trabalhar ontem.-ela diz me olhando por cima dos óculos.

-Estou sim, surgiu um imprevisto.

-Menos mal, achei estranho porque você é sempre tão pontual e nunca falta.

-Força do hábito.-sorrio.-Lidia, na verdade eu vim falar sobre outra coisa.

-Sim, pode falar.

-Eu quero pedir demissão.-falo firme.

-Mas porque? Aconteceu alguma coisa?-ela diz surpresa.

-Não, muito pelo contrário, amo o meu trabalho, mas agora tenho outros planos para a minha carreira.-minto.

Não tenho plano nenhum, nem sei o que farei daqui pra frente, mas sei que tudo irá dar certo.

-É uma pena, não sei o que será de nós sem você, mas lhe desejo sucesso, Lis. Você vale ouro.

-Agradeço pela oportunidade de trabalhar em um lugar tão incrível.

Lídia prepara os papéis e os assino, agora não tem mais volta, não faço mais parte da equipe.
Ander provavelmente terá que voltar às pressas para me substituir, porque não foi me passado nada sobre um aviso prévio.

Saio da empresa e observo o enorme prédio com vidros perfeitamente limpos. Esse lugar foi fundamental para o meu desenvolvimento, fiz grandes amigos, conheci o amor da minha vida e pai do meu bebê, e agora é para onde olharei e terei as melhores lembranças.

Chamo um Uber e vou direto para casa, no caminho conversamos sobre o clima, as praias de Miami. Foi extremamente agradável.

Olho em volta admirando o cantinho que Emy e eu lutamos tanto para conseguir, tudo em seu devido lugar. Entro no quarto de Emily e seguro um porta retrato com uma foto nossa, sorrio e o coloco no lugar, sinto falta dela.

Por um momento minha primeira noite com Christopher se torna meu principal pensamento, é como se eu pudesse enxergar nós dois em minha cama agora vazia. Nunca vou me esquecer de como me sentia estando com ele.

Pego minha maior mala de rodinhas e começo a colocar algumas roupas. Lágrimas molham meus pertences mas não me importo com isso. Pego uma camiseta branca que o Chris esqueceu aqui e a abraço, sinto falta do seu cheiro e do calor do seu corpo. Quem dera tudo tivesse sido diferente.

Pego tudo o que posso, ainda deixo algumas coisas para trás que não pretendo voltar para buscar, meu celular fica sobre a cama junto com da camiseta de Christopher. Puxo minha mala até a sala de estar e ali me sento por alguns segundos, não imaginei que os enjoos seriam tão frequentes.
Quando finalmente me sinto melhor decido que é hora de ir, dou uma última olhada no lugar que costumava ser o meu lar e fecho a porta a trancando.

-Para onde vamos, senhorita?-o taxista pergunta simpático.

-Aeroporto, por favor.

Desço do carro e o motorista me ajuda com a mala, agradeço e adentro o enorme estabelecimento.
Estive aqui a algumas semanas achando que tudo estava bem, e agora estou me despedindo mais uma vez. A vida é traiçoeira, e a felicidade dura pouco.

-Oi...boa tarde.-digo retirando alguns documentos da bolsa.

-Boa tarde! Qual é o destino senhorita?-a funcionária pergunta simpática.

-Brasil, se possível para o próximo vôo.

-O próximo sai em trinta minutos.

-Perfeito.

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