Humano

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A cada dia que passava, eu ficava impressionado em como a tecnologia havia mudado e avançado. E eu via aquilo em Win e no seu jeito de ser.

Por mais ridículo que soasse, eu me sentia feliz em ter um robô morando comigo por tempo indeterminado. Eu não negava e não iria negar que estava extremamente ansioso sobre o que aconteceria nos próximos dias. Tudo bem, eu era um humano e Win era um robô, eu tinha sentimentos e ele não tinha, mas então, o que tinha sido aquilo na noite do jantar? Por que ele me encarou e sorriu enquanto os olhos brilhavam? Aquilo só acontecia quando ele comia pizza. Eu era como uma pizza para Win? Queria ser. Queria que eu fosse importante para Win, como ele estava sendo para mim, desfazendo o meu medo de ficar sozinho e melhorando o meu humor às oito da manhã.

Algo me preocupava. Por quanto tempo Win ficaria morando comigo? Eu não queria que ele fosse embora. Aof não havia falado sobre aquilo, e eu estava constrangido em perguntar para o robô. Por isso, com tantas dúvidas, na quinta à noite eu estava indo me encontrar com Aof, em sua empresa, depois de deixar Win desligado na cama. Ele pediu para ser desligado, dando a desculpa de estar cansado. Fiquei preocupado.

Fiquei surpreso ao chegar no local onde Aof trabalhava. E orgulhoso. A empresa era grande, e quase não entrava a luz do sol. Máquinas ocupavam quase todo o lugar, e por incrível que parecesse, havia gente trabalhando. Me perguntei se eram humanos ou robôs.

Aof andava em minha frente, elegante como se tornou. De terno preto e sapatos chiques. Quis começar a chamá-lo de Homem de Preto, mas, ele estava tão sério ultimamente, que apenas deixei a piadinha para depois. Aof me levou em um laboratório com pouca luz, onde fazia frio e as janelas pareciam ter película azul.

Ele riu de mim. Sabia que eu estava com medo.

— Calma, Bright.

— Calma?

— Eu venho a essa sala o tempo todo. Não se preocupe, não vai aparecer nenhum monstro. Eu acho.

— Aof...

— É brincadeira. Eu só quero mostrá-lo uma parte do lugar onde os robôs são criados. Disse que queria falar comigo, não? Sobre o que é? — Aof pegou duas cadeiras e nos sentamos frente a frente. Entrelacei as mãos, ansioso. — Algum problema com o Win? — Ele perguntou, me encarando, de pernas e braços cruzados, sempre elegante.

— Ele é incrível. — Eu disse, me deixando sorrir.

— Então por que você está tão triste? Eu o conheço.

— Eu soube que os sentimentos dele foram bloqueados. Certo?

— Nós preferimos não acrescentar essa característica nele. Isso não é tão importante, é?

— Eu acho que é importante.

Aof ficou em silêncio, e se aproximou de mim, ainda sentado.

— Você não se apaixonou por um robô, certo, Bright?

Eu me sentia ridículo.

— Ele é incrível demais. — Respondi, tentando não sorrir. — Eu preciso saber por quanto tempo ele vai ficar comigo. Você não me disse sobre isso.

— Quer saber por quanto tempo a bateria dele vai funcionar?

Assenti. Aof respirou fundo.

— Ele está se sentindo cansado ultimamente. — Falei. — Eu o desliguei ao sair de casa.

— Um dia, Bright.

— O quê?

— Eu sinto muito. Ele é o nosso primeiro robô. Nós queríamos uma experiência rápida, e eu não fazia ideia de que você se apegaria tanto a ele.

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