Entrega

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Sabe, eu estava constrangido em ficar cara a cara com Aof, depois do que ele me contou sobre o seu trabalho. Ele ganhava dinheiro clonando pessoas e fazendo robôs. Ele e a família eram gênios na tecnologia e em tudo o que a relacionava, mas, o lance de contratar um robô não saía da minha cabeça, principalmente porque eu havia aceitado aquela proposta.

— Você acha que eu fiz certo, Thyme? — A pequena bolinha preta estava tentando ficar em pé no chão, sem tremer, porque ele era muito pequeno, e ficar em pé era difícil. Thyme me encarava, como se tentasse me entender. — Eu também estou tentando me entender.

Minha mente vagava no robô nomeado como Win. Eu me perguntava primeiramente o motivo de eu ter aceitado aquela loucura. Aof tinha olhado bem no fundo dos meus olhos e me convencido. Era aquilo. Eu estava sendo a cobaia dele, assim como éramos da mamãe e das suas receitas.

Que horas Win chegaria?

E como ele chegaria?

Como seria a nossa convivência?

Eu me questionava se ele agiria no automático — com voz de robô ou que tivesse poderes especiais — ou então, como um humano. No fundo, eu estava com medo, mas bem lá no fundo, eu estava ansioso e animado.

Chegando no apartamento, com sacolas na mão, abri a porta com dificuldade pelo peso e pelo sono. Eu estava aéreo. Fechei a porta logo depois, agradecendo aos céus por ter chegado em casa e poder tirar o resto do dia livre para descansar. No dia seguinte, eu teria que voltar à minha rotina de trabalho. Não que eu estivesse reclamando. Era realmente bom, principalmente porque eu tinha Dew e Nani para conversar comigo todos os dias. Eles tinham se tornado dois bons amigos. Nada comparado a Aof, mas...

— Olá, Bright.

Derrubei todas as sacolas no chão. A minha respiração ficou difícil e coloquei a mão no peito, me virando para ver quem havia aparecido do nada no meu apartamento. Não era um fantasma. Era a criatura mais linda que eu já tinha visto em toda a minha vida. Eu poderia dizer com toda a certeza do mundo que aquela pessoa, seja lá quem fosse, chegava perto da perfeição.

Quem estava ali era aquilo que eu esperava. Ou melhor, quem eu esperava. Win, o robô, que na verdade, não parecia nem um pouco com um robô. Talvez parecesse, pela perfeição, mas se não fosse por aquilo, eu poderia jurar ser um boneco quase de porcelana, ou um humano igual a mim, com sentimentos, órgãos, sangue e consciência.

— Como você entrou aqui?

— Eu tenho a chave. — Ele estendeu a mão para cima e mostrou uma única chave, com uma classe e uma postura impossível para qualquer humano. — Seu amigo, Aof, me entregou. Você é o Bright, certo? É, é você. Eu tenho certeza. O seu rosto ficou bem gravado na minha memória. — Sorriu. Simplesmente sorriu, mostrando uma fileira de dentes brancos.

Win, definitivamente parecia um humano. Eu não esperava por aquilo. Estava esperando alguém com uma voz estranha e... estranho, em geral. Mas aquela coisa na minha frente... simplesmente... me deixou admirado. O cabelo preto e ondulado estava perfeitamente arrumado. Os olhos da mesma cor estavam presos em mim, e a boca rosada era carnuda e tinha um sorriso largo. A roupa social que ele usava combinou com a postura ereta e a classe que ele tinha.

— É, eu sou o Bright. Você é...

— Win. — Ele estendeu a mão, não tirando os olhos de mim, piscando as pálpebras raramente. — O que foi? Não vai apertar a minha mão? É um cumprimento, não?

— Claro. — Estendi a mão e a apertei, acanhado. A mão do outro era macia, como se realmente fosse um humano. Não pude deixar de lembrar da descrição da sua pele. Lembrava realmente a textura de um algodão.

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