Capítulo 3: O elefante no quarto

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   Não foi fácil acordar do lado dele na manhã seguinte. Meu corpo ainda teria marcas se eu não me curasse; a memória era tão intensa que eu quase conseguia sentir as mãos dele ainda apesar de elas realmente estarem em mim, a respiração pesada dele no meu pescoço com certeza era novidade mas eu gostava daquilo tudo, estava com medo mas gostava.

— Há quanto tempo está me espiando dormir? Ele perguntou sem tirar as mãos da minha cintura.
— Acordei tem pouco tempo. Respondi seco.
— Hum. Tem algo te incomodando?
— O que tá rolando Théo? Perguntei já não me aguentando.
— Precisa mesmo rotular as coisas? Qual é Liam, a gente tá se curtindo, é isso. Não tem nada demais.
— Ah, é só curtição então?
— Não sei Liam, você quer que seja mais que isso?
— Não sei, só queria que tivesse algum significado.
— E tem. Só não precisamos apressar as coisas, deixa rolar.
— Tá bem então. Vou  tomar banho. Disse me levantando.
— Eu vou com você. Ele disse.
— Tá, mas sem saliência.
— Só banho. Ele respondeu tentando esconder a ereção com o travesseiro.
— Só pensa em sacanagem! Disse apontando pra ele.
— Qual é, ereção matinal é a coisa mais natural do mundo.

    Deixei ele se defendendo sozinho no quarto e prossegui pro meu banho, a água morna me ajudava a colocar os pensamentos em ordem; eu finalmente encontrei um pouco de paz, já não sentia tanto medo, pelo menos não de morrer, mas quando eu pensava no Théo e no que estávamos vivendo juntos eu ficava apavorado. Quando me dei conta ele estava esfregando as minhas costas, o que quase me matou de susto.
— Relaxa Liam, é só uma esponja.
— Eu estava distraído.
— Eu sei, tem uns três minutos que estou conversando sozinho.
— Desculpa.
— Tudo bem.
Continuamos apenas tomando banho, apesar das investidas dele, dos beijos no meu pescoço e do pênis dele encostando na minha coxa.
— Você já fez isso antes Liam?
— O que? Tomar banho? Bom, é o que pessoas no mínimo higiênicas deveriam fazer.
— Você sabe que não é disso que eu tô falando.
— Sei.
— Então, você já fez isso com outro homem?
— Não. Você já?
— Não, mas já transei com mulher.
— Eu também.
— Tá tudo bem pra você?
— Tá, e pra você?
— Tá, se um dia não tiver bem pra você me avisa tá, não fica diferente comigo isso machuca.
— Tudo bem, eu digo o mesmo pra você.

Saímos do banheiro depois dessa conversa estranha, e bom. Deveríamos ter saído um de cada vez, a cara do meu pai alternando o olhar entre o Theo e eu não era um bom sinal.

— Pai, é...
— O que tá rolando?
— Senhor Dumbar, a gente só...
— Eu falei com meu filho.
— Sinto muito, eu vou pegar minhas coisas e...
— Você não vai. Segurei a mão dele.
Estamos juntos pai, é isso.
— Liam, mas você não namorava a Heyden?
— Namorava no passado. Agora eu tô com ele.
— Eu confiei em você garoto, te deixei entrar na minha casa.
— Sinto muito senhor, eu não queria causar problemas, a gente não planejou nada disso,aconteceu.

E então ele começou a rir.
— Pai? O que foi tá zuando a gente?
— Qual é filho, estamos no século vinte e um.
— Que susto porra. Disse o Theo soltando o ar.
— Olha a boca moleque! Repreendeu meu pai.
— Desculpa. Ele respondeu
— Se tudo bem pra você pai, porque o showzinho?
— Eu queria dar uma trollada, não é como dizem hoje em dia?
— Pai!
— Tá bom, tô indo. Ele saiu com as mãos erguidas como se dissesse "eu me rendo"

Ficamos um bom tempo em silêncio encarando as paredes, não saberia dizer quem estava mais constrangido. Eu fiquei muito tenso confesso. Mas o Theo ainda estava vermelho como um tomate.
— Seu pai me viu de pau duro.
Ele disse finalmente.
E foi aí que eu lembrei que só havia levado uma toalha pro banheiro e sai com ela na cintura. Olhei pro lado e ele estava segurando o travesseiro a frente da virilha em choque.
— Ei, tá tudo bem.
— Ele me viu assim. Ele jogou o travesseiro na cama exibindo a nudez.
— Esse negócio ainda tá duro? Perguntei quando olhei pra ele sem o travesseiro.
— Lógico, você não me deixou fazer nada pra abaixar isso.
— Você não vai enfiar isso em mim.
— Qual é Liam, é assim que funciona o sexo, ou vamos ser aquele tipo de casal que não faz sexo?
— Espera, quem disse que somos um casal?
— Você falou pro seu pai.
— Falei que a gente tá junto,só isso.
— Agora eu tô confuso.
— Vamo com calma tá?
— Eu juro que vou devagarinho
— Eu tô falando do "relacionamento".
— Ah.

Não transamos naquele dia mas eu dei uma mãozinha. O celular não parava de tocar, nem o dele, nem o meu; era o Parrish.

Dirigimos por aproximadamente duas horas até uma cabana no meio da floresta, o suspeito era um lobisomem, pelo menos era o que o Parrish achava, era no mínimo alguém sobrenatural, que estava envolvido no desaparecimento de pelo menos 5 mulheres.

— Ótimo, um lobisomem tarado. Disse Théo rompendo o silêncio.
— Ainda não sabemos disso. Respondi

Não sabia o que falar com ele depois da nossa última conversa, eu gostava dele, sentia tesão nele, mas não sabia se ter um relacionamento com ele seria o ideal. Ele parecia estar chateado.

— Eu não posso te dar mais que isso, não agora.
— Tudo bem Liam, eu não tô te pedindo em casamento nem nada. Só seja sincero comigo, é recíproco isso? Você também sente isso que eu tô sentindo?
— Eu.. é
Ele parou o carro.
— Eu sinto Théo. Mas eu não sei o que fazer, eu tô confuso.
— Tudo bem, eu também estou. Essa parada de sentir tesão por homem é nova pra mim também.
— Desculpa.
— Tá tudo bem. Depois que resolvermos esse caso vamos sentar e conversar.

Não foi um dia fácil, não foi um  caso fácil. Demoramos o dia todo pra encontrar o suspeito que não era um lobisomem; era um druida maluco que tentava ser uma nova espécie de médico do medo.

As mulheres desaparecidas ainda estavam na cabana. Bom, duas delas não estavam vivas.
O maluco estava fazendo experiências com elas implantando Dna de animais nelas, tentava criar quimeras.

A pior parte nem foi o achá-lo , o Théo amava uma briga, mas era burro porque não pensava antes de atacar e acabou sendo baleado, o desespero veio quando percebemos que o maluco tinha muito conhecimento, as balas eram revestidas de aconito.

Por sorte ele só tinha duas delas, o azar é que uma estava na perna direita do Theo. Eu entrei em pânico e fui tomado pela mesma raiva que eu sentia antes do Scott me morder. Só parei de bater nele quando ouvi a voz do Theo.

— Liam, já chega! Ele não vai a lugar nenhum. Precisamos descobrir como parar esse envenenamento ou eu vou morrer.

Andei de um lado pro outro na cabana tentando me lembrar o que o Stiles fez quando passou por isso com o Derek; ou ele disse que fez mesmo sem ter feito. Lembrei de parte da história, sabia que precisava da outra bala, e não foi difícil conseguir; o maluco sabia do que eu era capaz.

Depois de não conseguir falar com o Stiles eu estava quase desistindo, a pele do Theo já estava ficando cinza, ele havia desmaiado, não tive outra ideia a não ser pedir ajuda pro  Cris.
— Cris? Gritei.
— Liam? É você?
Droga, era a Melissa.
— Senhora McCall, desculpa mas não tenho tempo agora, preciso do Cris, é urgente.
Ficou um silêncio mortal do outro lado da linha até que ele disse:
— Pronto.

Expliquei toda história pra ele ocultando alguns detalhes, mas ele era inteligente, no mínimo ficou desconfiado.

Já sabendo o que fazer eu pedi ajuda de uma das vítimas, a menos abalada, se é que era possível.

—Você precisa me escutar, ele vai morrer se não fizermos isso. Vai doer muito e ele provavelmente vai ficar mais assustador do que já é; eu vou segurar ele, você vai queimar isso e colocar dentro da ferida.

Ela não respondeu, só balançou a cabeça. Eu segurei ele enquanto ela fez o que eu pedi, não com uma feição de satisfação, mas fez.
Como eu temia ele se contorceu, uivou e gritou, quase não consegui segurar, mas no fim deu certo.

Depois de deixar o maluco aos cuidados do Parrish e as vítimas no hospital fomos pra casa, o meu pai não estava como sempre.

— Eu estava cheio de más intenções, mas hoje eu não aguento nada. Disse Théo depois de se jogar na cama.
— Eu sei.
— E aquela conversa, vamos ter?
— Deixa pra amanhã.
— Tudo bem, mas para de ficar adiando por favor, só me dá um sinal me diz se eu posso investir nisso que eu tô sentindo ou se eu devo desencanar.

Não dei nenhuma resposta, só me inclinei sobre ele na cama e o beijei desajeitado.
— Estamos juntos nessa.
Ele sorriu com os olhos quase fechados, droga. Acabei percebendo que não era só tesão que eu estava sentindo.

Foda-se A Razão ( A História De Théo E Liam)Onde histórias criam vida. Descubra agora