Os Poemas De Lucius

O PUNHAL

O punhal agrediu o pior animal
destruiu o ser humano
Ele vingou as árvores, os bichos, e os oceanos

Eu tenho uma ideia nova nesse mundo repetido
E se do fundo da minha alma eu escrevesse um livro?
Acho que essa ideia não é nova, e acho que é repetida
Mas ideias são como as palavras, e me diga, quais as palavras que nunca foram ditas?

Será que eu consumo arte ou arte me consome?
Tanto faz se arte é alimento eu tô passando fome
E se alimento é arte então tem uma pá de país que não conhece a pintura
Isso mesmo porra, tô falando dos mesmos país de onde importamos as vítimas da escravatura

Onde plantamos a fome e a miséria
E os culpamos por não terem conseguido sozinhos até hoje!
E até amanhã
E depois de amanhã
E ainda assim, a culpa não é nossa, é deles?

Não é essa porra que vocês falam?
Que vocês disseminam e propagam
Bando de gente inútil
Não conseguiu ver a beleza do mundo então destruiu a beleza daqueles que foram calados

Daqueles que foram enforcados
Porra

Se João Cândido estivesse vivo
Me pergunto
Quantos Marcelinos Rodrigues ele vingaria?
Isso mesmo brancada

Nenhum de nós sobraria.

Se existe justiça nesse mundo
Tenho certeza que serei culpado
Já se passaram 500 anos
Mas o punhal não entende de ante passados
Na verdade, nem precisa
Vejo tudo que fiz na minha vida
E caralho
O branco transforma tudo em jogo de baralho
Quantas revoltas da chibata até algo acontecer?

Desde que cada um faça sua parte, algo vai acontecer
Até que todos tenham direito de sobreviver
Até que vocês tenham noção do que falam
E até que a paciência deles chegue no limite

Ó punhal, perfure e castigue o pior animal
Não consigo ver de outro jeito
Se somos dois nunca seremos nós
Se não somos nós então isso vai continuar

Ó punhal, perfure e castigue o pior animal
Destrua o ser humano
Vingue os animais, as árvores, e os oceanos
E punhal, se você realmente nós ama
Também nos vingue
Vingue desde o homem mais comum
Até a mulher mais extraordinária
Vingue todos
Mesmo que não sobre nenhum.