PORRA

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Escrevo por birra não por carência
Cada letra que passa por mim
Me motiva a ficar longe da desistência
Isso aqui é de onde eu vim

Ontem eu tava chorando, tudo bem
Prefiro a lágrima com gosto de mar
Essa é a melhor coisa que vem daquele lugar

Hoje não chegou a lágrima salgada
Piso em buracos fundos e desapareço
Hoje a lágrima foi avermelhada
Estou preso nesse lugar onde não cresço

Revisitei meus textos antigos
E percebo o que já sabia
Não há dom comigo
Só uma pobre alma vazia

Nunca conversei com um mestre na escrita
Percebe como sou insignificante?
Tudo que sei vem de amigas
No máximo sou um falso ser pensante

E como falso ser pensante
O que me resta?
Febres delirantes
Pobreza, e miséria

Uma vez me chamei de escritor
Ainda lembro daquele olhar
Me chamando de menino sem pudor
Mas tudo que escrevi, escrevi tentando amar

A uma semana atrás eu fui num rolê
Não saí de casa
Mas era o que eu queria fazer
No fim das contas não fiz nada

Mas um exercício de imaginação me salvou
Só de imaginar pessoas bêbadas
Pessoas que nunca ninguém amou
Iguais a mim, protegidas e indefesas

Eu me senti melhor
Acho que descobri meu santuário
Não havia julgamento ao meu redor
Era um mundo igualitário

PORRA
Quando foi que comecei a me preocupar tanto?
Nesse momento cada parte do meu corpo grita CORRA
Pois estes homens estão te julgando

Os Poemas De LuciusOnde histórias criam vida. Descubra agora