3 - Tentadora Proposta

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Suspirando e abraçando as pernas, Nikki fitou fixamente as gotículas da chuva que desciam pela janela. Tentava ignorar os próprios pensamentos, algo impossível em seu atual estado. Passaram-se cinco dias desde a última vez que falou com Steve e Evan. Ao olhar rapidamente para o celular que estava no braço do sofá, suspirou e o pegou. Marcavam 7:50pm. Talvez ligasse para Evan, pois não perguntou quando ele voltava, mas esperava que logo.

Era folga da boate, e como já tinha feito uma faxina no apartamento estava descansando no sofá da sala enquanto na tv passava um filme. Voltando-se para o celular, tocou na tela e viu as imagens dos dois peixinhos de estimação que tinha: Looney e Tunes. Os dois peixinhos dourados. Deixando um sorriso escapar, encarou o aquário. Steve certa vez lhe dissera que os dois ficariam deliciosos fritos, já Evan comentara que os dois eram fofos.

Perguntava-se como Steve e Evan eram irmãos.

Os dois eram completamente diferentes, mas havia algo em comum que ela amava nos dois: a forma como eles a completavam e eram carinhosos. Steve era mais selvagem, mas ainda assim era carinhoso.


Já Steve, o conheceu em uma festa e os dois transaram como dois animais no cio. Nunca tivera um sexo selvagem como naquela noite. Por obra do destino, reencontraram-se na boate. Três meses depois descobrira que os dois eram irmãos e, para piorar, amava os dois.

Sim.

Amava Steven e Evan Hart.

Enquanto um era carinhoso e delicado, o outro era bruto e selvagem.

— Meu Deus! – murmurou esfregando o rosto. — Eu sou uma pessoa horrível.

Ao ficar de pé, aumentou o volume da tv e se dirigiu à cozinha. O pote de sorvete de morango que comprara no mercado da esquina estava no congelador, pronto para ser devorado. Após pegá-lo, buscou uma colher na gaveta do armário e se encaminhou a sala. Sabia que a ausência de Evan era o trabalho, mas por que Steve também sumira?

A colher deslisou com facilidade na massa gelada e, ansiosa por sentir o gosto adocicado, o colocou na boca. Antes que colocasse mais uma colherada na boca, ouviu quando a campainha fora tocada. No mesmo instante sentiu o coração acelerado. Não recebia muitas visitas e somente duas pessoas podiam subir sem serem anunciadas. Ao lamber a colher, depositou o pote de sorvete na mesinha de centro e se encaminhou a porta.

Pelo olho mágico viu Evan parado segurando um buquê de flores. O sorriso automaticamente se fez presente e com o coração aos pulos abriu a porta e se jogou nos braços do recém chegado.

— Ev... – murmurou sentindo o perfume masculino. Parecia que Evan havia acabado de sair do banho.


— Que saudades! – A voz rouca sussurrou rente ao pé do ouvido feminino. — Nunca mais ficarei longe dessa forma.

— Você não me ligou – falou ainda agarrada ao pescoço dele. — Eu esperei uma ligação, mas você não me ligou.

Afastando-se minimamente dela, Evan a tocou na bochecha.

— Eu sei, me desculpe – pediu com um pequeno sorriso. — Esses dias foram cansativos demais. Cheguei ontem à noite.

— E não teve como ligar?

O olhar de Evan seguiu para os olhos puxados, em seguida para os lábios rosados.

— Nikki, eu precisei fazer isso – disse com o cenho franzido. — Você precisava desses dias para pensar e...

— Como assim? Pensar? Eu precisava? – questionou confusa. — Evan, eu não estou entendendo.

Antes que ele respondesse, ouviram um assobio vir do corredor atrás de Evan. Ainda sem entender, Nikki observou Steve se aproximar. Usava a mesma jaqueta do outro dia, a calça preta junto a camiseta preta e coturnos o deixava com um ar de perigoso. Após engolir em seco, Nikki cruzou os braços e fitou Steve lançar um olhar indiferente para o buquê de flores que o irmão trazia.

— Começaram a conversar sem mim? – questionou e sem esperar uma resposta se encaminhou até o sofá. Retirou a jaqueta e em seguida pegou o pote de sorvete. — Cadê o controle?

— Boa noite, irmão – Evan disse o observando pegar o controle remoto e mudar de canal. — Não começamos ainda.

— Eu não estou entendo nada! – Nikki olhava para os dois. — Vocês somem e depois aparecem os dois com um papo que eu claramente não estou por dentro?

— Nikki...

— O que está acontecendo? – Interrompeu fechando a porta.

Ao passar por Evan, pegou o buquê e o colocou em cima da mesinha. Assim que olhou para Steve, notou que ele já estava na metade do pote de sorvete. Primeiro ouviu o pigarro, depois Evan se aproximou para se sentar ao lado do irmão.

— Precisamos resolver a nossa situação, Nikki.

A respiração travou, e sem perceber negou com a cabeça. Ela não estava preparada para aquela conversa, não agora. Tantas vezes que pensara naquele momento: o dia da escolha. Seu coração bombeava freneticamente dentro do peito, e o medo se apossou de si.

— Evan, não.

— Nikki, não podemos continuar assim.

— Eu não quero falar sobre isso – retrucou nervosa. — Não consigo.

Com um suspiro, Steve chamou a atenção para si.

— Então tudo bem continuar brincando com os nossos corações?

Aquela acusação a fez arfar em culpa, porque mesmo não querendo ela fazia aquilo. Ao perceber que havia sido mais grosso que o normal, esfregou a testa e ficou de pé. Ele realmente não queria soar rude, de forma alguma. Por amar Nikki que ele havia proposto aquela solução, apesar de ser bem... incomum.

— Me desculpe – pediu tocando-a na bochecha macia. — Eu sei que você não faz isso.

— Não tem como escolher entre os dois – disse pousando a mão por cima da dele. — Eu não consigo... e eu sei que vocês podem achar que faço isso porque não me importo com vocês, mas eu me importo. Eu amo vocês.

Ao fim da frase ela viu os dois irmãos se encararem.

— Sabemos disso – Evan concordou ficando de pé. — E sabemos também que seria difícil escolher entre nós. Não queremos isso, não deixaríamos que essa decisão ficasse em suas mãos.

Sem entender, Nikki cruzou os braços e fitou os dois irmãos. Steve parecia ansioso com algo, já Evan mantinha uma tensão no olhar. Se eles não queriam que ela escolhesse... o que estavam fazendo ali? Talvez seu olhar confuso lhe denunciou, pois Evan pigarreou e esfregou a barba. Sem deixar de encarar os dois, viu quando Steve acenou.

— Queremos te propor algo – murmurou cauteloso — que beneficiará a todos.

Antes que Steve se afastasse, Nikki o segurou pela mão em um pedido mudo para que ele ficasse onde estava. Voltou a atenção para Evan, ele ainda se mantinha em pé.

— O que querem me propor?

— Nikki, no dia da nossa despedida... – começou aproximando-se. — Eu tinha conversado com o Steve e dessa conversa decidimos colocarmos os pingos nos "is".

— Queremos que seja nossa – Steve falou cansado demais das voltas do irmão. — Que venha morar conosco, seja a nossa mulher e em troca, seremos seus por completo.

— O que? – Assustada, engoliu em seco e fitou os dois. — Vocês...



Voltei, perdão sumiço novamente. Não estava conseguindo acessar o perfil, desisti, depois voltei a tentar. Consegui.

O que acharam?? Tenho boas novidades para vocês, querem saber???

Luxúria - conto COMPLETOOnde histórias criam vida. Descubra agora