Memories - Pág 21

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"Told you I'll be here forever
Said I'll always be your friend
Took an oath, I'ma stick it out 'til the end"

Benjamin

Mamãe e papai haviam saído no meio da noite, porque mamãe gemia de dor mesmo o papai tentando acalmá-la. Eu acordei ao ouvir sussurros deles, os olhinhos da minha mãe estavam vermelhos, e ela soava muito. Fiquei preocupado, sem entender nada. Meu pai andava de um lado para o outro carregando umas bolsas grandes e uns papéis estranhos.

Então, perguntei o que estava acontecendo e a resposta que recebi foi que ia ficar tudo bem. Meus olhinhos pesavam de sono, mas os resmungos da mamãe me dava uma agonia, por isso, fiquei ao seu lado e a abracei, enquanto o papai pegava tudo.

A campainha tocou umas três vezes seguidas, quando continuei ao lado da minha mãe e o meu pai abriu a porta.

Minha vovó entrou praticamente correndo dentro de casa, ajudou a mamãe a levantar, e tia Ana ajudava o papai a levar as bolsas para fora.

Coloquei no banco de trás, Manuel. - Ouvi ela dizer assim que voltou pra dentro da nossa casa.

Mamãe! - Choraminguei e corri até ela, depois que a vó Alice a guiou com cuidado até a porta.

Mamãe apenas beijou minha testa e disse que voltaria logo para casa com uma surpresa. Vovó sorriu em concordância e logo a tirou de casa junto com o vovô. Nem lembro mais onde estava o pai, só lembro da tia Ana e do tio Thiago entrando e fechando a porta.

— Pra onde a mamãe foi, titia? - Questionei esfregando os olhos, mas tinha medo de dormir e nunca mais ver a minha mãe.

— A mamãe foi ao hospital, meu amor. - Ela me ergueu e me colocou no colo. - Eu e o tio Thiago vamos ficar com você, tudo bem?

— Ela vai voltar, né?

— Vai sim. Não se preocupe. Vai dar tudo certo.

— E... - Um bocejo escapou. - Vai demorar pra ela voltar?

— Não meu amor, é só uns dias.

— Hey campeão, tá muito tarde. - O Tio Thiago me tirou do colo da titia. - O que acha de voltar a dormir, hum?

Acho que ele também tinha muito sono, porque abaixo de seus olhos estava escuro. Assim que me levavam em direção ao meu quarto, pousei minha cabeça no ombro dele e ali mesmo eu dormir.

[...]

Pela janela do carro do vovô eu via a cidade passar pelos meus olhos, animado, já que ia visitar a mamãe no hospital.

— O que acha de passarmos na sorveteria depois, hein Benji?

— Oba! - Pulei no banco de trás, se não fosse o cinto de segurança me prendendo.

— Seu avô adora mimar você. - Vovó Alice olhou pra mim e piscou.

— É que eu sou o seu neto favorito.

Ele riu mantendo a concentração no volante e na estrada, mas quando paramos no sinal vermelho ele virou e disse:

— Com certeza. Mas não conta isso pra sua irmãzinha.

De repente, tudo fez sentido. A mamãe indo pro hospital ontem, a tia Ana super feliz hoje no café da manhã, a vovó arrumando o quartinho da bebê. Minha irmãzinha tinha nascido.

Fiquei nervoso.

Minhas mãos estavam suando muito assim que entramos no estacionamento do hospital, e meu coração fazia tum tum, tum tum, bem rápido. Segurei na mão da vovó enquanto ela ia andando pelos corredores gelados do hospital. Paramos em uma porta branca e logo o papai saiu de dentro, agora era os seus olhinhos que estavam vermelhos, e inchados.

— Papai! Por que você estava chorando? Cadê a mamãe?

— Oi filho. - Ele se abaixou para ficar na minha altura. - A mamãe está lá dentro, e tem uma pessoa muito especial pra te apresentar.

Tum tum, tum tum, tum tum, tum tum. Meu coração bateu bem mais forte, e mais forte, e mais forte. Peguei na mão dele e juntos entramos no outro quarto que era bemmm grandão, tinha até uma mini geladeira.

— Mamãe!

Soltei a mão do papai e corri até ela, subindo na cama. A primeira coisa que vi foi seu sorriso grande, e nos braços dela tinha um bebê. Eles tinham razão, ela era pequenininha. Minha mãe passou a mão pelo meu cabelo e depois pelo meu rosto.

— Você está bem? - não respondi, pois minha atenção estava na pessoinha minúscula nos braços dela. - Olha, amor, essa é a Melissa, sua irmãzinha.

Melissa, que nome bonito. - Foi o que pensei.

— Diz oi pra sua irmã, filho. - Papai também sentou na cama.

Com a ponta dos meus dedinhos toquei o rostinho dela, tinha medo de machucá-la, depois toquei a cabecinha e em seguida peguei na mãozinha dela. Ela era menor que a minha mão. Olhei para trás e a vovó estava chorando, o vovô estava sorrindo, mamãe sorria e chorava ao mesmo tempo, e o papai também olhava pra mim sorrindo.

— Posso segurar ela? - pedi olhando para ela.

— Você acha que aguenta? - Balancei a cabeça.

Mamãe colocou a minha irmãzinha nos meus braços, ela era tão levinha que nem doeu no meu braço ao segurá-la. Seus olhinhos se abriram um pouco e abrindo a boquinha, soltou um nhé. Para minha surpresa, ela era banguela.

— Cadê os dentes dela? - Todo mundo riu. Fiquei sem entender, aguardando a resposta.

— Os dentes dela ainda vão nascer, Benji. - vovó explicou.

— Aaaah...

A bebê soltou um outro nhé e eu a imitei. De novo, ouvi as risadas dos meus avôs e dos meus pais. Sorri ao ver que os olhinhos dela eram iguaizinhos ao da mamãe, e ela era tão bonita quanto a min... bem, agora nossa mãe. Tentei segurar sua mão e ela apertou meu dedinho.

— Eu vou ser o melhor irmão Mel. Te prometo.

Mamãe me abraçou por trás, e beijou minha cabeça emocionada. Beijei bem devagarzinho a cabecinha da bebê.

— Mas eu que sou o preferido do vovô, você vem bem depois.

Outra vez eles riram, enquanto eu me encostei na mamãe envergonhado. Eu ia cuidar da minha irmãzinha do mesmo jeito que a tia Ana cuidava da mamãe e da Tia Chiara, ou como o tio Victor cuidava do papai. Na verdade, eu ia cuidar dela do meu jeitinho, com muito amor.

"Disse que estarei aqui para sempre
Disse que sempre serei seu amigo
Fiz um juramento, vou aguentar até o fim"

Surfando no Amor: Parte III (Binuel)Onde histórias criam vida. Descubra agora