Entre as curvas de Rhysand, Azriel e Cassian

5.3K 310 290
                                    

Eu fecho os olhos, mas não consigo dormir.

Meus pensamentos são como nuvens escuras e pesadas em minha mente, chovendo palavras e sensações ruins até que eu esteja afogada. Meus pulmões ardem ao tentar respirar por entre as gotas de desespero que chegam nas minhas veias e substituem o sangue que corre por elas.

Empurro o lençol que me cobre com os pés até que ele caia em algum lugar no chão, irritada ao me revirar na cama pela décima vez. Agarro um dos travesseiros que me cercam e o jogo para longe, ele bate na parede e cai com um baque surdo. Droga! Depois de todas as noites que passamos juntos, acostumei a ter o calor de Rhys ao meu lado para conseguir dormir bem.

Sinto sua falta, digo pelo laço, sentindo um aperto no coração ao não ter resposta novamente. Não tenho notícias de Rhys há duas semanas, será que é tão difícil assim tirar cinco minutos do seu tempo para me responder?

Rhys, Cassian e Azriel saíram juntos em uma missão há pouco mais de um mês, deixando-me aqui, sob o olhar afiado de Nestha, o sarcasmo de Amren, a tranquilidade excessiva de Elain e a agitação louca de Morrigan. Eu as amo, mas, no momento, só quero ver os meus Illyrianos voltarem intactos.

Eu inspiro e expiro profundamente para aliviar a tensão que se acumula em meu peito.

Canalha.

O pior de tudo é que, por causa de uma provocação de Rhys, a última coisa que Azriel e Cassian ficaram sabendo antes de partirem é que eu aceitei a ideia de Rhys sobre irmos para a cama juntos. Todos os quatro.

Não sei onde vou enfiar minha cara ao vê-los. Meu estômago revira, e eu respiro fundo numa tentativa de acalmá-lo. Eu nem sei se teria coragem de realmente fazer algo com eles.

Covarde.

A palavra surge na minha mente de forma invasiva e insistente até que desisto de ficar deitada. Levanto da cama e vou até a sacada. O vento fresco arrepia minha pele nua e meus mamilos endurecem contra o nada. Meus cabelos soltos fazem cócegas nas minhas costas conforme ando, e eu sorrio, lembrando-me da última vez que Rhys os puxou enquanto gemia meu nome.

Apoio-me no parapeito e encaro a vista de Velaris. As luzes brilham como sempre, parecendo estrelas no chão. O ar cheira a folhas e árvores, e, embora esta casa esteja bem longe, posso jurar que ouço o suave som de um violino. Olho para cima em busca das minhas tão amadas estrelas, mas não as encontro brilhando. O vento traz o cheiro forte de chuva e terra molhada, embora ainda não tenha caído uma gota sequer ao meu redor. Eu inspiro profundamente, sorrindo ao ver um relâmpago clareando o céu, mostrando as formas ocultas de nuvens acinzentadas, sendo logo seguido por um trovão. Velaris está em silêncio. A ameaça de uma tempestade faz com que todos resolvam ficar dentro de suas casas, o que resulta em ruas estranhamente quietas.

Sinceramente não me incomodo. Eu passei a gostar da quietude, sinto-me livre nela.

Livre de todos os olhares e julgamentos que já recebi, das ameaças de uma vida que eu não queria, de uma morte que era bem-vinda.

Chacoalho a cabeça para tentar mandar embora os pensamentos negativos que estão prestes a aparecer e foco no presente, em como minha vida é agora, no amor que sinto por Rhys.

Quero beijá-lo.

Quero tocá-lo.

Quero sentir seu corpo no meu.

Quero ouvi-lo gemer meu nome.

Meu interior se tenciona e aquece com a excitação que me percorre ao lembrar nossos momentos juntos. A nossa primeira vez, ambos completamente sujos de tinta.

Corte de Paixão e LuxúriaOnde histórias criam vida. Descubra agora