08

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No carro, ficamos quietos demais. Dava para perceber que ele estava abalado com a nossa pequena briga, e que queria matar Noah por ter falado comigo.

Eu me sinto meio dividida agora, porque o Noah nunca fez nada para o Josh, mas dá para ver que ele está realmente preocupado comigo. Nunca precisei pensar em escolher um homem, agora entendo a indecisão das garotas naqueles filmes clichês românticos.

Paro em um sinal vermelho e aproveito para vê-lo. Ele está sério com o seu olhar focado na sua janela da direita. Apenas para abafar o silêncio constrangedor, ligo o rádio, que toca "Heartbreak Anniversary". Eu gosto dessa música apesar dela ser triste.

- Essa música é boa. - quebro o gelo, incentivando ele a dizer algo.

- É. - ele diz, ainda observando a paisagem ao seu redor.

Essa é única coisa que eu falo durante toda a trajetória até a casa de Josh.

- Está entregue. - digo, parando o carro em frente à casa.

- Valeu pela carona. - ele disse, ainda sem me olhar.

Eu olho para ele, a fim de conseguir olhá-lo pela última vez no dia. O mesmo continua ali, parado, sem fazer nada.

- O que foi? - perguntei, com a testa franzida.

Tudo o que recebi em resposta foi um beijo desesperado, que fez com que o meu rosto fosse esmagado com o seu. Suas mãos seguravam o meu rosto e sua boca se movimentava rapidamente, pedindo para que eu fique e não me afaste. Retribuo na mesma intensidade, sem saber ao certo como chegamos a este ponto.

Eu nunca o vi beijando alguém assim, com tanta vontade, com tanta urgência. Esse beijo era diferente dos que tínhamos, ele tinha sentimento, uma mensagem a ser passada, e não era amor.

Era perdão.

Ele queria se desculpar de mim, talvez pela briga de minutos atrás. Sua língua pediu passagem e eu cedi, mantendo um ritmo mais lento entre nossas bocas. Até assim o seu beijo continua sendo viciante. Eu não tinha vontade de fazer nada erótico com ele, apenas queria ficar ali, o beijando e sentindo o seu gosto na minha boca.

A falta de ar se manifestou, então nos separamos obrigatoriamente. Eu estava exausta de tanto beijar, aquele foi um beijo longo, muito longo. Decido fechar os olhos, a fim de processar o beijo e o que ele quis transmitir através dele.

Abri os olhos, encarando seu profundo olhar azul sobre mim. Ele espera por algo, alguma reposta ou reação.

- Eu te perdoo. - sussurrei, dando um leve sorriso. Meu coração acelerou ainda mais quando notei que ele estava sorrindo para mim. Era um sorriso fraco, mas um sorriso verdadeiro.

- Se cuida. - ele disse, e virou-se para a porta do carro.

E ele se foi, me deixando sozinha e completamente confusa.

[...]

Chego em casa exausta. Muitas coisas aconteceram de uma vez só e eu mal tive tempo de organizar uma opinião sobre tudo. Aquele maldito beijo não saía da minha cabeça, e a pessoa que me beijou também. Em todo lugar parecia que tinha o rosto de Josh, porque tudo lembrava o loiro dos olhos mais lindos que eu conheci.

Eu estava vivendo algo tão diferente do que planejei e me sinto deslocada por isso. Eu gosto dessa ideia de viver as coisas de um jeito diferente, mas é absurdamente perigoso, porque eu posso acabar tomando a decisão errada.

A única coisa nessa história toda que eu não me arrependo foi de ter perdido a virgindade com o Josh. Por mais que isso tenha sido uma ótima escolha, ela me fez ter consequências terríveis como: sentir coisas que eu não deveria pelo Beauchamp, fazer com que ele se aproxime ainda mais de mim e gostar disso tudo.

NassyOnde histórias criam vida. Descubra agora