Prólogo

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"Meu chapéu é de palha,

Meu chicote de couro,

Minha espora é de prata,

Minha fivela de ouro.

Rodeio que eu mais gosto

É rodeio que tem touro.

Mulher pra ser bonita

Tem que ter cabelo louro."

(Anônimo)

Cinco anos atrás...

A estrada por onde a caminhonete percorria era boa, o asfalto bem tratado e a sinalização de segurança nova e visível, mas a chuva repentina resolveu castigar a visibilidade, era tanta água e vento que tornou impossível prosseguir em segurança.

O patrão deu ordens expressas para levar a mulher ao seu lado, que mais parecia uma boneca delicada, segundo seus pensamentos, entregá-la sã e salva no endereço indicado.

O peão não estava feliz com a tarefa, mas sempre foi um ótimo empregado, cumpria suas obrigações e era considerado um dos melhores funcionários da Fazenda Queiroz. Não seria um rabo de saia esnobe que lhe tiraria o juízo.

Ainda estavam longe do destino, voltar não era opção, já que estavam a mais de uma hora de Palomino, por isso decidiu encostar antes que algum acidente fosse causado. Ele se considerava um ótimo piloto, mas não poderia correr um risco desnecessário.

— Por que paramos no meio do nada? — A garota tirou os fones de ouvido, que colocou logo que entrou no carro.

— A moça não viu a tempestade que caindo? — Sua intenção era ser direto, nunca grosseiro, mas duvidava que as palavras saíram na entonação tranquila que lhe era costumeiro.

— Não sou cega. Claro que vi. Só não achei que isso lhe daria medo.

— Eu não tenho medo.

Lucio virou o rosto, que se mantinha atento ao para-brisa banhado pela torrente do lado de fora, encarou o perfil da mulher arrogante ao seu lado e conteve o impulso de segurar seu braço com força.

Ele nunca agrediu, sequer falou áspero, com uma mulher. Sua mãe sempre lhe ensinou a ser cortês, apesar de não ter uma irmã para exemplo, ela dizia que a forma como tratava as mulheres dizia muito a respeito do seu caráter.

E, se tinha algo importante para esse peão, era sua dignidade. Um homem batalhador, perdeu o pai muito cedo e se tornou esteio e apoio para a mãe, ao terminar os estudos básicos começou a trabalhar na fazenda que permaneceu até hoje.

— Então, siga viagem. Quero chegar à capital o quanto antes.

— Farei isso, assim que a chuva diminuir. — Sua resposta foi baixa, entredentes, na tentativa de conter a raiva que brotava em suas entranhas.

— Mas eu estou mandando...

Uai! Tu não manda em nada, não, moça! — O tom de Lucio subiu consideravelmente.

— Guilherme pode ser seu patrão, no entanto, está prestando um serviço a mim e isso leva a crer que...

— Que, se apressada, tome o volante — ele a cortou, com grosseria.

Sua paciência, que costumava ser abundante se liquefez com as atitudes autoritárias da moça ao seu lado. Evidente que em algum momento da vida já foi obrigado a lidar com pessoas como ela, esnobes e soberbas, que se julgam superiores a ele, porém, isso nunca o afetou tanto quanto agora.

— Tudo bem — Babi respondeu, com ar pedante, uma de suas sobrancelhas, muito bem-delineadas, arcou levemente, sem conseguir evitar o movimento.

Ambos se encararam sem nada mais dizer, o barulho da chuva batendo contra a lataria era a trilha sonora do embate formado. De um lado Lucio mantinha o rosto impassível, somente sua respiração acelerada denunciava a alteração raivosa.

Já Babi continuava com o cinismo, sabia que o comentário dele foi uma provocação aleatória, duvidava muito que de fato o peão lhe permitisse dirigir o carro embaixo do temporal.

Ela sabia do risco em prosseguir viagem nessas condições, mas não suportava mais se manter atrelada a qualquer situação que lembrasse seu ex-namorado. Por mais que Babi não o amasse com o fervor descrito por tantas pessoas, em seu íntimo tinha ciência de que ele a salvaria da vida fadada ao tédio que seu pai planejou.

— Não vai sair para eu tomar a direção? — Finalmente o silêncio foi quebrado por ela.

— Eu não vou tomar chuva por um capricho seu. Se quiser, dê a volta no carro — Lucio devolveu, em tom de provocação.

Deduzindo que a mulher jamais tomaria uma chuva daquelas, confiou que sua proposta seria recusada e ela não teria uma alternativa, a não ser, aceitar a condição de ficarem ali até ser seguro prosseguir.

— Tenho uma ideia melhor. — Lucio observou a mulher se mexer no banco e suas sobrancelhas se apertam, confusas.

Babi passou a perna esquerda para o lado dele, apoiou a mão no encosto do banco e moveu o corpo para cima do seu. Lucio, apavorado, afundou no banco, soltando alguns palavrões no processo.

— Passe para o outro lado, peão — ela decretou, enquanto ele estava imóvel.

— Sai de cima de mim, moça — Lucio bradou.

— Não estou em cima de você.

Os olhos de Lucio pairaram em sua anca, que tinha um contorno lindo naquela saia jeans que usava. Não reparou antes, mas as curvas da moça eram avantajadas e provocativas, tudo que um homem com sangue nas veias gostaria de ver em cima de si.

— Volta pro seu lugar! — Sua voz elevou, o tom mais rouco que o normal.

— Não! Saia você daqui e me deixe dirigir — rebateu, na mesma altura.

Tem base um negócio desses?

Na tentativa de acabar com a situação ridícula, Lucio segurou seus quadris com firmeza e a empurrou para o lado. A manobra poderia ser bem-sucedida se Babi não estivesse tão determinada a vencer aquele embate.

Para provar seu ponto, a loira atrevidamente soltou o corpo e caiu sentada no colo do peão. A cena seria constrangedora em qualquer cenário, por sorte, estavam a salvo no meio do nada e a tempestade servia de cortina para qualquer veículo que passasse por ali.

Lucio sentiu uma fisgada nas partes baixas, foi instantâneo, a irritação se transformando em excitação, seu membro cresceu exponencialmente, o que tornou impossível Babi não perceber.

— Você... — Ela girou o tronco para trás.

Uma escolha errada, se não queria aguçar ainda mais a libido do peão, já que agora seus seios estavam muito próximos do rosto de Lucio, a respiração quente que exalou da sua boca aberta atingiu a fina camada de tecido que separava seus bicos do contato direto.

Os olhos de Lucio cresceram à medida que a blusa denunciava o sinal entumecido da pele arrepiada de Babi. Ambos encararam a protuberância se formar e quando seus olhos se conectaram, a explosão aconteceu.

Uma noite que nenhum dos dois gostariam de lembrar, mas foi inevitável não deixar acontecer.


Tem base - O mesmo que "Pode uma coisa dessas?"

***

Ahhhhhhhhhhhhh COMEÇOUUUUUUUUUU!!!

[Degustação] Na Pegada do Cowboy - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora