Prólogo

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- alô, aff o que foi? - murmurei irritada - vocês têm que entender que eu já tenho 18 anos, eu faço o que quiser da minha vida! - virei mais um copo de whisky  - eu não ligo, tchau pai

Desligo o telefone em seguida e volto a dançar com as minhas amigas, bom, na verdade são só colegas de rolê. Tô aqui só de passagem mesmo, querendo aproveitar minha juventude. Mas meus pais são uns chatos, não conseguem compreender que eu cresci e não sou mais uma criança.

Já eram 01:20 da manhã, agora estou com um pessoal na praça aqui da cidade de San Francisco.

- gira essa garrafa aí - uma garota ruiva ordena a mim, acho que estavam jogando verdade ou desafio, eu estava totalmente embriagada, não sabia nada que estava acontecendo

- ah, beleza!!! - falo alto e giro a garrafa em seguida, parando em mim e um garoto

- eu pergunto - murmurou o loiro - verdade ou desafio?

- verdade, tô com preguiça de fazer porra de desafio - revirei os olhos

- bom... - suspira - é verdade que você já matou alguém? - franziu as sobrancelhas

- que direto ele hein, gostei - ri - mas não, não é verdade

- é verdade sim! - exclama uma garota ao meu lado - tá na cara que foi ela que matou o Bradley

- aquele moleque era chato pra um caralho, mas não foi eu que matei, ele apenas está desaparecido - dei de ombros. E sim, obviamente fui eu que matei, eu tinha meus motivos, mas não é bom ficar contando esse tipo de coisas para as pessoas.

- então tá, acredito em você mocinha - ele sorri sem mostrar os dentes e gira mais uma vez a garrafa, parando em uma menina aleatória

Escuto meu celular tocar sem parar, desbloqueio a tela e vejo 10 chamadas perdidas da minha tia. Pronto, além dos meus pais encherem o saco, minha tia também. Mas isso é estranho, porque ela nunca me liga. Melhor retornar.

- pessoal, vou ter que atender uma chamada aqui. Podem jogar sem mim

- são os contatinhos dela - a ruiva exclama e ri, enquanto me viro de costas pra atender a ligação

- alô, oi tia, o que foi? - paro por um segundo - O QUÊ?! O QUE ACONTECEU COM ELES? - grito o mais alto que posso e sinto minha garganta formar um nó - EU TÔ INDO AGORA - desligo a chamada e corro chamar um Uber, chegando até o hospital

Isso não pode estar acontecendo, meus pais foram baleados por assassinos. Pelo o que minha tia contou, meu pai e minha mãe estavam de carro indo me procurar, pra saber em qual balada eu estava, com quem eu estava, enfim, os assassinos atiraram neles e agora estou aqui nessa sala branca esperando por notícias.

Depois de uns 10 minutos, avisto de longe o médico vindo com uma prancheta em mãos. Me levanto do sofá e vou em direção a ele.

- como eles estão? eu quero ver meus pais

- senhorita Walker? - ele questiona

- sim, isso mesmo - afirmo com a cabeça e pude sentir a feição triste do médico

- olha, você vai ter que ser muito forte agora ok? - senti meu coração quase parar e engoli em seco - seus pais acabaram não resistindo e...

- não pode ser - tentei conter meu choro mas não consegui, em poucos segundos estava em um mar de lágrimas, minha cabeça não conseguia processar essa informação - moço não é possível, e-eu nem me despedi deles e...

- a vida é um sopro, querida - ele pôs sua mão em meu ombro tentando me confortar - eu sinto muito - ele se vira e segue até seu posto de trabalho

Agora me explica, como eu vou falar para a minha irmã de 6 anos que ela acaba de perder os pais? E como vai ser daqui pra frente? Mesmo eu tendo 18 anos, eu morava com eles.

Pronto, agora estou órfã, não fui uma boa filha, desobedeci, não pedi desculpas a eles, não falei que os amava, não fiz nada. Absolutamente nada.
Sinto minha garganta dar um nó, minha cabeça doer muito, meu coração mais ainda.

- Sophie você não presta pra nada mesmo, tudo isso é culpa sua, ridícula, insuportável! - grito comigo mesma e fecho os punhos, enquanto lágrimas percorrem meu rosto - Eu simplesmente me odeio

Ah mas isso não vai ficar assim não, eu vou caçar quem que fez isso com eles. Os mataram injustamente! Vou até o inferno procurar quem foi desgraçado que fez isso.

Too Late - Billie EilishOnde histórias criam vida. Descubra agora