ESPECIAL (bônus - parte II)

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Se Harry pode ver alguma coisa positiva nisso tudo, é que Louis não deixou sua aliança em cima da mesa antes de sair. Considerando que é tudo culpa sua, Harry enxerga isso como sinal de que ainda não estragou tudo.

Ele sabe que Louis não iria terminar o noivado por uma briguinha dessas, mas Harry ter insinuado que ele deveria se casar sozinho não foi exatamente uma demonstração de entusiasmo com o evento.

Por mais que esteja estressado, Harry não quer desistir da cerimônia de casamento e da festa que darão depois. Mesmo que soe fútil e desnecessário, eles querem celebrar, porque não se encontra casais como eles com frequência, porque eles estão felizes

Olhando uma última vez para o painel de lugares, Harry deixa a cozinha.

[...]

Harry organiza seu dia de modo a terminar tudo que precisa fazer antes da hora. Por mais que odeie atropelar as coisas e fazer correndo, ele decide correr o risco de ter que revisar sua pesquisa novamente, apenas para não carregar o peso de não fazer nada antes de sair mais cedo.

É claro que ele poderia esperar Louis chegar em casa, afinal de contas, foi só uma briga idiota, mas a cama vazia e a saída rápida de Louis deixaram ele se perguntando se teve algo que ele não viu.

Apesar de conhecer Louis como se fosse parte dele, às vezes ele não é atento o suficiente.

E há a questão da culpa também.

Sem dizer nada a ninguém, Harry sai mais cedo e dirige até onde Louis trabalha, um prédio simpático de dois andares. Assim que entra, a recepcionista sorri para ele.

— Boa tarde, Harry, Louis está lá em cima, na copa.

— Obrigado, Vanessa — responde ele indo em direção as escadas, em um caminho que ele conhece bem.

O corredor é longo e a maioria das portas estão fechadas. Harry caminha com passos lentos e suaves, não querendo incomodar ninguém. Durante alguns dias da semana, Louis trabalha ali como psicólogo, nos outro ele fica na faculdade, estudando e realizando pesquisas.

A copa fica na última sala do corredor, a porta está aberta e a voz baixa de Louis chega ao corredor.

— Então vocês terminaram? — Questiona alguém, seu tom de voz curiosamente esperançoso. É bem óbvio o interesse de Daniel, colega de Louis, em Harry, mas ele não esperava que ele fosse deixar transparecer tanto assim na frente de seu noivo. É engraçado.

— Não, foi só uma discussão — responde Louis, se notou alguma coisa, não é possível dizer por seu tom de voz.

Harry para próximo a porta, curioso demais com o rumo da conversa para interrompê-los.

— Ah, entendi — disse Daniel um segundo depois —, acho que isso não significa nada, mas me avise se Harry mudar de ideia — adiciona com o tom de voz triste, como se estivesse apenas interessando em ser o ombro amigo de Louis. Harry abafa uma risada. — Para que eu possa ajudá-lo com alguma coisa — adiciona rapidamente.

— Ele não vai — disse Harry entrando na copa, surpreendendo os dois. Louis o encara com um misto de surpresa e curiosidade, Daniel fica vermelho e com a boca meio aberta.

— Harry, oi! Quer chá? — Oferece Daniel apontando para o fogão e observando o eletrodoméstico como se ele fosse ligar sozinho.

— Não, obrigado, vim apenas conversar com Louis por um momento e já estou indo embora — responde ele suavemente, ainda querendo rir da conversa que acabou de ouvir.

— Vou deixar vocês conversarem — diz Daniel sorrindo brevemente, provavelmente esperando que os dois terminem o noivado ali mesmo.

Eles escutam os passos de Daniel se afastando em silêncio, sem se encarar.

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