Capítulo Treze - Tangível

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Harry só parou de andar quando chegou na Livraria das Corujas. Ele espiou lá dentro e procurou por Louis, varrendo a loja com o olhar ansioso, de um lado ao outro. Por fim, ele empurrou a porta de vidro e entrou, sorrindo quando Jo percebeu sua presença e acenou animada para ele.

— Boa tarde, querido, como vai? — Perguntou com um sorriso, enquanto embalava a compra do cliente à sua frente.

— Eu... — começou Harry, hesitando ao mentir e dizer que estava bem. Por outro lado, queria evitar perguntas, de modo que decidiu por mudar de assunto. — Louis está? Eu preciso falar com ele — disse ele enfiando as mãos nos bolsos para disfarçar — é urgente — acrescentou sorrindo nervosamente, se arrependendo no mesmo segundo.

Jo franziu o cenho e entregou a sacola ao cliente, antes de se virar para Harry.

— Louis não está aqui agora — respondeu ela —, você quer esperar por ele? Parece importante.

Quais outras opções ele tem? Harry não sabe onde nenhum dos meninos moram. Seu celular ficou dentro da mochila, nem um casaco ele trouxe, tudo que tem é o blazer da escola que não teve tempo de tirar.

— Você pode esperar por ele no telhado — sugere Jo sorrindo suavemente.

— Vou subir, então. Obrigado — agradece antes de se afastar, indo diretamente para o telhado a fim de evitar perguntas.

A porta do telhado está aberta e Harry olha por cima do ombro antes de entrar, para se certificar de que nenhum cliente está prestando atenção nele.

O lugar está exatamente igual a primeira vez que Harry esteve ali — bagunça de almofadas e cobertores cobrindo uma parte do chão. Apesar de ter feito sexo com Louis em cima daquelas mesmas almofadas, ele não se sente muito à vontade para se sentar, ao invés, Harry se aproxima do parapeito e observa a vista.

Ele olha através do horizonte e se pergunta como seria a vida longe de seus pais, em um lugar tão distante que seria capaz de esquecê-los assim como seu pai se esqueceu dele.

É mesquinho pensar algo assim em relação a sua mãe, e ele sabe, mas no fundo Harry não consegue evitar desejar, imaginando como seria. Tudo fica ainda pior quando ele percebe que as diferenças seriam mínimas.

Ser muito independente o deixou assim, repete incontáveis vezes para si mesmo.

Por fim ele decide se sentar, mas quando chega aos cobertores decide se deitar, cobrindo-se com o edredom localizado no topo da pilha.

Mesmo deitado, Harry consegue ter um vislumbre do sol se pondo. Quando a estrela some, ele é deixando com o céu tingido de laranja e rosa e, sem conseguir evitar, adormece.

[...]

A porta se abrindo desperta Harry, mas ele não abre os olhos, apenas se afunda nos cobertores e espera, tentando adiar o momento.

Os passos de Louis são suaves, quase inaudíveis, como se ele estivesse pisando leve para não o acordar. Ele se senta ao seu lado e passa a mão por seus cabelos antes de balançar com delicadeza o ombro de Harry.

— Cheguei — anuncia ele beijando a bochecha de Harry —, vamos, acorde, o chocolate está esfriando.

Harry se vira para ele e abre os olhos tentando ignorar o beijo na bochecha, mesmo que o local pareça estar pegando fogo. Enquanto desperta, ele encara Louis, notando a preocupação em seus olhos.

— Acordei quando a porta abriu — murmura Harry se sentando.

Ele não faz a mínima ideia do porquê disse aquilo. Talvez para mostrar a Louis que ele sentiu o beijo, mas, ao mesmo tempo, não precisam falar sobre isso.

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