O5.

114 20 25
                                    


O5

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

O5. O BUNKER

❛ i thought it was destiny


OS SENTIDOS DE MÄELIA voltaram à normalidade em uma lentidão dolorosa. A consciência da garota foi recobrada gradualmente, e mesmo depois de acordada, demorou para que a escuridão absoluta sumisse diante de seus olhos. Percebeu-se deitada sobre uma superfície desconhecida. Tateou o que quer que estivesse embaixo de si, e embora não fosse completamente confortável, ainda era melhor do que o banco rígido de madeira do parque de Duluth, onde permaneceu por três longos dias.

Sua visão ainda estava parcialmente bloqueada por uma espécie de tecido grosso e rudimentar que, segundos depois, constatou cobrir toda sua cabeça. Resquícios escassos de luz conseguiam penetrar nos buraquinhos espalhados pelo estofo, em quantidades ínfimas. Ela sentiu um frio paralisante se espalhar por todo o seu ser ao se recordar dos recentes acontecimentos.

Moveu a mão direita com cuidado, tentando não fazer nenhum barulho. Usou as unhas para beliscar o pulso esquerdo, para ter certeza de que não estava presa em um sonho esquisito e inexplicável. Infelizmente, toda a situação exibia-se verdadeira.

Ela mordeu o lábio inferior com força para evitar um gemido quando um brusco solavanco atingiu-a inesperadamente. Sentiu uma leve ardência ao tocá-lo com a ponta da língua instantes depois, o gosto metálico de seu sangue tomou conta de sua boca. Um zumbido fraco e estranhamente acalentador fazia-se presente e, tirando isso, o silêncio era dominante. Mäelia imaginou que estivesse presa dentro de um carro.

— Estamos chegando — Ouviu a voz de Bobby dizer. — Acho melhor dar um jeito de acordá-la de uma vez.

Ele pareceu se mexer para cutucá-la, porém Mäelia não sentiu o toque dele em seu corpo. Pelo tecido bege, ela conseguiu visualizar a sombra muito precária de dois braços entrelaçados, um impedindo a movimentação do outro.

— Ainda não — respondeu a mulher ao seu lado. — Vou enviar uma mensagem para o bunker, perguntar se está tudo pronto.

— Contaram algo a ele? — Bobby perguntou. — Falaram com Jack?

— Não. Sam e eu decidimos que era melhor manter o segredo até que chegássemos — explicou.

Bobby não respondeu e Mäelia deduziu que ele apenas havia concordado com um gesto silente.

— O que você acha dessa história toda, Mary?

Demorou certos instantes para que Mary — finalmente tinha descoberto o nome dela — respondesse. Por fim, ela suspirou audivelmente, como se estivesse cansada.

— Ela me parece apenas uma menina assustada. Mas sabemos que as aparências podem enganar — falou arrastadamente. — Kipling não parecia ser o único atrás dela. Ainda que esteja morto agora, tenho a impressão de que... — Ela procurou pelas palavras certas. — Isso, está longe de acabar.

echo ● j. klineOnde histórias criam vida. Descubra agora